O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse nessa terça-feira (8) que o governo vai colocar larvicida nos carros-pipa que transportam água para os municípios atingidos pela seca no Nordeste. A intenção, informou, é destruir as larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus Zika e da dengue.
Ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante entrevista à imprensa após reunião com a presidenta Dilma Rousseff e governadores, no Palácio do Planalto
De acordo com ele, essa será a “principal ação” a ser feita pelo ministério a partir de agora, visando a combater o mosquito antes mesmo que ele nasça. “As pessoas acumulam água reservada em vasilhames para usar, e esses vasilhames estão sendo hoje, no Nordeste, o criadouro principal dos mosquitos. A campanha está centrada em não deixar o vírus nascer”, afirmou.
Marcelo Castro conversou com jornalistas após participar de uma reunião da presidenta Dilma com 25 representantes dos estados e do Distrito Federal, governadores e vices, para discutir o assunto. Durante o encontro, foi discutida a importância do envolvimento de cada uma das pessoas no enfrentamento ao mosquito e a preocupação com as gestantes para que não sejam picadas.
Na última semana, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus e casos de microcefalia em crianças, que aumentaram significativamente nos últimos meses. De acordo com a pasta, 1.761 casos suspeitos de microcefalia foram já notificados em 422 municípios brasileiros. Segundo o ministro, deve-se evitar o contato com o mosquito seja com telas nas casas ou roupas compridas, principalmente por parte das grávidas.
“Devemos fazer o dever de casa e, a partir de agora, entrar de casa em casa e exterminar qualquer foco, criadouro do mosquito. Essa ação tem que ser uma ação de toda a sociedade”, defendeu o ministro. Ele informou que mesmo com a atual restrição orçamentária, “não faltarão recursos” já que “hoje não existe no país problema maior”.
Além da campanha nacional, foi decidido que Brasília comandará um centro de controle de desastres. O objetivo é instalar salas nos estados e municípios para facilitar a comunicação sobre o vírus Zika. De acordo com o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, a centralização do controle permitirá maior eficiência no combate ao vírus e agilidade na avaliação dos resultados.
Dólar sobe e volta a fechar acima de R$ 3,80
Em alta pelo segundo dia seguido, a moeda norte-americana voltou a fechar acima de R$ 3,80. O dólar comercial encerrou esta terça-feira (8) vendido a R$ 3,81, com alta de R$ 0,051 (1,36%). A divisa caiu 1,96% em dezembro, mas acumula alta de 43,3% no ano.
O dólar chegou a abrir o dia em queda. Na mínima do dia, por volta das 9h40, a moeda chegou a ser vendida a R$ 3,748. A partir das 10h, a cotação disparou, até atingir R$ 3,816 por volta das 12h40.
Além das tensões políticas internas, o dólar subiu influenciado por notícias da China. Em novembro, as exportações da segunda maior economia do planeta recuaram 6,8%, no quinto mês seguido de queda. Os dados comerciais ruins fizeram o preço internacional do petróleo despencar. A cotação do barril caiu para US$ 37, no menor nível desde 2009.
O desempenho do comércio exterior chinês refletiu-se nos mercados emergentes e nas cotações de outras moedas latino-americanas, como o peso chileno e mexicano. Isso porque a desaceleração da China reduz a demanda mundial por commodities (bens primários com cotação internacional), principal tipo de produto exportado por países emergentes.
O dia também foi de perdas na bolsa. O índice Ibovespa, da Bolsa de São Paulo, caiu 1,72%, para 44.443,26 pontos.
*Com informações da Agência Lusa
Agência Brasil
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Dossiê denuncia violações na preparação do Rio para os Jogos Olímpicos
A quarta versão do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, disponibilizada hoje (8) pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do RJ e o Observatório das Metrópoles, diz que as violações à moradia permanecem sendo cometidas pela prefeitura da capital fluminense. O documento está sendo divulgado também em outros países, na versão em inglês.
Jogos Olímpicos Rio 2016, alunos e professores da rede municipal participam de desfile olímpico no Parque Madureira, na zona norte da cidade
“O dossiê demonstra que as remoções, ao contrário do que a prefeitura vinha anunciando desde o ano passado, não pararam. Estão ainda em curso e parte considerável está associada às intervenções das Olimpíadas, sobretudo em termos de mobilidade”, afirmou à Agência Brasil o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Orlando dos Santos Júnior, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur-UFRJ), um dos coordenadores do trabalho.
Santos Júnior disse que embora haja dificuldade de se obter informações relacionadas aos Jogos Olímícos de 2016, o comitê procurou identificar as remoções associadas ao evento. “O discurso da prefeitura tem sido que no Rio de Janeiro não existem remoções vinculadas à Olimpíada, exceto da Vila Autódromo”. Para o pesquisador, porém, há uma contradição nesse discurso da prefeitura, que é negar as intervenções vinculadas à mobilidade como parte do Projeto Olímpico. “Só que, no entanto, essas intervenções estão no legado de políticas públicas”. A prefeitura, segundo ele, estaria, com isso, negando os efeitos perversos das remoções.
Moradores da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, reclamam de perda de qualidade de vida e incertezas sobre o futuro com as obras para as Olímpiadas
O Comitê Popular da Copa e Olimpíada identificou que pelo menos 4.120 famílias já foram removidas e outras 2.486 permanecem ameaçadas de remoção, por motivos direta ou indiretamente relacionados às intervenções do Projeto Olímpico.
Segurança
No que se refere à política da ordem e da segurança, o dossiê assegura que o Projeto Olímpico está muito associado à ideia de vender o Rio de Janeiro como uma cidade segura, como ocorre internacionalmente nas demais sedes dos Jogos Olímpicos do Rio. “Só que, na verdade, o projeto está associado a um processo de grande violência junto aos territórios populares, sobretudo aos jovens negros, que são as principais vítimas”. O dossiê denuncia que a política de segurança para a Olimpíada de 2016 é baseada na guerra, em extrema violência, na militarização e no racismo. “Há uma política de genocídio, no sentido que a intervenção nas favelas é tão violenta que está associada ao sistemático assassinato de jovens negros”.
O documento mostra que essa forma de violência está fundada nos autos de resistência. “Você tem semanalmente casos de violência policial associada a essa política de segurança”, disse, citando o recente extermínio, ocorrido na noite do dia 28 de novembro, de cinco jovens de 16 a 25 anos, no bairro de Costa Barros, zona norte do Rio.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), constantes no dossiê, o número de autos de resistência subiu de 381, em 2012, para 416, em 2013, no estado do Rio de Janeiro, elevando-se para 584, no ano passado. Na primeira metade de 2015, o ISP já registra 349 mortes.
Orçamento
O dossiê faz um esforço para demonstrar que, ao contrário do que afirma a prefeitura, a Olimpíada envolve mais gastos públicos do que privados. O documento procura registrar gastos que não estão contabilizados pela prefeitura, entre os quais contraprestações públicas vinculadas a parcerias público-privadas (PPPs) do Porto Maravilha e do Parque Olímpico.
O Rio 450, segundo túnel da região do Porto, atinge 100% de escavação, é a primeira grande obra do sistema viário entregue pela prefeitura do Rio dentro do projeto Porto Maravilha
“A propaganda de que a Olimpíada seria puxada na sua maior parte por recursos privados só se sustenta com a omissão de gastos, com a deturpação dos dados”. Por isso, o dossiê tenta mostrar que, na realidade, o poder público é que está financiando o evento. Pelos cálculos do governo, o setor público responde por gastos de R$ 16,46 bilhões com o evento esportivo, ou o correspondente a 42,6% do total de R$ 38,67 bilhões, ficando o restante (R$ 22,21 bilhões), equivalente a 57,4% do total, com o setor privado.
Segundo o Comitê Popular, a inclusão dos custos omitidos elevaria o orçamento dos Jogos para R$ 39,12 bilhões, repartidos R$ 24,31 bilhões para o setor público (ou 62,1% do total), e R$ 14,81 bilhões (37,9%) para o setor privado.
Meio ambiente
Atletas e ambientalistas protestam na praia de Botafogo contra poluição da Baía de Guanabara, local das provas de vela nos Jogos Olímpicos de 2016
Além do descumprimento de um dos maiores compromissos assumidos para os Jogos do Rio, que é a despoluição da Baía da Guanabara, o documento cita o caso da construção do campo de golfe, que “envolve a destruição de parte de uma área de preservação ambiental, o favorecimento de grandes empreiteiras com o aumento do índice do potencial construtivo na Barra da Tijuca em troca desse empreendimento. São escândalos ambientais vinculados a intervenções da Olimpíada”, afirma o professor do Ippur-UFRJ.
O Campo Olímpico de Golfe, na Barra da Tijuca, durante a programação que assinala os 500 dias que faltam para os Jogos Olímpicos Rio 2016
O golfe voltou a ser uma modalidade olímpica para a Rio 2016, depois de 112 anos fora dos Jogos. O documento destaca que apesar de o município do Rio de Janeiro já ter dois campos de golfe que recebem provas internacionais disputadas no Brasil, que são o Itanhangá Golf Club e o Gávea Golf Club, a prefeitura decidiu construir mais um campo na cidade. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro questionou as irregularidades ambientais referentes ao campo de golfe mas, apesar disso, as obras continuaram e o campo foi inaugurado pelo prefeito Eduardo Paes no último dia 22 de novembro.
Esportes
O dossiê inclui vasto relatório sobre a questão dos esportes como extensão da Olimpíada. Para Orlando dos Santos Júnior, o evento não vai deixar um legado de equipamentos esportivos para a cidade. “Muito pelo contrário. Nós perdemos a oportunidade de recuperar o Estádio de Remo. As estruturas vão ser provisórias”. Lembrou que o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamare vão continuar fechados. “Você não tem espaço para treinamento dos atletas. Tem uma oportunidade perdida de investimento em equipamentos esportivos”, sustentou o pesquisador do Observatório das Metrópoles.
Estádio Mário Filho , o Maracanã (ME/Portal da Copa/Daniel Basil)
Além dessas temáticas, o dossiê traz denúncias relacionadas, por exemplo, a criança e adolescente, trabalho escravo, repressão a camelôs e a prostitutas. “Vários grupos estão sofrendo os efeitos da repressão promovida pelo governo municipal”. Segundo o coordenador, o dossiê é uma tentativa de mostrar que esse Projeto Olímpico está, na verdade, a serviço de um projeto de cidade excludente, na medida em que obras e intervenções são feitas sem participação popular, com favorecimento a grandes empreiteiras, “que são as mesmas”. Reiterou que os cariocas estão perdendo a oportunidade de promover uma cidade mais justa, mais integrada. “Nós estamos muito distantes de promover uma Olimpíadas da integração social e estamos efetivamente vendo uma política de exclusão social sendo implementada na cidade do Rio de Janeiro”.
Prefeitura do Rio de Janeiro
Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura do Rio encaminhou, por meio de sua assessoria de imprensa, documento da Secretaria Municipal de Habitação e Cidadania, que assegura que o município do Rio de Janeiro tem enfrentado, em seu processo de transformação, o “desafio de implementar obras mexendo o mínimo possível na rotina dos cariocas”.Isso inclui, por vezes, a necessidade de desapropriação ou do reassentamento de famílias que morem na área de influência de intervenções públicas, informou. Deixou claro, entretanto, no tocante a remoções, que a administração municipal “não utiliza o instrumento da remoção, quando as famílias são retiradas à revelia do imóvel e não são dadas condições de transição para elas”.
A prefeitura não comentou as outras denúncias formuladas pelo dossiê.
A prefeitura não comentou as outras denúncias formuladas pelo dossiê.
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