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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Atração fatal pelo dinheiro está levando Santana à cadeia

Por Carlos Newton

O jornalista e marqueteiro João Santana e sua mulher Mônica Moura caíram nas malhas da força-tarefa da Lava Jato apenas por ganância. Espantosamente ricos, não tinham a menor necessidade de sonegar impostos, receber pagamentos e propinas ilegais e tentar esconder das autoridades brasileiras a criação da empresa offshore Shellbill Finance S.A., localizada no paraíso fiscal do Panamá. A impressionante cobiça por dinheiro acabou se tornando o ponto fraco de um casal altamente vitorioso, que já faturou a invejável quantia de R$ 229 milhões somente com o PT, desde que começaram a trabalhar na empresa Polis Propaganda e Marketing, que tem os dois como sócios a partir de 2001.


João Santana é um veterano jornalista baiano que teve destaque na profissão ao entrevistar o motorista Eriberto França para a revista IstoÉ, extraindo declarações que ajudaram a derrubar o então presidente Fernando Collor. A reportagem lhe valeu um Prêmio Esso e ele depois passou a trabalhar em marketing eleitoral com seu amigo e conterrâneo Duda Mendonça, com quem atuou na primeira eleição presidencial de Lula. A sócia Mônica Moura é sua sétima mulher e estão juntos há 15 anos.


Desde que Santana se separou de Duda Mendonça e criou a Pólis com a mulher, o faturamento dos dois tem sido impressionante. Além dos 229 milhões pagos oficialmente pelo PT à empresa Pólis, é preciso levar conta a bela receita que Santana teve em 2002 trabalhando para eleger Lula, quando ainda era sócio de Duda Mendonça, além dos trabalhos que vem fazendo desde 2003 em outros países – Argentina, Venezuela, Panamá, República Dominicana, El Salvador e Angola. O total recebido até agora só Santana e Mônica sabem, porque o faturamento é contabilizado no Panamá.


FATURAMENTO OFICIAL


Segundo levantamento feito pela Folha de S. Paulo no sistema eletrônico de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral, o casal vinha fazendo uma trajetória invejável no ramos da marquetagem.


Em 2002, enquanto trabalhava com o sócio Duda Mendonça na vitoriosa campanha presidencial de Lula,  faturou pela Pólis mais R$ 2,2 milhões para eleger Delcídio Amaral no Senado. Na eleição seguinte, em 2004, a receita diminuiu para R$ 1,6 milhão, embora o trabalho tenha sido em dobro, ao fazer a campanha dos candidatos a prefeito Gilberto Maggioni em Ribeirão Preto e Vander Loubet em Campo Grande.


Mas na eleição seguinte, em 2006, começou a fase das vacas gordas, com a Pólis faturando R$ 24 milhões para reeleger Lula. Daí em diante, foi uma festa, porque em 2008 o PT pagou mais R$ 16 milhões para cuidar das fracassadas campanhas de Gleisi Hoffmann e Marta Suplicy para as prefeituras de Curitiba e São Paulo.


Em 2010, a receita disparou, com Santana e Mônica recebendo R$ 56,8 milhões para fazer a campanha de Dilma Rousseff à Presidência. Logo depois, em 2012, mais uma bela faturada, embolsando R$ 39,3 milhões para trabalhar o marketing de Fernando Haddad em São Paulo. E a grande tacada foi na última eleição, quando a Pólis levou R$ 88,9 milhões para atuar na campanha de Dilma à reeleição, um recorde absoluto na marquetagem da política brasileira.


Convém ressalvar que estes R$ 229 milhões foram o faturamento oficial da Pólis apenas com o cliente PT. Como agora se sabe que o casal Santana também recebia milhões por fora, o total que Santana e Mônica receberam do partido deve ter sido muito maior.


FATURANDO NO EXTERIOR


Desde 2003, João Santana e Mônica Moura passaram a faturar também no exterior, porém jamais divulgaram essas receitas. Somente na Argentina, entre 2003 e 2007 eles coordenaram o marketing político de sete campanhas legislativas, municipais e governamentais.


Em 2009, Santana foi o marqueteiro da vitória de Mauricio Funes em El Salvador, que encerrou 20 anos da hegemonia da direita no país. Na campanha, usou como uma das ferramentas a música brasileira, usando uma versão do samba “Canta Canta, Minha Gente”, de Martinho da Vila.


Em 2012, ajudou a reeleger Hugo Chávez, na Venezuela, e atuou como principal articulador da eleição de Danilo Medina na República Dominicana, que derrotou o ex-presidente do país, Hipólito Mejía. Fora da América Latina, ainda assinou a campanha de José Eduardo Santos em Angola – a qual também é alvo de um inquérito da Polícia Federal, sob suspeitas de lavagem de dinheiro.


João Santana voltou a atuar na Venezuela em 2013, trabalhando na campanha do atual presidente Nicolás Maduro. E em 2014 trabalhou por seis meses na campanha de José Domingos Arias no Panamá, que perdeu a eleição para Juan Carlos Varela.


Agora, o casal estava novamente na República Dominicana, tentando reeleger Danilo Medina, quando a prisão dos dois foi decretada pelo juiz federal Sérgio Moro.


NÃO TEM EXPLICAÇÃO


Como é que um homem riquíssimo como Santana, com mais de 60 anos e casado (pela sétima vez) com uma mulher bem mais jovem, arrisca seu futuro e o dela para acumular mais uns milhões no cofrinho, que não fazem a menor diferença?  E por que sujar o nome da própria filha, que passa a ser cúmplice de lavagem de dinheiro? Tudo isso é inexplicável. Mesmo se tivessem várias vidas, Santana e a mulher poderiam aproveitar à vontade e o dinheiro lícito não acabaria, bastava aplicá-lo de forma correta.


Agora, tentarão justificar o que não tem justificativa. Os muitos milhões farão a festa dos advogados deles, enquanto Santana repete a burrice de José Dirceu e está destinado a passar na cadeia grande parte desta fase final da vida, que antecede o juízo final. Como diz Paulinho da Viola, dinheiro na mão é vendaval. E como diz Jorge Benjor, se malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem, caramba!


***


O Dr. Ulysses encontrou um táxi


'Dr. Ulysses faz muita falta à política nacional'


Por Carlos Chagas


Vindo de São Paulo, toda segunda-feira pela manhã o dr.Ulysses chegava a Brasília. No aeroporto, esperava-o o fiel motorista, para o ritual de todas a semanas: “Boa viagem, deputado? Dê-me sua valise. Vamos para onde?”


Uma gravação não responderia melhor, ainda que com o passar dos anos o endereço variasse: o apartamento simples de deputado, a mansão de presidente da Câmara e eventualmente o palácio do Planalto, quando substituía o presidente José Sarney durante suas viagens ao exterior. Numa temporada morou no apartamento oficial do senador Nelson Carneiro, seu colega do PSD, que havia sido acometido de uma isquemia cerebral transitória. Estava solteiro e não podia dormir sozinho. Seus amigos do antigo partido tiraram no chapéu e no papelzinho a “sorte” para saber quem moraria com ele no imóvel para saber quem tomaria conta de sua saúde.


Em todas as viagens a vetusta resposta era a mesma: “Vamos para casa, meu caro..” De lá, após trocar de roupa, a semana não mudava: seguia para a Câmara, onde ocupava a presidência da Casa, a presidência da Assembleia Nacional Constituinte e a presidência do PMDB. Almoçava e jantava no restaurante Piantella, com grupos de amigos, sem dispensar o “poire”, seu aperitivo preferido.


Certa segunda-feira, o “velho” chegou adiantado ou atrasado, não encontrando o motorista. Esperou cinco minutos e, apressado como era, pegou um taxi. “Para onde, dr.Ulysses?”  “Ora, para casa, meu caro.”


O profissional tomou o caminho do Plano Piloto mas perdeu-se nas entradas das vias, pois não sabia a que superquadra dirigir-se. Nem o dr. Ulysses, que de Brasília entendia muito pouco. Várias voltas foram dadas e ele acabou mandando rumarem para a Câmara.


A historinha se conta a propósito de situações onde os improvisos substituem as necessidades, desde que naturalmente ordenada com as contingências.


DILMA DESNORTEADA


A presidente Dilma anda desarvorada, e não apenas em Brasília, que conhece menos do que o Dr. Ulysses, mas no Brasil. Não sabe para onde dirigir-se, se é para combater o desemprego. No Palácio do Planalto, quem convocará para traçar um programa de pleno emprego? O tal Congressão deu em nada, sem que Madame apresentasse um roteiro de obras públicas ou recebesse um elenco de iniciativas do empresariado, dos sindicatos, das regiões, dos partidos políticos ou das universidades. Câmara e Senado dão-se as costas. Os militares aguardam um chamado que felizmente não virá.


Enquanto isso, sobem   impostos, taxas e tarifas, multiplica-se o custo de vida, saúde e educação públicas caem no despenhadeiro e as esperanças de melhoria ganham o espaço. Falta o Dr.Ulysses, que mesmo sem ter sido presidente, encontrou um táxi…


Tribuna da Internet

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