segunda-feira, 30 de novembro de 2015

MP diz que Jardel pedia drogas usando termos como "picanha" e "cerveja"

Ação do Ministério Público, nesta segunda-feira, devassa trabalho de deputado que, segundo investigações, teria desviado verbas da Assembleia Legislativa



MP diz que Jardel pedia drogas usando termos como "picanha" e "cerveja" Reprodução/Agência RBS
MP flagra suspeito de entregar drogas para JardelFoto: Reprodução / Agência RBS
Uma das suspeitas investigadas na Operação Gol Contra é de financiamento ao tráfico de drogas com dinheiro público.
O Ministério Público apurou que o marido de uma funcionária-fantasma fornecia drogas ao deputado Mário Jardel (PSD). Há diálogos revelando a encomenda de drogas por parte do parlamentar e filmagens do suspeito indo ao prédio de Jardel fazer entregas, conforme combinações captadas em telefonemas. O MP suspeita de que o salário da fantasma servisse para quitar o pagamento pelas drogas.


O MP destacou na investigação: "O que chama a atenção, no contexto, não é o eventual uso de droga pelo parlamentar, mas a evidente possibilidade, diante do que foi apurado, de que ele esteja financiando o tráfico de drogas com o desvio de verbas públicas de seu gabinete".
A funcionária-fantasma identificada na investigação tem salário de R$ 3,8 mil. Para o MP, o fato de justamente ela ter sido contratada, já que é mulher do homem que fornece drogas a Jardel, indica que o intuito possa ser de o salário reverter para o marido dela, financiando o fornecimento de drogas.
Em 1º de novembro, o MP flagrou uma ligação em que Jardel diz ao suspeito: "Tem como tu ligar pro teu amigo lá para pegar um...um cigarro pra mim?" Segundo o MP, os pedidos eram feitos em código. Há diálogos em que Jardel fala em "picanha". Em 7 de novembro, Jardel ligou para o suspeito para informar que estava descendo para a sauna e que gostaria de "uma carteira de cigarros e duas cervejas, entendeu?".
Poucas horas depois, já no dia seguinte, o deputado faz nova solicitação. O MP avaliou que o pedido foi mais explícito, deixando clara a ilicitude do que estava sendo encomendado. Jardel pediu que a entrega fosse feita "num cantinho da garagem" e que o interlocutor evitasse de o porteiro interfonar para seu apartamento. O que foi registrado na investigação: "Além de novamente solicitar as duas cervejas e um cigarro de praxe, fez uma importante observação, não deixando qualquer dúvida quanto a ilicitude dos produtos fornecidos:
— Não tem como tu chegar no cantinho da garagem lá embaixo, é furado ali — teria dito o deputado.
A entrega do produto foi feita no local indicado por Jardel e gravada pelo MP.

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