sábado, 2 de abril de 2016

Empresário envolvido no caso Celso Daniel usou dinheiro do petrolão para comprar jornal, diz MPF

Empresário envolvido no caso Celso Daniel usou dinheiro do petrolão para comprar jornal, diz MPF...

Empresário ligado ao caso de Celso Daniel usou dinheiro do petrolão para comprar jornal, diz MPF Segundo as investigações, parte do emprésti

VEJA.ABRIL.COM.BR|POR EDUARDO GONÇALVES

 

Ministros do PMDB resistem em sair; Dilma adia decisão sobre ministério

 

Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil

Após uma série de reuniões com ministros do PMDB e auxiliares mais próximos, a presidenta Dilma Rousseff não conseguiu fechar hoje (1º) os detalhes da “repactuação” anunciada na terça-feira (29). Por isso, ela decidiu adiar para a semana que vem a definição dos integrantes do partido que continuarão no governo e quais darão espaço a outras legendas.

Nesta sexta-feira, ela passou parte da tarde no Palácio da Alvorada reunida com os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da chefia de Gabinete, Jaques Wagner, e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, além do assessor especial Giles Azevedo.

Mesmo depois do rompimento do PMDB com o governo e a determinação de que seus integrantes deveriam entregar os cargos, os seis ministros do partido insistem em continuar em seus postos, embora tenham deixado Dilma “à vontade” para recompor sua base aliada. Caso eles permaneçam no governo, poderão ser expulsos do partido.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, foi convidada nessa quarta-feira (30) por algumas deputadas federais do PR para se filiar à legenda. Além de Kátia Abreu, mais cinco peemedebistas permanecem em cargos na Esplanada: Mauro Lopes (Secretaria de Aviação Civil), Helder Barbalho (Secretaria dos Portos), Eduardo Braga (Ministério de Minas e Energia), Marcelo Castro (Ministério da Saúde) e Celso Pansera (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).

Brasília - O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, durante entrevista coletiva sobre os primeiros resultados das pesquisas com a fosfoetanolamina, usada no tratamento do câncer (Marcelo Camargo

O ministro Celso Pansera é um dos que resistem em deixar o governoArquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Até o momento, Henrique Eduardo Alves foi o único a entregar o cargo. Ele ocupava o Ministério do Turismo.

Nessa quinta-feira (31), Dilma se reuniu com os ministros do partido e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que também integra a legenda. Para que possa oferecer os cargos vagos a partidos que darão garantias de que agregarão votos contrários ao processo de impeachment, ela precisa resolver a situação dos peemedebistas. Celso Pansera e Helder Barbalho são os que mais resistem em deixar no governo.

Marcelo Castro, segundo um interlocutor do Planalto, é o que mais quer continuar ministro, mas a pasta da Saúde já está nas negociações com outras legendas. O governo precisa fechar as contas sobre a proporção de apoio que cada indicado vai garantir às votações no Congresso Nacional.

Nesse sentido, as conversas estão sendo feitas para convencer a base parlamentar dos ministros. Com Castro e Pansera, por exemplo, a discussão passa pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), já que eles também são deputados federais. Além de Berzoini, Giles e Wagner, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem participado das negociações.

Em resposta às críticas de que está havendo “compra de votos”, o ministro Jaques Wagner defendeu a nova composição da base parlamentar. “Repactuar o governo é reorganizar a base de apoio. Trata-se de ocupar os espaços vazios com novos partidos que ainda não tiveram oportunidade de ter cargo no primeiro escalão. Chegou a vez dos pequenos partidos sempre deixados para trás devido ao PMDB ter os melhores ministérios”, disse em declaração enviada por sua assessoria de imprensa.

Na avaliação do ministro, “o governo transformou um fator muito negativo”, o desembarque do partido, “em positivo”. Segundo um assessor do Palácio do Planalto, os entendimentos com algumas bancadas já estão “avançados”. É o caso do PP, PSD, PR e PRB, que havia rompido com o governo há duas semanas. Representantes de partidos menores também participam das negociações.

 

Agência Brasil

 

Exclusiva: “Na Comissão do Impeachment, zero manipulação”, diz Rosso

 

Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil

Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Brasília - Rosso tem em mãos documentos e argumentos que tomam 5 mil páginas, no pedido de impeachment, para avaliar. O presidente da Comissão Especial do Impeachment afirma que vai declarar sua posição sobre o processo depois de analisar a defesa de Dilma e o relatório de Jovair Arantes, com calmaMarcelo Camargo/Agência Brasil

A apenas 3 dias de receber a defesa da presidenta Dilma Rousseff sobre o processo de impeachment que corre na Câmara dos Deputados a uma velocidade incomum em comparação a tramitações corriqueiras da Casa, o presidente da comissão que conduz a análise sobre o pedido, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), mantém o semblante e o tom de voz serenos, apesar do clima hostil entre os parlamentares do colegiado, que chega a agressões verbais.

Para ele, que, em seu primeiro mandato como deputado federal, assumiu o comando de uma das discussões mais acaloradas dos últimos anos da história política do país, esta tem sido a receita usada para conduzir os trabalhos “no limite da lei”. Advogado por formação e especialista em direito tributário, Rosso, que foi eleito pelo voto de 62 dos 65 titulares do colegiado, garante que continua imparcial diante do impedimento e está debruçado há 15 dias sobre os argumentos que culminaram no início do processo de impeachment.

A cautela com que conduz o processo o levou inclusive a conversas com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a reuniões frequentes com os mais de 10 consultores de orçamento e legislação da Câmara, além de assessores de seu partido e do gabinete.

O parlamentar está confiante de que conduz o processo da melhor forma possível, seguindo o Regimento Interno e a Constituição, para evitar qualquer judicialização e questionamentos sobre as atividades da comissão. Não esconde um olhar de indignação quando questionado sobre seu alinhamento com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), oficialmente declarado crítico do governo Dilma. Assegura que os boatos são “especulações e maldades” e afirma que a comissão é especialíssima e independente.

Conciliador

Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Brasília - Eleito por 62 dos 65 integrantes da Comissão Especial do Impeachment, Rosso acredita que seu tom conciliador foi determinante para o resultadoMarcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta entrevista à Agência Brasil, Rosso atribuiu a sua eleição para o comando da comissão ao seu perfil conciliador. Enquanto continua analisando documentos e argumentos das mais de 5 mil páginas do pedido de impeachment, ele afirma que, mesmo sem votar, vai declarar sua posição sobre o processo depois de analisar a defesa de Dilma e o relatório de Jovair Arantes, com calma. O parlamentar assegura que está formando sua convicção baseando-se “absolutamente” na Constituição. Sabe que tem nas mãos o comando de um colegiado que tem uma das decisões mais importantes a tomar e que serve como termômetro para o resultado final do julgamento da Câmara, mas não se arrisca a um palpite sobre placares. Afirma, inclusive, que não tem nenhuma curiosidade prévia. Rosso evita glamourizar seu papel, afirma-se simples e diz que, além da pouca vaidade, é católico e que sua compreensão sobre o ser humano é o que o ajuda a conduzir os debates com tranquilidade. Ele também tem tentado manter sua vida particular preservada, com atividades físicas e o convívio familiar.

Sobre o futuro político do país, Rosso, que evita qualquer “futurologia”, defende que os atores envolvidos no processo se empenhem em uma repactuação para a sanidade social e das instituições. Leia abaixo a entrevista do parlamentar>

Agência Brasil – Muitos têm dito que o senhor é alinhado ao pensamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que é publicamente contrário ao governo Dilma. O senhor acha que isso pode influenciar na sua credibilidade à frente da comissão?

Rogério Rosso - É bom registrar que, antes de entrar aqui [na Câmara dos Deputados], no ano passado, eu não conhecia o deputado Eduardo Cunha. O PSD foi o primeiro partido a se posicionar pela candidatura do Arlindo Chinaglia (PT-SP) [para a presidência da Câmara] e nós não participamos da chapa que elegeu Eduardo Cunha. Como líder, eu tenho obrigação de manter uma boa relação institucional com o presidente da Casa, representando a bancada, uma vez que é muito importante para o desenvolvimento pleno das atividades de cada parlamentar aqui. Se manter uma boa relação institucional é estar próximo, então estou próximo. Mais do que isso é pura especulação e maldade.

Agência Brasil - Mas há alinhamento de posições com Cunha em relação ao impeachment? Pelo posicionamento do PSD também?
Rosso – Rogério Rosso nunca se manifestou a respeito do impeachment por um único motivo: todos têm direito à ampla defesa, ao contraditório, à presunção da inocência. Eu só posso me manifestar, até por formação profissional, após ter elementos que me façam ter convicção. Até por isto, no comando da comissão, tenho tentado ser o mais imparcial possível. Ele [Cunha] admitiu preliminarmente a denúncia e, por isso, foi montada uma comissão. Eu estou imparcial desde o primeiro momento.

Agência Brasil - Na última quarta-feira [ dia 30], um acordo de líderes garantiria 30 minutos de depoimento para os juristas autores do pedido de impeachment seguido pelo tempo de perguntas do relator e dos 65 titulares da comissão. Como era uma audiência pública, esperava-se que não fosse interrompida pela abertura da Ordem do Dia no plenário, mas o senhor decidiu encerrar, desagradando parlamentares, principalmente da base governista, que queriam fazer perguntas aos advogados. Cunha manipulou?
Rosso – Na comissão do impeachment, zero manipulação. É uma comissão especialíssima, completamente independente. De manhã [no mesmo dia], fizemos uma reunião com líderes no gabinete do deputado relator Jovair Arantes [PTB-GO] para tentar maximizar o tempo dos convidados. Colocaram que se, por ser audiência pública, era possível [continuar mesmo com a Ordem do Dia em andamento]. Entretanto, esta informação, que sempre foi colocada de boa fé por todos, não é bem assim, porque o parágrafo 1o, do artigo 46 [do Regimento Interno da Câmara] impede o funcionamento de qualquer atividade de comissão quando a Ordem do Dia é aberta.

Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Brasília - "O limite é a lei, na medida que eu ultrapassar o limite estou deixando uma insegurança no processo"Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agência Brasil – Mas, em todas as comissões, a prática é diferente. Só encerram ou suspendem quando a comissão está deliberando sobre questões, requerimentos ou matérias.
Rosso – Qual é a prática da Casa com impeachment? A comissão do impeachment é uma comissão especial. Não é um processo administrativo. A comissão lida com a admissibilidade da denúncia. O limite é a lei, na medida que eu ultrapassar o limite estou deixando uma insegurança no processo. Com toda a tranquilidade, para preservar a segurança jurídica dos trabalhos, encerrei porque, de fato, foram feitas várias questões de ordem nos últimos anos sobre isto. Não teria como não tomar a decisão que tomei sob o risco de anular a sessão. Nesta audiência pública, inclusive, eu tomei uma decisão importante sobre questão de ordem, portanto, eu deliberei. Se, funcionando em paralelo, qualquer deputado apresentasse questão de ordem, a decisão [relativa à questão de ordem] teria que ser cancelada. Tenho a impressão que não teria tomado a decisão correta [se  não tivesse encerrado a reunião].

Agência Brasil – Por que decidiu manter sessões quase diariamente, enquanto no julgamento do processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor, neste prazo de dez sessões do plenário da Casa, para contagem do prazo de defesa para a representada, não houve nenhuma reunião?
Rosso - Não imagina a cautela que temos que ter. Cada reunião dessa são várias questões de ordem, várias discussões, mas fizemos o que julgo mais importante que foi convidar técnicos e juristas para esclarecimento das denúncias. Tenho certeza que, nestes últimos dois dias, com denunciantes e, ontem, com o ministro Nelson Barbosa [Fazenda] e o professor de direito tributário [Ricardo Lodi Ribeiro], os deputados saíram com muito mais informações.

Agência Brasil – O senhor acredita em novos convencimentos?
Rosso – Depende de cada parlamentar. Por isso, o Supremo [Tribunal Federal] foi cristalino ao decidir que compete à Câmara a admissibilidade e ao Senado, o julgamento. E, na admissibilidade, é importante que se faça esclarecimento da denúncia. Não pode se fazer provas, mas pode-se fazer eventos para o esclarecimento da denúncia. Se isso contribuiu para a formação da convicção do parlamentar, depende de cada parlamentar. A impressão que eu tive, por depoimento de vários, é que o convicto já tem sua opinião, mas o indeciso vai aguardar agora a protocolização da defesa.

Agência Brasil – O senhor continua entre os indecisos? Como ficou sua opinião?
Rosso – Existe uma linha aqui que defende que eu só votaria em caso de empate, mas, independentemente disso, eu vou me posicionar - seja na comissão, seja no plenário -, de acordo com minha convicção. Nos últimos 10 ou 15 dias, tenho me dedicado a ler a denúncia e tem muitas questões complexas do ponto de vista da contabilidade pública do orçamento. Foi muito bom ter essas palestras, mas vou aguardar a defesa. A minha convicção está se formando em bases absolutamente constitucionais.

Agência Brasil – O ministro Nelson Barbosa limitou suas explicações às contas de 2015. O professor Lodi disse que crime de responsabilidade só recairia sobre a lei orçamentária e não poderia ser configurado crime por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Isto ajudou a esclarecer as questões que o senhor definiu como complexas?
Rosso – Eu quero ler com muita serenidade a defesa da presidente e aguardar o parecer do relator. Mas, não é o presidente da comissão, mas o parlamentar Rogério Rosso que vai posicionar o voto. Vejo este caso como complexo, de interpretação legal importante e difícil. É por isso que prefiro me manifestar após a defesa. Ainda estou estudando.

Brasília - Presidente da Comissão Especial do Impeachment, Rogério Rosso, concede entrevista exclusiva à Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Brasília - O presidente da Comissão do Impeachment quer deixar a marca de "uma comissão da tolerância. E uma comissão que não teve medo, receio ou preguiça de se reunir todos os dias, sejam reuniões ordinárias, internas ou em finais de semana"Marcelo Camargo/Agência Brasil

Agência Brasil – É possível, pelo perfil dos candidatos, prever um placar tanto na comissão quanto no plenário?
Rosso – Muito difícil aplicar algum tipo de análise comportamental aliada à decisão do voto. Aqui é uma casa política, mas é claro que o relatório tem um viés que não desconsidera aspectos técnicos e jurídicos da questão. É possível fazer estimativa de acordo com a bancada, estado, bandeiras e tendências, mas é difícil arriscar qualquer placar. É um momento difícil e somente ali, na votação nominal, quando cada parlamentar for chamado, é que, de fato, saberemos.
Tem várias histórias de 1992, que não sabemos se são histórias com H ou com E, que parlamentares se posicionavam de uma forma e, naquele dia, mudaram seus votos. É impossível prever o resultado.

Agência Brasil – Todos estarão no dia da votação do relatório ou há algum sinal de tentativa de evitar que a reunião tenha quórum?
Rosso – Acredito que todos. Um ou outro ausente.

Agência Brasil – Filosofando na possibilidade do impeachment avançar no Senado, como deputado, qual seria a melhor saída para o país?
Rosso – A gente tem que cumprir a Constituição, que define que, nos dois primeiros anos, caso o presidente da República seja afastado, assume o vice-presidente. Entrado no terceiro ano do mandato, teríamos eleições indiretas. Em tese, se a presidente for impedida depois de julgada pelo Senado, o vice-presidente [Michel Temer] terá todas as prerrogativas constitucionais, mas, qualquer que seja o desfecho, o país vai precisar se repactuar, a presidente Dilma ficando, ou Temer assumindo, ou convocando novas eleições.

Agência Brasil – O que seria esta repactuação?
Rosso – Os embates políticos jamais deixarão de existir até porque vivemos, felizmente, em um regime democrático. Mas estamos perdendo, a cada dia, espaço da atividade econômica interna e força exportadora. Nossa pauta de exportações hoje está resumida a minério e alimento, o que é louvável, mas um país que quer estar inserido num sistema global de economia forte, precisa ter manufaturados fortes, indústria forte, conhecimento aplicado à tecnologia, universidades altivas. O país está parado aguardando um desfecho de uma crise política. Esta repactuação terá que acontecer entre partidos de esquerda, direita ou de centro. Senão, além de não sair da crise econômica, vamos agravar. As crises são tão caras que é muito grave desperdiçá-las. Me preocupa quando um líder faz discurso para dividir o país. Não podemos continuar com uma pauta política negativa porque alimenta fortemente a econômica.

Agência Brasil – Esta pauta política negativa também tem afetado as instituições e a sociedade. Como esta repactuação atingiria essas esferas?
Rosso – Dada a crise econômica, temos que enfrentar estas duas outras crises: institucional e social, que são as mais importantes a se evitar neste momento. O início de uma crise institucional é o início de uma crise no abalo da democracia. O início de uma crise social é o início de um estabelecimento de perigo. A gente tem que evitar a qualquer custo e não vejo como evitar senão através de uma repactuação.

Agência Brasil – O senhor quer deixar esta comissão com que marca?
Rosso – A mensagem é de uma comissão formada num momento de muita intolerância, que termine como uma comissão da tolerância. Num momento de muita antecipação de julgamentos, ser uma comissão mais correta possível do ponto de vista jurídico. Uma comissão onde os ânimos estão muito acirrados, mas de respeitabilidade forte. E uma comissão que não teve medo, receio ou preguiça de se reunir todos os dias, sejam reuniões ordinárias, internas ou em finais de semana. No impeachment de 1992, não tinha tantas controvérsias. Era quase uma linha única. Nesta veio uma denúncia formulada por cidadãos diferentemente do conjunto de provas de CPIs [comissões parlamentares de inquérito]. Se eu não fizesse os quatro depoimentos de agora eu estaria muito, mas muito infeliz.

 

Agência Brasil

 

 

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Comissão concede anistia a cunhadas de Betinho perseguidas pela ditadura

 

Ivan Richard - Repórter da Agência Brasil

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça aprovou hoje (1º) a concessão de anistia política para as professoras Marilena e Kimiko Nakano, cunhadas do sociólogo Hebert José de Sousa, conhecido como Betinho. A comissão entendeu que as duas foram perseguidas pela ditadura militar e exoneradas dos cargos de professora devido ao posicionamento político delas na época.
Marilena e Kimiko terão direito a receber, mensalmente, a título de reparação, R$ 2.778. O valor corresponde à remuneração média de um professor do ensino fundamental. Elas também receberão um pagamento adicional retroativo referente ao tempo que não puderam exercer a atividade profissional.
Marilena Nakano foi ativista do movimento estudantil quando frequentava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André e militante do grupo Ação Popular, nas décadas de 1960 e 1970. Eleita presidente do centro acadêmico da faculdade, organizou a distribuição de panfletos contra a ditadura e foi presa em flagrante.
Depois de presa, a professora foi condenada pela Auditoria Militar a seis meses de prisão por subversão. A ativista ficou presa por um mês no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Por ser menor de 21 anos na época, Marilena conseguiu redução da pena imposta pelo regime. Após ser perseguida pela ditadura, foi demitida e proibida de lecionar na rede estadual.
Reparação

“O futuro está sendo produzido hoje por vocês. E é isso que nos permite ter esperança no futuro”, disse Marilena após aprovação de seu pedido de anistia. A professora pediu que a comissão organize uma caravana até a região do ABC Paulista para acelerar o julgamento de processos de outras pessoas da região que também militaram contra a ditadura e atualmente, segundo ela, passam por dificuldades.
“Fui submetida, como muitos dos meus companheiros e muitos da minha geração, a muitas dificuldades para me estabelecer profissionalmente. Essa minha história é similar à de tantos que aqui já passaram”, acrescentou.
Kimiko Nakano também foi militante do grupo Ação Popular. Foi cassada pelo regime no final da década de 1970 e passou a viver na clandestinidade para não ser presa. Em 1976, seguiu para exílio no Canadá ao lado da irmã Maria Nakano e o cunhado Betinho. Permaneceu no exílio entre os anos de 1977 e 1980, quando também viveu na África.
Segundo a Comissão de Anistia, por causa da perseguição da ditadura, Kimiko foi exonerada, na década de 1960, do cargo de professora secundária por motivação política. Em 1967, foi aprovada em concurso público para a carreira de professora da rede pública de São Paulo, mas não pode tomar posse. Chegou a ser chamada para exame de admissão pelo Departamento Médico do Serviço Civil de São Paulo, mas devido “aos antecedentes criminais” foi impedida de exercer a função.

 

Agência Brasil

 

Paulistanos esperam até cinco horas para tomar vacina contra H1N1

 

Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil

A grande procura pela vacina contra a gripe H1N1 está lotando as clínicas que oferecem a imunização na capital paulista. As filas de espera chegam a cinco horas em alguns locais.

A advogada Priscila Belvilacquía chegou às 7h30 em uma das instituições particulares que oferece a vacina e às 11h46 ainda não tinha sido atendida. “A gente não sabia se vinha ou não. Mas agora que eu vim, a gente vai ficar até o final”, disse Priscila, que também levou a filha Laura, 6 anos, para ser imunizada.

Na segunda-feira (28), o secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que a capital paulista está passando por um surto da doença. Este ano, oito pessoas morreram devido à evolução da gripe causada pelo H1N1 para síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Na maior parte dos casos de morte (87,5%), os pacientes apresentavam comorbidade, ou seja, tinham outra doença que foi agravada pelo H1N1. No ano passado, nenhuma morte por H1N1 foi registrada na cidade.

No estado de São Paulo, até o último dia 22, foram notificados 324 casos de SRAG. Desse total, 260 foram relacionados ao vírus A (H1N1). Devido ao número de ocorrências, a Secretaria Estadual de Saúde resolveu antecipar a vacinação de 3,5 milhões de pessoas, prevista inicialmente para começar em 30 de abril. A partir do dia 8, os profissionais de saúde de hospitais públicos começarão a ser imunizados, e no dia 11 a vacinação será aberta para as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos, além de gestantes e idosos.

Saiba Mais

Fora desses grupos, considerados de risco, a estudante Tamires Vasconcelos aguardava sentada na calçada em frente à clínica de vacinação na região dos Jardins, zona oeste paulistana. A jovem de 22 anos aproveitou o tempo para adiantar os exercícios do curso de engenharia civil. “Ainda tenho que ir para a faculdade, sai da aula para vir para cá”, disse. “Venho todos os anos, só para prevenir”, acrescentou.

Em outra clínica, na região do Ibirapuera, na zona sul paulistana, a espera também durava várias horas. Segundo os funcionários que organizavam o público, as senhas para atendimento esgotaram às 9h30, mas ao meio-dia ainda chegava gente procurando a vacina. Por volta desse horário, o empresário Rogério Damasceno, que havia chegado às 9h, calculava que ainda teria de esperar mais duas horas e meia para ser atendido. “Acho que vale a pena, principalmente para ele”, disse, apontando para o filho Miguel, 2 anos.

Risco superestimado

A infectologista do Hospital Emílio Ribas Rosana Richtmann disse que, apesar da possibilidade do H1N1 evoluir para casos graves, há um pouco de exagero sobre o perigo da doença. “Acho que esse risco está superestimado. O risco de fato existem mas, sobretudo, nas populações mais vulneráveis”, ressaltou a médica em entrevista à Agência Brasil.

A especialista explicou que, de acordo com os dados disponíveis até o momento, o vírus H1N1 é uma variedade da gripe que provoca mais casos graves e mortes do que os tipos mais comuns da doença. “Todo o Influenza [vírus da gripe] dá um quadro clínico muito semelhante. Não dá para saber, pelo quadro clínico, se é Influenza B ou H1N1. Agora, a hora que você vai ver estatisticamente, você acaba tendo uma tendência a ter formas mais importantes, levando aos hospitais e à terapia intensiva quando é o H1N1”, explicou.

Segundo Rosana, a intensidade da doença também está relacionada ao estado de saúde e à resistência do paciente. As crianças, no entanto, merecem atenção especial, de acordo com a médica. “As crianças excretam mais vírus do que um adulto, do que um idoso. As crianças funcionam como multiplicadores dos casos”, disse, ao destacar a importância da vacinação dessa parcela da população. “Para uma proteção individual, sem dúvida a vacina é a mais adequada.”

A especialista disse ainda que, em caso de sintomas apresentados por idosos, crianças ou gestantes, é importante procurar atendimento médico. “No caso de um paciente do grupo risco, se ele tiver sintomas respiratórios, associados à febre alta ou dor de garganta, é bom procurar o serviço médico para ter acesso ao antiviral nas primeiras 48 horas”, recomendou.

 

Agência Brasil

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