segunda-feira, 11 de abril de 2016

OS QUATRO VETORES DAS OLIMPÍADAS! COMO FICOU O RIO?!

1. Quando uma cidade se candidata para ser sede dos Jogos Olímpicos tem quatro objetivos em mente. É assim há 100 anos. Esses 4 objetivos estabelecem o Planejamento de cada Olimpíada e conforme as condições -e ambições- de cada cidade, descrevem uma escala de prioridades. São eles: os equipamentos esportivos, o desenvolvimento esportivo, o impacto urbano e o multiplicador da imagem global da cidade sede.
2. O primeiro -e óbvio vetor-, os equipamentos esportivos, se tornaram nos últimos anos um elemento semelhante e inflexível a cada Olimpíada, na medida em que é o COI com suas federações por modalidade que estabelecem os projetos detalhados. Com isso, o único que muda um pouco é a escultura que envolve o equipamento. Há memória visual dos equipamentos esportivos de Barcelona, Sidney, Atenas, Pequim e Londres? Algum deles passou a ser ícone internacional da sua cidade sede? Não.
3. Londres, desde o vídeo que apresentou para ser escolhida como cidade sede, que enfatizou o esporte olímpico como formador de expectativas e de atletas, num vídeo consagrado em sua candidatura, com todos os cortes sociais, étnicos, geográficos... O foco no desenvolvimento esportivo deu um excelente resultado, relançando o Reino Unido como potência esportiva.
4. Da mesma forma a China, que já atravessava um ciclo de ascensão esportiva e que foi potencializado pelos jogos olímpicos de Pequim. A Espanha de certa forma também viveu um ciclo esportivo positivo a partir de sua Olimpíada.  A marca externa de Sidney passou a ser um equipamento cultural, a Ópera de Sidney.
5. O impacto global da imagem da cidade-sede foi um dos vetores propostos e conquistados por Barcelona. A explosão turística posterior documentou o sucesso. Pequim, que já vinha se inserindo num mundo globalizado, acentuou essa curva positiva de sua imagem internacional.
6. Barcelona foi e é o exemplo mais destacado de todos pelo impacto urbano conseguido, com amplas e profundas transformações urbanas em função dos Jogos Olímpicos que sediou. Pequim, em menor medida, também, com expansão do metrô, reforma viária, novas edificações e mobilidade.
7. Atenas, com as dificuldades financeiras para a realização de sua Olimpíada e com a insolvência posterior e por vários anos, passou a ser a referência dos riscos de uma cidade em país em desenvolvimento sediar um evento deste porte. Embora sem relação direta, a explicação simplista da crise que ainda envolve a Grécia é o gasto "mirabolante" que teve que assumir, na Olimpíada, apesar da ampla ajuda da União Europeia.
8. Finalmente o caso do Rio de Janeiro. Elimine-se a construção dos equipamentos esportivos que no final iguala todas as cidades-sede. A expectativa de formar atletas e medalhistas a partir do ciclo iniciado com os Jogos Pan-americanos esvaiu-se semana passada com a necessidade de reduzir recursos para aplicar e complementar neste vetor. Dessa forma, o desafio do Brasil será manter o seu patamar de medalhismo. O seu desenvolvimento esportivo em função da Olimpíada tende a ser neutro.
9. A multiplicação da imagem global do Rio, uma cidade com ícones naturais e culturais e que tem marca internacional, que era um vetor prioritário na Olimpíada do Rio perdeu-se completamente, não em função da organização do evento, mas da crise econômica, política, social e ética que vive o país. As "teleobjetivas" mudarão seu foco mostrando os problemas graves que enfrenta o país e a cidade.
10. Resta um quarto vetor: o impacto urbano conquistado em função das intervenções e obras realizadas tendo a Olimpíada como justificativa e explicação. Mesmo que no ano olímpico esse impacto não ocorra inteiramente (a crise econômica micou os investimentos imobiliários no Porto Maravilha, o Metrô ficará apenas parcialmente pronto, etc.), a probabilidade de que o impacto urbano seja percebido no tempo é muito grande.
11. E assim, dos 3 vetores de planejamento (isolando a construção de equipamentos esportivos que não diferenciam mais cidades-sede), a Olimpíada do Rio não trará proveito ao desenvolvimento esportivo brasileiro e tanto ou menos na imagem global do Rio e do país.

 

Ex-Blog do Cesar Maia

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