O templo do tango em Porto Alegre era o Balu. Ficava no primeiro andar do abrigo de bondes da praça XV. Ali se apresentava todas as noites uma legítima orquestra típica argentina, com cantante, interpretando os tangos da moda em Buenos Aires e Montevidéu. Era frequentado por casais e estudantes. O programa da minha turma da João Telles era ouvir tangos e tomar chope no Balu todos os sábados. Éramos uns oito ou dez, todos irmãos: Guaracy e Pery Menezes Moreira, Manoel e Miguel Meyer, Harri e Ernani Endres, Beto e Sylvio Scalzilli, meu irmão Celso Alcaraz Gomes e eu. Tínhamos entre 17 e 20 anos, estudávamos no ginásio e nos preparávamos para os embates da vida, ao som de “Percal”, “Gricel”, “Tristeza marina” e, sobre todos, o grande “Mano a mano”. Para outro dia pelo local. Do velho reduto tangueiro, nada mais resta. A não ser a melodia, que ouço ainda e que nos acompanhará para sempre.
Fonte: Flávio Alcaraz Gomes, página 4 de 14 de abril de 2005.
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