Basicamente,
a União Soviética sempre procurou atacar os pontos frágeis do
Ocidente, restringir a capacidade dos países ocidentais de manobrar
no oceano Índico, de apoderar-se das fontes de petróleo e de
institucionalizar suas relações por meio de tratados de amizade.
Um seminário realizado em Jerusalém, em fevereiro de 1980, definiu
os objetivos soviéticos no Oriente Médio, e que seriam os
seguintes:
“1-Interesse ideológico, ou a
necessidade de golpear o Ocidente em sua parte mais frágil, as
colônias do Terceiro Mundo.
2-Interesse estratégico, que até
1962 se baseava na criação de um sistema de bases para romper o
cerco do Ocidente à União Soviética.
Desde 1962, com a crise dos mísseis
em Cuba por uma lado e, por outro, com a introdução dos foguetes
“Poisedon” em submarinos “Polanis”, a União soviética
desviou sua atenção para limitar a capacidade de manobras
americanas no Oriente Médio, em geral, e no oceano Índico, em
particular.
3-Interesse petrolífero, que é
secundário no contexto da estratégia para a segurança soviética.
Está centrado, principalmente, em dispor de formas de pressão sobre
o Ocidente, podendo expressar-se como um bloqueio a seu
abastecimento.
4-Prestígio, revelado com a
preocupação pela supremacia militar. Em dezembro de 1979, quando a
União Soviética tinha 22 navios de guerra no Oceano Índico e os
Estados Unidos 23, os russos enviaram mais quatro navios.
De um lado, isto é uma manifestação
do poder soviético, e, de outro, a incapacidade e a impotência do
Ocidente. O objetivo incluiria desestabilizar a região onde se joga
o destino do mundo: os países árabes, o Golfo... até a Índia.
Os temores do Ocidente com relação
à presença soviética no Oriente Médio cresceram a partir de 1979,
quando Moscou passou a deslocar enormes contingentes para o
Afeganistão.
O contraponto norte-americano à
presença militar soviética era sustentado pelas bases terrestres e
navais, em lugares como Omã, ilha Diego Garcia, Quênia ou Somália.
Porta-aviões e navios de combate deslocavam-se constantemente pelas
águas do Golfo Pérsico, Oceano Índico, Mar Mediterrâneo, etc. Aos
russo e americanos interessava sobremaneira o controle do Estreito de
Ormuz, por onde a cada vinte e um minutos passa um petroleiro com
destino ao Ocidente.
O sultanato de Omã se constituiu no
primeiro país árabe a ceder seu território para estabelecimento de
bases militares norte-americanas. Mas as negociações não foram
fáceis, apesar do ferrenho anticomunismo do sultanato.
Ocorre que seu governo sofreu muitas
pressões por parte do demais países árabes, pelo fato de os
Estados Unidos serem aliados de Israel. Pesar de pensarem como o
governante de Omã, as demais monarquias do Golfo Pérsico procuravam
evitar a presença militar norte-americana, mantendo inclusive uma
posição de beligerância com Israel. A Arábia Saudita chegou a
enviar contingentes e participar diretamente das guerras dos Seis
Dias, em 1967, do Yon Kippur (para os judeus) ou do Ramadã (para os
árabes), em 1973.
A União Soviética, que chegou a ter
a simpatia de quase a totalidade do mundo árabe, por apoiá-lo na
luta contra os israelenses, gradativamente foi perdendo força na
região. E a principal transformação nesse sentido foi ditada pelo
Egito.
Em
1970, Nasser providenciou a instalação de mísseis de fabricação
soviética na zona do Canal de Suez. Foi o derradeiro ato da presença
soviética naquele país. Nasser morreu naquele mesmo ano, tendo
assumido o poder o vice-presidente Anuar Sadat. Menos de dois anos
depois Sadat expulsou os soviéticos, que foram substituídos por
egípcios. Mesmo com o distanciamento com Moscou, Sadat conduziu os
árabes à guerra contra Israel, em 1973, na primeira vez que
conseguiram vitórias militares, o que se deu nos últimos dias de
batalha.
Após o décimo dia, no entanto,
Israel retomou o poder de fogo, conquistando mais um triunfo.
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