sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Participação da agropecuária no PIB sobe para 23% em 2015

O cenário de recessão pela qual passa o Brasil resultou em um aumento da participação do setor agropecuário no Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país). De acordo com balanço feito pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil(CNA), a participação do setor no PIB passou de 21,4% registrados em 2014, para uma projeção de 23% em 2015.
Segundo a CNA, a agropecuária brasileira deverá crescer 2,4% em 2015, apesar de a agricultura não apresentar crescimento e de o agronegócio registrar retração de 0,6% no ano. O resultado se deve principalmente ao fraco desempenho das agroindústrias e dos serviços no setor. A retração que está se consolidando para a agroindústria foi influenciada pela queda de 0,38% na pecuária registrada até o mês de julho. Também puxado pela pecuária, o setor de serviços recuou 0,16%.
Segundo a entidade, os setores de insumos e produção primária deverão apresentar resultados positivos neste ano. No caso dos insumos, o crescimento se deve sobretudo ao aumento do preço dos produtos, ao longo do ano, e a valorização do dólar. O setor primário apresentará crescimento devido ao aumento da produção de soja, milho, trigo e à alta do preço da arroba de boi.
Entre as 17 culturas acompanhadas pela CNA, as atividades que deverão ampliar o faturamento em 2015 são as de cebola (116%), batata (16%), laranja (9%), café (4%), cana-de-açúcar (1%) e fumo (1%). De acordo com a entidade, desses produtos, apenas café e batata tiveram aumento em decorrência do aumento da cotação (7% e 19%, respectivamente). Os demais apresentam tendência de retração no faturamento deste ano.
“Nós, produtores, não só aumentamos a produção em mais de 8 milhões de toneladas, como também, no mercado interno, conseguimos abastecer satisfatoriamente o mercado interno”, disse o presidente da CNA, João Martins. Ele disse que, em 40 anos, a produção de grãos e fibras no país cresceu 325%. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) espera colheita de 210 milhões de toneladas de grãos na safra 2014/2015, volume 8,2% maior, se comparado ao da safra anterior. Para Martins, esse crescimento, em meio a um cenário de crise econômica e política, demonstra a “pujança da agropecuária brasileira”.
Feira agropecuária AgroBrasília Feira Internacional dos Cerrados, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, no km 5 da BR-251, no Paranoá, Distrito Federal (Valter Campanato/Agência Brasil)
O  milho  foi  destaque  nas  exportações  do  agronegócio,  que  tiveram  aumento  de  17%  Arquivo/Agência Brasil
A desvalorização do real frente ao dólar deu mais competitividade as produtos brasileiros no mercado externo. Com isso, as exportações do agronegócio tiveram aumento de até 17%, com destaque para as cadeias envolvendo produtos florestais, soja e milho. Em consequência, a participação do agronegócio nas exportações passou de 43% para 48%. Apesar disso, a queda nos preços internacionais de commodities (bens primários com cotação internacional) afetou a receita de comércio exterior no setor. Em 2015, as vendas externas do agronegócio ficaram 8% abaixo do obtido em 2014, registrando  total de US$89 bilhões.
Pecuária deve faturar mais 5%
O faturamento da pecuária deve crescer 5% em 2015, em parte, por causa da alta de 15% em seus preços e também pela queda de 9% na produção. O resultado sofreu grande influência da baixa oferta de animais, informou a CNA.
Leite, ovos e produtos suínos também devem fechar o ano com retração: a cadeia leiteira, com queda de 12% no faturamento e os ovos, com redução de 5% nos preços (apesar da alta de 3% na produção). No setor de suínos, o faturamento deverá cair 1%, na comparação com 2014. O resultado vem acompanhado de queda de 7% nos preços e de crescimento de 6% na produção.
Para a CNA, a maioria dos resultados negativos em 2015, na comparação com o ano anterior, está relacionada ao ritmo lento da economia do país e seus reflexos na renda dos consumidores. “As recentes quedas de confiança dos empresários e dos consumidores refletem na redução do consumo e de investimentos, e impactam diretamente no setor agropecuário.”
Segundo a CNA, em 2016, o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deverá ser R$ 529,9 bilhões, resultado que equivalerá a um aumento de 2,7% em comparação com as estimativas para 2015.
Outro ponto destacado pela CNA é que, enquanto os outros setores da economia fecharam 900 mil vagas de emprego, a agropecuária assegurou um saldo positivo de 75 mil vagas de janeiro a outubro. “Isso mostra a importância do setor tanto no aspecto econômico como social do país”, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.




Relator diz que dará continuidade ao processo contra Cunha


O novo relator do processo contra o presidente da Câmara dos Deputados no Conselho de Ética, Marcos Rogério (PDT-RO), disse nesta quinta-feira (10) que na apresentação de seu relatório na reunião próxima terça-feira (15) vai aproveitar o texto já elaborado pelo ex-relator Fausto Pinato (PRB-SP), pela admissibilidade do processo. Ao elogiar o relatório anterior, ele ressaltou que a diferença é que o novo será um voto mais sucinto, sem abordar questões quanto ao mérito do caso.
O parlamentar adiantou que a posição pela continuidade do processo contra Cunha não poderia ser diferente já que, na visão dele, todos os pressupostos para o processo estão presentes na representação. “Quem fez a representação tinha legitimidade, a conduta apontada na representação pode configurar quebra de decoro, há justa causa para investigação e considero a legitimidade passiva, o representado é parlamentar”, observou.
Ameaças
Tal como Pinato relatou ter acontecido com ele, Marcos Rogério disse que espera não sofrer nenhuma ameaça por parte de aliados do presidente da Câmara. “Até porque o enfrentamento do processo no Conselho de Ética tem que ser feito com as armas de defesa e de acusação. “Com os respeito às regras, não há porque ter qualquer tipo de constrangimento ilegal ou ameaça. É natural do processo, o esperneio, mas a ameaça não faz parte do bom ambiente de trabalho. Espero não ter esse tipo de constrangimento, e não tive até agora”, disse.
Prazo
Com relação ao prazo de 90 dias úteis para finalização do processo contra Cunha no Conselho de Ética, ainda há dúvidas se o prazo pode seguir, levando em conta o que já foi discutido, ou se com a troca do relator, o processo terá que voltar a fase inicial. O novo relator defende que, como o relatório dele também será pela admissibilidade, não há nenhuma mudança, e o documento já poderia ser votado.
“Temos que gastar mais tempo e mais trabalho na investigação das condutas. Eu não tiro a possibilidade do representado apresentar razões contra, mas isso não suspende os prazos para defesa no processo”, afirmou Marcos Rogério.



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