sábado, 5 de dezembro de 2015

José Paulino Azurenha, por Arilson dos Santos Gomes

O Correio do Povo foi fundado por Caldas Júnior (1868-1913) no dia 1º de outubro de 1895. Portanto, neste ano completará 120 anos de existência. Teve entre seus pioneiros redatores o jornalista negro José Paulino Azurenha (1860-1909). Com o pseudônimo de Léo Pardo, essa personalidade teve sua trajetória rememorada em discursos na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
No dia 5 de outubro de 1959, Carlos da Silva Santos (1904-1989), deputado negro, homenageou o jornal, que na época completava 64 anos. Em seu discurso na Assembleia, Santos disse: “O grande matutino d Caldas Júnior hoje estava reluzindo entre as pilastras honoríficas da imprensa brasileira, pois representava um templo de exaltação do conhecimento”.
Carlos Santos lembrou também o colega Caldas Júnior, Paulino Azurenha. Para o deputado, Paulino Azurenha era uma “figura adamantina de ébano, poeta de raça, jornalista e literato de escol (…) simples e modesto operário tipógrafo, passando pelo título de melhor cronista literário de sua época, conquistou renome nacional para culminar na suprema glória literária do seu ingresso na Academia Rio-Grandense de Letras”.
Finalizando sua intervenção, Carlos Santos destacou as dificuldades que Léo Pardo enfrentou, pois mesmo com “os preconceitos raciais retrógrados” e com a falta de um “curso regular” era “dotado de invencível poder de vontade”, por isso “pode mesclar com labores modestos da tipografia o autodidatismo estupendo que lhe banhou o espírito com as rutilâncias do saber e lhe armou a inteligência com os surtos condoreiros da imortalidade”.
Breno Alcaraz Caldas (1910-1989), diretor do veículo jornalístico em 1975, em artigo publicado nas linhas de uma edição comemorativa, alusivo aos 80 anos de fundação do diário, explicou as dificuldades por Caldas Júnior para constituir e manter o jornal. Conforme Breno Caldas: “O Correio do Povo nascera em prédio alugado, pobre de recursos e desprovido da sofisticação técnica de que dispunham os grandes jornais”. Paulino Azurenha e Caldas Júnior enfrentaram as óbices e, principalmente, os êxitos do periódico. Saudamos a fundação do jornal Correio do Povo, bem como a presença de Paulino Azurenha, negro de escol, na história deste importante periódico sul-rio-grandense.


Historiador



Fonte: Correio do Povo, edição de 13 de setembro de 2015, página 2.



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