O
Correio do Povo foi fundado por
Caldas Júnior (1868-1913) no dia 1º de outubro de 1895. Portanto,
neste ano completará 120 anos de existência. Teve entre seus
pioneiros redatores o jornalista negro José Paulino Azurenha
(1860-1909). Com o pseudônimo de Léo Pardo, essa personalidade teve
sua trajetória rememorada em discursos na Assembleia Legislativa do
Rio Grande do Sul.
No dia 5 de outubro de 1959, Carlos
da Silva Santos (1904-1989), deputado negro, homenageou o jornal, que
na época completava 64 anos. Em seu discurso na Assembleia, Santos
disse: “O grande matutino d Caldas Júnior hoje estava reluzindo
entre as pilastras honoríficas da imprensa brasileira, pois
representava um templo de exaltação do conhecimento”.
Carlos Santos lembrou também o
colega Caldas Júnior, Paulino Azurenha. Para o deputado, Paulino
Azurenha era uma “figura adamantina de ébano, poeta de raça,
jornalista e literato de escol (…) simples e modesto operário
tipógrafo, passando pelo título de melhor cronista literário de
sua época, conquistou renome nacional para culminar na suprema
glória literária do seu ingresso na Academia Rio-Grandense de
Letras”.
Finalizando sua intervenção, Carlos
Santos destacou as dificuldades que Léo Pardo enfrentou, pois mesmo
com “os preconceitos raciais retrógrados” e com a falta de um
“curso regular” era “dotado de invencível poder de vontade”,
por isso “pode mesclar com labores modestos da tipografia o
autodidatismo estupendo que lhe banhou o espírito com as rutilâncias
do saber e lhe armou a inteligência com os surtos condoreiros da
imortalidade”.
Breno Alcaraz Caldas (1910-1989),
diretor do veículo jornalístico em 1975, em artigo publicado nas
linhas de uma edição comemorativa, alusivo aos 80 anos de fundação
do diário, explicou as dificuldades por Caldas Júnior para
constituir e manter o jornal. Conforme Breno Caldas: “O Correio do
Povo nascera em prédio alugado, pobre de recursos e desprovido da
sofisticação técnica de que dispunham os grandes jornais”.
Paulino Azurenha e Caldas Júnior enfrentaram as óbices e,
principalmente, os êxitos do periódico. Saudamos a fundação do
jornal Correio do Povo, bem como a presença de Paulino Azurenha,
negro de escol, na história deste importante periódico
sul-rio-grandense.
Historiador
Fonte: Correio do Povo, edição de 13
de setembro de 2015, página 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário