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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

PMDB: “UMA PONTE PARA O FUTURO”... PÓS-IMPEACHMENT!

PMDB: “UMA PONTE PARA O FUTURO”... PÓS-IMPEACHMENT!
              
1. O debate público sobre o impeachment da presidente Dilma, no calor da sua impopularidade e de uma clara maioria na Câmara de Deputados liderada pelo presidente da casa, foi sendo arrefecido entre empresários e economistas, com a interrogação: Michel Temer, com seu PMDB, será mesmo uma alternativa? As respostas entre aqueles foi se tornando consensual: Não vale a pena o risco. Melhor deixar como está para ver como fica. 
              
2. Nesse quadro, Dilma, mesmo se desgastando com Lula, com o PT e com a CUT, reforçou o ministro Joaquim Levy. A presença garantida de Levy, por Dilma, ajudava àquela resposta: Bem, pelo menos temos um dos nossos no governo e a garantia de paz sindical. Nesse sentido, Lula passava a ser o agente maior da desestabilização de Dilma ao desestabilizar Levy. Ingênuo ele não é. Pego em flagrante, reuniu o PT e pediu silêncio a respeito.
              
3. De repente, dia 29 de outubro, o PMDB apresenta seu programa alternativo: “Uma Ponte para o Futuro”. No palco, o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB. 
              
4. O programa alternativo é a transcrição do que empresários e economistas liberais vinham propondo para a economia brasileira: literalmente. Os pontos: uma política de desenvolvimento centrada na iniciativa privada, volta ao regime de concessões no petróleo, liberdade comercial ignorando o Mercosul, ampliar a idade mínima de aposentadoria, acabar com as vinculações constitucionais incluindo educação e saúde, fim de todas as indexações, incluindo benefícios previdenciários e salários, permitir que convenções coletivas de trabalho prevaleçam sobre as normais legais, reduzir o número de impostos, racionalizar (flexibilizar) os licenciamentos ambientais... E por aí vai. 
              
5. É claro que um programa como esse não tem a mínima chance de tramitar no Congresso com Dilma na presidência, Lula, CUT e PT na garupa. Haveria a necessidade de um governo novo, carregado de expectativas que, na lógica de Maquiavel, assumiria e faria tudo isso de uma vez, num pacotão para tramitar em regime de urgência, “carregado de esperança e legitimidade”. Não foi assim que Collor fez? 
              
6. Dessa forma, o real, verdadeiro e único objetivo da “Ponte” é atravessar o rubicão da crise e da impopularidade de Dilma e alcançar o outro lado do poder. Esse é o “Futuro” que leva a “Ponte”. 
              
7. Com a confiança do empresariado e de economistas liberais, exponenciado pela mídia que abraçou o programa do PMDB, é desmontado o argumento que ruim com Dilma, pior com Temer.  Sem a confiança de Lula, do PT e da CUT, sem o lastro parlamentar do PMDB, o que restaria à Dilma? Ser tragada pela crise? Aceitar pedir licença por razões de saúde? Ou ser atropelada por um impeachment e ficar bradando contra o golpe? 
              
8. O ‘Panorama visto’ da “Ponte” é que não haverá nenhuma pressa para que as medidas de ‘ajuste fiscal’ caminhem em 2015. E que deixem que a crise se aprofunde e asfixie Dilma, que teria deixado de ser solução. 

                                                    * * *
             
ENTREVISTA DO COMANDANTE DO EXÉRCITO GEN. EDUARDO VILLAS BOAS AO ESTADO DE S.PAULO (02): DESTAQUES!
      
1. ESP: O sr. falou do risco de uma crise política atual se transformar em crise social, que isso preocupa e diz respeito às Forças Armadas. / GEN. EVB: O Exército passou 14 meses na Favela da Maré, no Rio, porque havia risco de crise social. Nos preocupa sim porque se a crise econômica prossegue, o desemprego e a falta de perspectiva aumentam e é natural que isso acabe se transformando em um problema social. E problema social que se agrava, se transforma em violência, passa a nos dizer respeito diretamente. Esse é o papel constitucional do Exército. Nosso papel é manter a estabilidade e qualquer coisa que venha eventualmente a quebrar essa estabilidade preocupa. / ESP: Mas isso não tem nada a ver com intervenção política? / GEN. EVB: Absolutamente. Não tem. E é bom que fique claro isso. O Brasil é um País com instituições sólidas e amadurecidas, que estão cumprindo seus papéis.
      
2. ESP: Há uma crise ética no País? / GEN. EVB: Há uma crise ética no País. Inclusive, está muito mais comum do que se pensa as pessoas pedirem que o Exército tome providências para solucionar a crise. Elas estão demandando, na verdade, os valores que as Forças Armadas representam e a sociedade está carente. Sem a restauração desses valores é difícil que o Brasil recupere trajetória de evolução, do progresso e do desenvolvimento. / ESP: A chegada do PT ao poder tem que responsabilidade nisso? / GEN. EVB: Não, absolutamente. Isso já vem de algum tempo. Essa crise ética da sociedade brasileira é um processo que não se instaura de um momento para o outro. Nem mesmo a autoridade da professora na sala de aula está sendo mais reconhecida.
      
3. ESP: O sr. concorda que a corrupção está instalada no Brasil? / GEN. EVB: Concordo. Mas eu diria que esse é um estado de coisas que nós vivemos. Durante a Operação Pipa, no Nordeste, 60% dos 6.800 caminhoneiros que trabalham na distribuição de água tentaram algum tipo de fraude. Não se trata de estigmatizar os caminhoneiros. Eles fazem parte da sociedade brasileira. São práticas que se tornaram comuns na sociedade e isso é a base de uma pirâmide. A medida que vai subindo, vai se potencializando. 
      
4. ESP: Os cortes de gastos vão trazer problemas para as fronteiras? / GEN. EVB: Já temos problemas nas fronteiras. Apesar de todo o esforço e sacrifício de nosso pessoal, temos dificuldades para cumprir nossas missões. O Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras), por exemplo, já está ameaçado. A previsão original era de instalação em dez anos, de 2012 a 2022. Com os seguidos cortes, a conclusão foi adiada para 2035 e, agora, não ficará pronto antes de 2065. Ou seja, todas as tecnologias desenvolvidas de agora já estarão obsoletas. / ESP: Os nossos armamentos como os fuzis estão obsoletos? / GEN. EVB: Usamos ainda o fuzil FAL da década de 1960, que já está se tornando obsoleto. A Imbel desenvolveu o fuzil IA2, que está sendo usado pelas tropas brasileiras no Haiti. Mas ele está sendo produzido num ritmo muito menor do que seria necessário. Precisamos substituir os 226 mil fuzis. Mas só estamos comprando mil deles por ano. Também está faltando munição e isso deixa o adestramento prejudicado. / ESP: Isso quer dizer que caso precise haver emprego da Força, nós poderemos ter problemas? / GEN. EVB: Poderemos.

Ex-Blog do Cesar Maia

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