Um
ato ecumênico na Catedral da Sé, no centro de São Paulo, lembrou
os 40 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog por agentes
da repressão durante a ditadura militar. No mesmo local, uma semana
após a morte do jornalista, 8 mil pessoas se reuniram para protestar
o regime e denunciar o assassinato de Herzog. Era a primeira grande
manifestação popular contra a ditadura. O ato de ontem reuniu
representantes de várias religiões e ex-presos políticos.
Centenas de pessoas entraram às
14h30min na catedral, no horário em que teria ocorrido o assassinato
de Herzog. Funcionário público sem antecedentes criminais, Vlado,
como era chamado por amigos, era um dos diretores da TV Cultura. Ele
foi acusado de militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), que
estava na clandestinidade. Após ser procurado duas vezes por agentes
da repressão, Herzog apresentou-se voluntariamente no antigo
DOI-Codi, pensando que seria liberado após prestar depoimento. Mas
acabou sendo assassinado.
Durante o ato, foram interpretadas
músicas como “Para Não Dizer que Não Falei das Flores”, de
Geraldo Vandré, e “Calabouço”, de Sérgio Ricardo, que
simbolizavam a luta contra a ditadura. Um coral e vozes de 800
cantores participaram da homenagem. O filho de Vlado, Ivo Herzog,
chamou a atenção para os crimes contra os direitos humanos que
ainda ocorrem no país e criticou a atuação violenta de policiais
militares em São Paulo e o arquivamento de processos contra PMs por
falta de investigação.
Fonte: Correio do Povo, página 4 de
26 de outubro de 2015.
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