sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Em defesa da Seguridade Social, por Paulo Paim

Ao longo dos últimos 20 anos, venho defendendo e demonstrando que a Seguridade Social (Previdência, Assistência Social e Saúde) é superavitária. Os argumentos que tenho usado vão ao encontro de projetos que julgo necessários para a garantia dos direitos dos trabalhadores, aposentados e pensionistas. Todos os governos que passaram pelo Planalto foram uníssono ao dizer que a Seguridade e deficitária. Ledo engano. Há muita manipulação de números e dados. Conforme a Associação dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip), através do estudo “Análise da Seguridade Social 2014” (http://fudacaoanfip.org.br/site/?cat=16), não há déficit e, sim, superávit. Vejamos: Superávit em 2006: R$ 59,9 bilhões; 2007: R$ 72,6 bilhões; 2008: R$ 64,3 bi; 2009: R$ 32,7 bi; 2010: R$ 53,8 bi; 2011: R$ 75,7 bi; 2012: R$ 82,6 bi; 2013: R$ 76,2 bi; 2014: R$ 54 bi.
As contribuições, em 2014, somaram R$ 686 bilhões. Foram gastos R$ 394 bilhões com aposentadorias, pensões, auxílio-doença, salário-maternidade, etc; R$ 38 bilhões com benefícios da Lei Orgânica da Assistência Social (Lias); R$ 26 bilhões com benefícios de transferência de renda (Bolsa Família); R$ 94 bilhões com serviços, ações e programas de saúde (pagamento de médicos, enfermeiros, construção de hospitais, medicamentos, procedimentos); mais de R$ 50 bilhões utilizados com ações do FAT; mais de R$ 10 bilhões em ações da Seguridade Social utilizadas por diversos ministérios e secretarias, entre outros.
Os gastos com a Seguridade Social somaram, incluindo aí todo o orçamento, R$ 632 bilhões. Sobraram, portanto, R$ 54 bilhões, os quais, em quase toda sua totalidade, foram desvinculados pela DRU (Desvinculação das Receitas da União).
Os dados da Anfip são esclarecedores e demonstram que a Seguridade Social e viável, tanto que, depois de 15 anos de muita luta, conseguimos derrubar o Fator Previdenciário e aprovamos a Fórmula 85/95.
Por uma questão de justiça, de desenvolvimento e de soberania nacional, a Seguridade Social tem totais condições de garantir o presidente e o futuro, o bem-estar de milhões de trabalhadores e aposentados. Muitas mentiras têm sido ditas como forma de manipulação e intimidação, ou seja, através do medo, de um suposta “fratura exposta”, afiançar que a Seguridade Social ocrre grave risco; de que ela é o grande mal que atravanca o crescimento do Brasil. A quem interessa essa visão distorcida dos fatos?


Senador do PT-RS



Fonte: Correio do Povo, edição de 16 de novembro de 2015, página 2. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário