quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Corrupção: como cortar este mal pela raiz?, por Christian de Azevedo

De tempos em tempos, a corrupção toma conta do noticiário e das discussões do dia a dia das pessoas. O grande problema é que, de modo geral, o debate sobre o tema é superficial, pois foca apenas nos sintomas, deixando de lado as causas estruturais da corrupção no Brasil. Um exemplo da superficialidade com que a corrupção é tratada nos círculos de conversas está na quase completa ignorância de que, na origem dos esquemas de corrupção, está a sonegação, mal que assola o país cinco vezes mais.
O dinheiro que alimenta a corrupção, na forma de propina, provém do caixa 2. São valores que não aparecem na contabilidade oficial da empresa, tendo, no máximo, um controle paralelo, informal, escondido, sendo de conhecimento apenas dos administradores e poucos funcionários. O único profissional que, por lei, possui a competência precípua de investigar as contas das empresas é o auditor-fiscal. Esse profissional tem como missão exatamente valores não informados pelas empresas, pois é desses montantes que se pode aferir o que foi sonegado ou seja, o que deixou de ser recolhido em impostos. Aliás, no dicionário, “sonegar” significa exatamente omitir, esconde informação. Daí que se pode dizer que dificilmente um escândalo de corrupção viria à tona se não fosse o trabalho de um auditor-fiscal.
De fato, o sistema político é o grande responsável pela corrupção que se entranha na máquina pública. Contudo, de nada adiantará reformar a política brasileira se os órgãos de fiscalização e controle não tiverem autonomia para poder exercer seu trabalho sem interferência política.
Hoje, em Brasília, haverá uma grande mobilização do Fisco de todo o Brasil, justamente visando chamar a atenção da população para este aspecto estrutural do debate acerca da corrupção. Há uma PEC, nº186/07, cuja proposta é justamente combater a origem da corrupção que é abastecida pelo dinheiro escondido, sonegado por empresas corruptoras. A população precisa, urgentemente, se apropriar desse tema.


Diretor de Comunicação do Sindfisco-RS e da Afisvec



Fonte: Correio do Povo, página 2 da edição de 30 de setembro de 2015.


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