segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Os interesses soviéticos no Oriente Médio

Basicamente, a União Soviética sempre procurou atacar os pontos frágeis do Ocidente, restringir a capacidade dos países ocidentais de manobrar no oceano Índico, de apoderar-se das fontes de petróleo e de institucionalizar suas relações por meio de tratados de amizade. Um seminário realizado em Jerusalém, em fevereiro de 1980, definiu os objetivos soviéticos no Oriente Médio, e que seriam os seguintes:

“1-Interesse ideológico, ou a necessidade de golpear o Ocidente em sua parte mais frágil, as colônias do Terceiro Mundo.
2-Interesse estratégico, que até 1962 se baseava na criação de um sistema de bases para romper o cerco do Ocidente à União Soviética.
Desde 1962, com a crise dos mísseis em Cuba por uma lado e, por outro, com a introdução dos foguetes “Poisedon” em submarinos “Polanis”, a União soviética desviou sua atenção para limitar a capacidade de manobras americanas no Oriente Médio, em geral, e no oceano Índico, em particular.
3-Interesse petrolífero, que é secundário no contexto da estratégia para a segurança soviética. Está centrado, principalmente, em dispor de formas de pressão sobre o Ocidente, podendo expressar-se como um bloqueio a seu abastecimento.
4-Prestígio, revelado com a preocupação pela supremacia militar. Em dezembro de 1979, quando a União Soviética tinha 22 navios de guerra no Oceano Índico e os Estados Unidos 23, os russos enviaram mais quatro navios.
De um lado, isto é uma manifestação do poder soviético, e, de outro, a incapacidade e a impotência do Ocidente. O objetivo incluiria desestabilizar a região onde se joga o destino do mundo: os países árabes, o Golfo... até a Índia.
Os temores do Ocidente com relação à presença soviética no Oriente Médio cresceram a partir de 1979, quando Moscou passou a deslocar enormes contingentes para o Afeganistão.
O contraponto norte-americano à presença militar soviética era sustentado pelas bases terrestres e navais, em lugares como Omã, ilha Diego Garcia, Quênia ou Somália. Porta-aviões e navios de combate deslocavam-se constantemente pelas águas do Golfo Pérsico, Oceano Índico, Mar Mediterrâneo, etc. Aos russo e americanos interessava sobremaneira o controle do Estreito de Ormuz, por onde a cada vinte e um minutos passa um petroleiro com destino ao Ocidente.
O sultanato de Omã se constituiu no primeiro país árabe a ceder seu território para estabelecimento de bases militares norte-americanas. Mas as negociações não foram fáceis, apesar do ferrenho anticomunismo do sultanato.
Ocorre que seu governo sofreu muitas pressões por parte do demais países árabes, pelo fato de os Estados Unidos serem aliados de Israel. Pesar de pensarem como o governante de Omã, as demais monarquias do Golfo Pérsico procuravam evitar a presença militar norte-americana, mantendo inclusive uma posição de beligerância com Israel. A Arábia Saudita chegou a enviar contingentes e participar diretamente das guerras dos Seis Dias, em 1967, do Yon Kippur (para os judeus) ou do Ramadã (para os árabes), em 1973.
A União Soviética, que chegou a ter a simpatia de quase a totalidade do mundo árabe, por apoiá-lo na luta contra os israelenses, gradativamente foi perdendo força na região. E a principal transformação nesse sentido foi ditada pelo Egito.
Em 1970, Nasser providenciou a instalação de mísseis de fabricação soviética na zona do Canal de Suez. Foi o derradeiro ato da presença soviética naquele país. Nasser morreu naquele mesmo ano, tendo assumido o poder o vice-presidente Anuar Sadat. Menos de dois anos depois Sadat expulsou os soviéticos, que foram substituídos por egípcios. Mesmo com o distanciamento com Moscou, Sadat conduziu os árabes à guerra contra Israel, em 1973, na primeira vez que conseguiram vitórias militares, o que se deu nos últimos dias de batalha.
Após o décimo dia, no entanto, Israel retomou o poder de fogo, conquistando mais um triunfo.


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