segunda-feira, 27 de junho de 2016

Comissão do Impeachment ouve esta semana últimos depoimentos da defesa de Dilma

Os últimos depoimentos de testemunhas de defesa da presidenta Dilma Rousseff e a entrega dos laudos de perícia sobre os documentos que embasam o processo vão marcar o início da semana no Senado Federal. Para esta segunda-feira (27) está prevista a entrega dos laudos. Na terça-feira (28), os senadores devem apresentar pedidos de esclarecimento sobre pareceres técnicos.

Brasília - Ministro da Defesa, Aldo Rebelo, detalha atuação das Forças Armadas nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

O ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, será ouvido pela comissão na terça-feiraFábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Também amanhã os membros da comissão ouvirão os depoimentos do ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, hoje deputado Patrus Ananias (PT-MG), e dois ex-subordinados seus na equipe do ministério: a ex-secretária executiva Maria Fernanda Ramos Coelho e o ex-diretor do Departamento Financeiro, João Luiz Gaudagnin.

Na terça-feira será a vez dos senadores ouvirem os depoimentos dos ex-ministros da Defesa, Aldo Rebelo, e da Advocacia Geral da União, Luiz Inácio Adams, e ainda do representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Antônio Carlos Rebelo, para análise de créditos suplementares.

Os depoimentos terminarão na quarta-feira (29), com mais três testemunhas cujos nomes ainda não foram divulgados. Enquanto os depoimentos prosseguem, os peritos trabalharão para se manifestar sobre os pedidos de esclarecimentos dos senadores. Eles devem entregar as respostas na sexta-feira (1º).

A partir daí, começa a contar o prazo de 48 horas para os assistentes de defesa e acusação entregarem suas versões sobre a perícia, de modo que, na semana seguinte, seja possível realizar audiência com todos os envolvidos no trabalho.

Votações

No plenário, os senadores deverão concluir a votação do projeto de lei que atualiza a tabela do Supersimples, com análise de alguns destaques ao texto principal, que já foi aprovado na última semana.

Antes disso, os senadores precisarão destrancar a pauta votando a MP 713, que reduz o Imposto de Renda retido na fonte para remessas ao exterior de até R$ 20 mil e até isenta do imposto quando essas remessas forem para fins educacionais ou culturais.

Outra MP que tranca a pauta é a 714, que permite o capital estrangeiro sobre empresas aéreas brasileiras. O texto promete gerar debate e certa polêmica no plenário, porque os deputados retiraram o limite de 49% para participação estrangeira, o que, na prática, significa que as companhias poderão ser totalmente vendidas a empresas internacionais.

Há ainda a chance de que, se houver quórum e acordo, seja votada a proposta de emenda à Constituição (PEC) do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que estabelece o pagamento de adicional de periculosidade a agentes policiais. Pelo texto, receberiam o benefício os policiais federais, rodoviários federais, ferroviários federais, civis, militares, além dos bombeiros.

Outros temas podem entrar em pauta se forem definidos por acordo em reunião de líderes.

 

Agência Brasil

 

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Boi vencedor do Festival de Parintins será conhecido hoje

 

Bianca Paiva - Correspondente da Agência Brasil

Depois de três noites de festa, emoção e superação, o boi vencedor da 51ª edição do Festival de Parintins será anunciado hoje (27). A apuração das notas dos sete jurados está marcada para as 11h, horário local, no bumbódromo. Foram três dias de festa, com o bumbódromo cheio.

A diversidade cultural da amazônia foi representada na arena com alegorias, músicas, personagens, iluminação e vestimentas. A terceira e última noite ficou prejudicada por causa da crise econômica, que deixou o festival sem as verbas do governo do Amazonas. As alegorias das duas primeiras noites foram reaproveitadas e apenas 7, dos 21 itens, foram avaliados.

No entanto, o Festival da Superação, como foi chamado este ano, não deixou nada a desejar para quem conferiu e organizou as apresentações.

Saiba Mais

O boi que leva uma estrela na testa, o Caprichoso, homenageou a cidade que é berço do festival, com o tema Viva Parintins. Em cada noite, a ilha tupinambarana foi enaltecida, um dia ressaltando seu folclore, em outro a floresta e, por último, o seu povo. O bumbá azul encerrou as duas primeiras noites e fez a abertura do último dia do evento nesse domingo (26).

Joilto Azêdo, presidente do Boi Caprichoso, que fez a abertura da última noite, avalia que a apresentação desse domingo superou as anteriores pela emoção. “O Caprichoso fez nos dias 24 e 25 duas grandes apresentações com os 21 itens. Hoje, novamente, o Caprichoso, apesar de só ter sete itens que disputava, fez uma evolução tão boa quanto ns dias 24 e 25, até porque precisávamos que a nossa galera se emocionasse, como se emocionou hoje. A gente precisava fazer essa grande apresentação. Nós temos a certeza, e com a ajuda de Deus, nós vamos ter esse bi tão sonhado”, afirmou Joilto.

A emoção também foi a marca da última apresentação do bumbá vermelho, o Garantido. O boi que carrega um coração na testa, celebrou os antepassados, a tradição e a fé do povo de Parintins e o folclore da Amazônia. Para o representante do Comitê de Arte do Garantido, Fred Góes, a arte superou a crise econômica.

“Eu acho que a crise econômica não tem nada a ver com arte. A arte não pára. A arte, com dinheiro ou sem dinheiro, tem que ser executada. A verdade é essa, a arte vem da alma. O dinheiro vem da força do trabalho, que é válido, mas a arte é feita com a alma, ela vem do coração. Então, essa arte não pode sucumbir a qualquer pressão econômica”,

O Festival Folclórico de Parintins foi encerrado com a apresentação do Boi Garantido por volta da 1h30 de hoje.

 

Agência Brasil

 

Governo entrega mais 4.626 imóveis para famílias do Rio de Janeiro

 

Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Entrega das chaves de mais de 4 mil moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, nas zonas Norte e Oeste da cidade, em evento no Centro Esportivo Miécimo da Silva (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Solenidade de entrega das chaves de mais de 4 mil moradias do programa Minha Casa, Minha Vida nas zonas norte e oeste do Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil

O governo federal entregou hoje (26), na zona norte do Rio de Janeiro, 4.626 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida. Este foi o maior número de residências já entregue de uma só vez no estado. Até o fm do ano, o número de unidades entregues chegará a cinco mil imóveis.

A solenidade de entrega das chaves ocorreu no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, e foi presidida pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, para quem o ato é a garantia do governo federal de que o programa segue firme, apesar da troca de comando do Executivo.

Com investimentos que ultrapassam os R$ 207 milhões, os empreendimento contam com rede de água, esgoto, drenagem, energia elétrica, iluminação publica pavimentação e urbanização, além de áreas de lazer e unidades adaptadas para pessoas portadoras de deficiência.

“Esta solenidade é uma demonstração de que o Minha casa, Minha vida segue firme. É uma das maiores entregas já feitas de uma só vez no país. Ela vem com a certeza de que retomamos as obras de construção de mais de 70 mil obras paralisadas pelo governo anterior. Teremos ainda mais um volume expressivo de entregas de residências no estado até o fim do ano. Serão mais cinco mil unidades”.

As unidades habitacionais entregues hoje se destinam às pessoas com renda familiar mensal de até 1,6 mil e devem beneficiar, segundo cálculos do próprio Ministério das Cidades, cerca de 17 mil pessoas, que passaram a ter a sua casa própria.

As unidades estão localizadas nos bairros de Campo Grande e Santa Cruz, na zona oeste da cidade, e na Pavuna, na zona norte. Na na próxima semana mais cerca de 500 unidades estarão sendo entregues nas localidades de Botafogo 1 e 2, em Costa Barros, na Pavuna.

Rio de Janeiro - Secretário municipal de Habitação e Cidadania, Sérgio Zveiter, durante entrega de moradias do programa Minha Casa, Minha Vida (Fernando Frazão/Agência Brasil)

O secretário Sérgio Zveiter infrormou que as demais unidades serão entregues na próxima semanaFernando Frazão/Agência Brasil

Contempladas

Entre as 4.426 famílias beneficiadas estava a de Inácia Ferreira da Silva, de 75 anos. Acompanhada de filhos e netos, ela era só alegria. “Graças a Deus. Só Jesus para me dar esta sorte. Foi com sacrifício e, somente aos 75 anos, tive direito à casa própria. Fiz a inscrição em Santa Cruz, botei fé e fui fui chamada. Agora estou aqui, onde fui muito bem recebida”, comemorou.

Moradora de Santa Cruz, Inácia foi contemplada com uma casa na localidade conhecida como Lote 14, no mesmo bairro da zona oeste. Igual sorte teve Cristiane Magalhães, 39 anos. Mãe solteira, com filhos já criados e todos na casa dos 16 aos 19 anos, ela disse à Agência Brasil de sua felicidade ao ser contemplada com uma casa na Estrada de Campinhos, também em Campo Grande.

“Estou mesmo muito satisfeita. Fiz a inscrição já tem tempo, mas estava aguardando com paciência. Não perdi a fé. Agora já posso dizer que a espera valeu a pena. Já tenho minha casa própria e estou saindo do aluguel”, afirmou.

Entre as mais de duas mil pessoas que estiveram no Centro Esportivo, Cristiane Magalhães, de 39 anos, filha ao colo, era só protesto.

“A gente assinou o contrato de compra. Estamos aqui e, na hora de pegar a chave, nada: não fomos contemplados. E isso depois de seis anos esperando para poder receber a casa. Ficamos aqui sem ninguém explicar nada”, protestou Cristiane.

Moradora da Pavuna, Cristiane era uma das cerca de 500 famílias que terão de aguardar para receber as chaves na próxima semana. Cristiane e as demais famílias protestaram ao lado do secretário municipal de Habitação e Cidadania, Sérgio Zveiter.

“O problema é que essas pessoas que estão gritando ainda não foram chamadas. Pelas normas da Caixa Econômica, o imóvel só pode ser entregue quando 80% do conjunto onde está localizado já foi completado e este não é o caso das localidades de Botafogo 1 e 2”, informou o secretário.

Rio de Janeiro - O ministro das Cidades, Bruno Araújo, após entregar mais de 4 mil moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, nas zonas Norte e Oeste da cidade (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Conforme Bruno Araújo, o governo entregará um milhão de residências até o fim do mandato de TemerFernando Frazão/Agência Brasil

“Com isso, a Caixa quer evitar problemas futuros, porque se todos ou a maioria dos imóveis não foram ocupados de uma vez haverão invasões e depois vira um problema na Justiça para a reintegração de posse”, justificou Zveiter.

“As cerca de 600 unidades de Botafogo 1 e 2 serão entregues na próxima semana. Quem já escolheu já sabe até o número do apartamento. Quem não escolher até lá ficará sabendo ou terá de esperar outra ocasião. Mas todos os que se inscreveram e vieram confirmar esta inscrição serão contemplados”, garantiu.

Investimentos

De acordo com o ministro Bruno Araújo, desde 2003 o governo federal mantém, por meio do Ministério das Cidades, uma carteira de investimentos de R$ 55,18 bilhões somente no estado do Rio de Janeiro. Desse total, R$ 17,2 bilhões se destinam à contratação de 226.242 unidades habitacionais do Minha Casa, Minha vida.

Na cidade do Rio de Janeiro, o montante é de R$ 34,69 bilhões, sendo R$ 6,27 bilhões para contratação de 83,8 mil unidades. Em todo o país, os valores ultrapassam R$ 572,11 bilhões, com a contratação de mais de quatro milhões de unidades habitacionais.

Moradias

Araújo adiantou que o governo federal pretende entregar um milhão de residências até o último dia de mandato do presidente Interino Michel Temer, em 31 de dezembro de 2018, caso o Senado Federal confirme o afastamento da presidenta Dilma Rousseff.

Conforme o ministro, o governo pretende lançar um novo programa para investir no melhoramento das condições das residências em todo o país.

“A ideia é permitir que as famílias promovam melhorias em suas habitações que estiverem em condições precárias (reforma de teto, reboco, foça sanitária e ampliação), de modo que se possa dar melhor condições de moradia aos dependentes e familiares”, acrescentou o ministro, sem detalhar o programa.

 

Agência Brasil

 

Evento em Brasília começa a discutir nesta segunda desafios da água

 

Andreia Verdélio - Repórter da Agência Brasil

Cidade Nova - Bombas submersas, fazem a transposição, bombeamento de água para abastecer áreas de plantio dos produtores do Lago de São Vitor (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Para o presidente do Conselho Mundial da Água, a falsa sensação de que temos água em abundância no país dificulta a conscientização das pessoas e a adoção de políticas para evitar o desperdícioArquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O acesso a água potável como direito humano, gestão compartilhada de recursos hídricos, qualidade da água dos rios e redução da pobreza serão alguns dos temas do evento de lançamento do 8º Fórum Mundial da Água, que acontece em Brasília a partir desta segunda-feira (27). A capital federal foi escolhida para sediar o evento mundial em março de 2018, uma iniciativa do Conselho Mundial da Água e dos governos federal e do Distrito Federal.

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, informou que o evento de preparação reunirá cerca de 500 participantes de diversos países, que colocarão suas ideias a respeito dos temas envolvendo os recursos hídricos pelo mundo.

Segundo ele, o fórum é um espaço aberto para muitos atores, chefes de estado e governo, ministros, parlamentares, academia, setor privado e organizações não-governamentais.

“O fórum é organizado a cada três anos, tendo um país hospedeiro. Ele procura motivar a classe política para os desafios e usos múltiplos da água para produzir alimentos, gerar energia, navegação, questão do saneamento e acesso a água potável por todos. Esses temas precisam chegar até as autoridades tomadoras de decisão para que se possam encaminhar soluções para os problemas que enfrentamos”, disse Benedito.

Financiamento

Conforme Braga, as mudanças climáticas ou da variabilidade do clima se manifestam diretamente no setor hídrico, trazendo secas mais longas e enchentes mais densas, que devem ficar mais frequentes. “Temos de nos tornar mais resilientes. Temos de voltar os olhos para a adaptação. Como nos adaptamos? Construindo mais infraestrutura hídrica, barragens e reservatórios para situação de seca, de modo que a população possa depender dessa água armazenada”, acrescentou.

O presidente do conselho esclareceu que o setor de recursos hídricos estará presente na 22ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 22), no fim deste ano, no Marrocos, para influenciar os negociadores do clima a mudar um pouco o foco da mitigação e da questão das emissões de carbono. “Que uma parte do Fundo Verde de US$ 200 bilhões seja destinada para que as populações se tornem mais resilientes.”

Segundo ele, da mesma forma, custará muito caro para se alcançar a meta seis dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que é ter, até 2030, água limpa e saneamento para todos. “Mas temos de colocar um objetivo para motivar quem toma decisão a alocar recursos para o setor”, argumentou.

Benedito Braga disse ainda que existe um potencial de conflitos entre países pela água. “O Nilo, por exemplo, é um rio que corre por nove países africanos e já existe tensão entre Etiópia e Egito sobre a quantidade de água que será mantida a partir de um reservatório na Etiópia. Os rios Tigres e Eufrates são um problema para Turquia, Iraque e Síria”, destacou.

O presidente do Conselho Mundial da Água adiantou que, durante o fórum, serão apresentadas boas experiência de políticas de compartilhamento da água, como, por exemplo, o Rio Paraná e o Lago de Itaipu, compartilhado entre Brasil e Paraguai.

Disponibilidade hídrica

Benedito Braga disse que a chance de ocorrer uma crise hídrica na Região Sudeste, como em 2014, é pequena. Por outro lado, o Nordeste enfrenta o quinto ano seguido de seca. “O problema lá é muito sério. Para resolver isso, teremos de fazer um trabalho em duas direções: aumentar a disponibilidade da água e promover seu uso racional, que foi o que fizemos em São Paulo, com obras de transposição e incentivos econômicos para a população consumir menos.”

Para Braga, não existe uma solução única. Ele afirmou que, em alguns casos, é possível fazer o reúso e a dessalinização, mas não é o caso do Nordeste. “Precisa sim trazer água de mais longe. Tem de fazer obras e incentivar usos eficientes”, informou, lembrando que a Arábia Saudita faz a dessalinização para produzir alimento no deserto porque tem “óleo para queimar”.

Conforme Benedito Braga, a falsa sensação de que temos água em abundância no país dificulta a conscientização das pessoas e a adoção de políticas para evitar o desperdício. “No Sudeste, precisou ocorrer uma seca daquele porte para que as pessoas repensassem o uso da água”, concluiu.

 

Agência Brasil

 

 

"Não se pode deixar os políticos muito confortáveis"

Por Márcio Juliboni

Luiz Cezar Fernandes, fundador do antigo Pactual, embrião do atual BTG Pactual, acha que o mercado não pode se contentar com a sinalização positiva do governo. A pressão sobre os políticos deve continuar, a fim de que as reformas estruturais sejam feitas. Fernandes também vê com preocupação a capacidade de o governo atrair investidores, a situação dos produtores rurais e a oferta de crédito no país.

A seguir a entrevista que ele deu a O Financista:

O Financista: Como o senhor avalia as primeiras medidas do governo Temer? Elas são mesmo suficientes para mudar o humor do mercado?

Luiz Cezar Fernandes: A sinalização positiva do governo apenas começou. Devemos aprovar o teto para os gastos públicos, passar a reforma da Previdência -- e, se der, também aprovar a reforma trabalhista. Acho que é um pouco prematuro para o mercado comemorar. Meu medo é que esse otimismo passe um sinal errado aos políticos: o de que, como todo mundo está gostando, já está bom o que se fez até aqui. Falta muito caminho apara ficarmos bem. Quando os economistas começam a dizer que as medidas são ótimas e a confiança está voltando, o político relaxa e não faz o que é necessário. É preciso um pouco mais de “terrorismo”. Não se pode deixar os políticos muito confortáveis. Eles precisam de mais pressão.

O Financista: Até agora, qual foi a decisão mais acertada do governo?

Fernandes: Reduzir os riscos da dívida pública. Neste momento, é o mais essencial. Se o governo conseguir mesmo limitar os gastos públicos já será muito bom. O segundo passo é a reforma da Previdência, que está 50 anos atrasada. O governo poderia ter tratado disso há dez anos, quando havia popularidade e força política, mas não quis. Além disso, havia o bônus demográfico. Agora, estamos perdendo o bônus e está mais difícil, politicamente, fazer a reforma.

O Financista: Há uma preocupação com o impacto da dívida de grandes empresas sobre os bancos: Oi, Sete Brasil, Odebrecht etc. Quanto essas dívidas corporativas atrapalham, efetivamente, a oferta de crédito?

Fernandes: O crédito já estava pressionado. A Oi foi apenas a gota d’água. Se você olhar as recuperações judiciais que vieram antes, formam um volume expressivo de dívidas. E elas já vinham acelerando. Os bancos só podem oferecer crédito para pessoas, governo ou empresas. As pessoas físicas já estavam muito endividadas e pressionadas com a queda da renda e com o desemprego. Agora, discretamente, os bancos estão passando os títulos públicos para os fundos de pensão. Se você pegar o volume desses títulos em poder dos fundos, é bem grande. Então, só resta para os bancos o crédito consignado ou o corporativo. O crédito consignado é para pessoa física. Não adianta nada concedê-lo a funcionários públicos ou pensionistas que não recebem o seu salário ou benefício do Estado. Sem falar dos governos que descontam a parcela de consignado do funcionário, mas não repassam para o banco. O crédito privado enfrenta o problema das recuperações judiciais. Acho que os bancos estão numa situação bem difícil. Eles não têm muito para onde correr. Acredito que a contração de crédito vai continuar.

O Financista: Tudo isso afasta os investidores que poderiam disputar essas concessões?

Fernandes: Eu converso com muitos investidores e operadores estrangeiros. Eles não estão entusiasmados em vir para o Brasil. Não estão felizes com o cenário local. Os aeroportos, por exemplo, que eram vistos como um bom negócio, apresentam sérios problemas. Quem poderia assumir esses projetos não quer vir. Quase todos os espanhóis quebraram. Franceses, americanos... Eu não sei quem viria. Talvez isso anime investidores asiáticos, como Cingapura, mas os chineses também enfrentam problemas. A China está com problema de crédito, liquidez... O banco central do país está ajudando os bancos para não quebrarem.

O Financista: Então as concessões, que são a principal bandeira do governo, podem não decolar?

Fernandes: Se o governo não determinar a taxa interna de retorno, eu acho que os fundos e investidores mais agressivos talvez venham. Empresas como a BlackRock e a Elliot, quero dizer. Então, eu diria que o mercado de capitais pode vir, mas os operadores estratégicos são mais difíceis. Agora, é aquilo: esses fundos estão dispostos a correr mais riscos, mas também querem taxas de retorno melhores. 

O Financista: Há algum setor ou empresa que o preocupe? Que possa representar um grande risco nos próximos meses?

Fernandes: Eu acho que um setor com problemas gravíssimos é o agropecuário, principalmente os produtores de grãos. Eles acumulam dívidas altíssimas. Na faixa entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões de dívida, há uns dez produtores. E isso é preocupante, porque a agropecuária é o setor que puxa a economia. Ninguém olha para essas dívidas, porque há essa impressão de que a agricultura vai bem. Mas olhe a quebra de 60% da safra na região do Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia). Ninguém aguenta uma quebra como essa. Você compra sementes e fertilizantes contando com a colheita de 100% da safra. Aí, precisa bancar tudo com apenas 40%, porque o resto foi perdido. Quando essa situação estourar, vai vir tudo de uma vez.

O Financista: Isso vai pressionar ainda mais o Banco do Brasil, que é o maior em crédito rural?

Fernandes: Os grandes produtores não pegam tanto crédito no Banco do Brasil. Eles pegam muito dinheiro de bancos estrangeiros que têm operações por aqui. E também de bancos no exterior. Agora, pense: o dólar subiu muito, mas, mesmo que o preço dos grãos suba com a quebra da safra, não será suficiente para cobrir o buraco.

 

 

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Ex-prefeito de Londres prepara campanha para substituir David Cameron

 

Da Agência Sputnik Brasil

O ex-prefeito de Londres, Boris Johnson, já começou a preparar a campanha para a liderança do Partido Conservador com o objetivo de substituir David Cameron, que anunciou sua saída na sexta-feira (24), após o Brexit.

Segundo o jornal Telegraph, Johnson e sua principal rival, a ministra do Interior, Theresa May, anunciarão seus planos nesta semana.

“Boris Johnson recebeu vários membros do parlamento em sua casa hoje (26), já que  prepara a campanha para assumir a liderança”, afirmou o jornal. A publicação escreveu também que May já formou um time para concorrer à liderança do partido.

Um comitê de integrantes conservadores do Parlamento se reunirá amanhã (27) para estabelecer as regras de escolha do líder do partido. A votação acontecerá em setembro.

 

Agência Brasil

 

Turquia critica Papa por comentários sobre genocídio armênio

 

Da Agência Ansa

As declarações do papa Francisco durante sua visita à Armênia, que definiu como "genocídio" o massacre dos armênios em 1915, foram classificadas pelo vice-premier da Turquia, Nurettin Canikli, como "lamentáveis". Ele disse ainda que a fala indica a persistência da "mentalidade das Cruzadas".

"Não é um ponto de vista objetivo, que corresponda com a realidade", acrescentou. "É possível observar todas as marcas e reflexões características da mentalidade das Cruzadas nas atividades do Papa", concluiu.

Saiba Mais

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, respondeu dizendo que o Papa "não faz cruzadas". "Se escutarmos ele, veremos que não há nada que evoque um espírito de cruzada. Sua vontade é construir pontes, ao invés de muros. Sua intenção real é construir as bases para a paz e a reconciliação", disse, em coletiva de imprensa. "Francisco rezou pela reconciliação de todos, não pronunciou nenhuma palavra contra o povo turco", acrescentou o representante católico.

No primeiro dia de sua visita oficial à Armênia, na sexta-feira, Francisco não se intimidou em usar a palavra "genocídio" para se referir ao extermínio de armênios pelo Império Otomano há cerca de um século, mesmo sabendo que o vocábulo poderia desencadear um mal-estar diplomático com a Turquia, como já ocorreu no ano passado.

A Santa Sé não previa o termo "genocídio" nos discursos de Francisco, porém o líder católico não quis renunciar à palavra e a pronunciou em alto e bom som, na capital Erevan, dentro do Palácio Presidencial e diante das autoridades armênias. Além disso, o Pontífice visitou o Memorial do Genocídio, localizado em Tzitzernakaberd, no dia seguinte, onde disse que "a memória não deve ser diluída, nem esquecida".

Em declaração conjunta com o líder da Igreja Ortodoxa Armênia, o patriarca Karekin II, Francisco voltou ao tema neste domingo, dia 26, e disse que o "extermínio de 1,5 milhão de cristãos armênios" foi o "primeiro genocídio do século XX". O governo turco não reconhece o episódio histórico e não admite o uso do termo "genocídio". A Turquia nega que o massacre dos armênios durante a I Guerra Mundial se trate de um genocídio planejado e calcula que o número de vítimas seja bem menor, entre 250 e 500 mil.

 

Agência Brasil

 

 

Papa usa a palavra genocídio em discurso no Palácio Presidencial da Armênia

 

Da Ansa Brasil*

Em seu primeiro dia de viagem à Armênia, o papa Francisco não se intimidou em usar a palavra "genocídio" para se referir ao extermínio de 1,5 milhão de armênios pelo Império Otomano há um século, mesmo sabendo que o vocábulo poderia desencadear um mal-estar diplomático com a Turquia, como já ocorreu no ano passado.
A Santa Sé não previa o termo "genocídio" nos discursos de Francisco, porém o líder católico não quis renunciar à palavra e a disse, em alto e bom som, na capital Erevan, dentro do Palácio Presidencial e diante das autoridades armênias, inclusive do presidente armênio Serzh Sargsyan.

Relembrando um encontro que teve com Sargsyan no dia 12 de abril de 2015, na Basílica Vaticana, o papa disse hoje (24) que, "naquela ocasião, se fez a memória do centenário de Metz Yeghern, o 'Grande Mal' que atingiu este povo e causou a morte de milhares de pessoas". "Aquela tragédia, aquele genocídio, abriu um triste elenco de imagens catastróficas do século passado, tornadas possíveis por motivações racionais, ideológicas ou religiosas aberrantes", disse Francisco, fazendo uma pausa e acrescentando a palavra "genocídio" à fala. O discurso foi proferido no Palácio Presidencial, em uma cerimônia com as autoridades locais e o corpo diplomático, seu primeiro compromisso da viagem de três dias que faz à Armênia.

A declaração do líder católico deve provocar novas críticas do governo turno, que recentemente convocou o embaixador na Alemanha após Berlim aprovar uma resolução sobre o genocídio armênio.

"Tendo diante dos nossos olhos os nefastos episódios conduzidos no século passado pelo ódio, preconceito e desenfreado desejo de domínio, espero vivamente que a humanidade saiba tirar destas trágicas experiências o ensinamento para agir com responsabilidade e sabedoria para prevenir os perigos de cair novamente em tais horrores", disse o papa. "É preciso multiplicar os esforços para que sempre prevaleça o diálogo nas desavenças internacionais e a constante e genuína busca pela paz, assim como a colaboração entre os Estados e o assíduo empenho dos organismos internacionais para que seja construído um clima de confiança propício a alcançar acordos duradouros".
Em suas primeiras horas na Armênia, Francisco também condenou as divisões e guerras atuais. "O mundo está muito marcado por divisões e conflitos, assim como por graves formas de pobreza material e espiritual, entre eles a exploração de pessoas, de crianças, de idosos".

Serzh Sargsyan, por sua vez, ressaltou que, em breve, a Armênia completará 25 anos de independência da União Soviética e que "muitas coisas importantes aconteceram nesse período, entre eles a visita de João Paulo II", ocorrida em 2001.

Primeiro país cristão

Francisco visita a Armênia a convite do patriarca Karekin II e autoridades políticas do país. A Armênia é considerada “o primeiro país cristão”, pois o rei Tiridates III proclamou o Cristianismo como religião de Estado em 301, ainda antes do Império Romano, sob o impulso de São Gregório, o Iluminador. O rito armênio é um dos mais antigos do cristianismo do Oriente, com origens que remontam à época apostólica com Tadeus e Bartolomeu – considerados os Apóstolos do país.

Esta é a segunda visita de um papa ao país.  João Paulo II esteve na Armênia em 2001.

 

Agência Brasil

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