sábado, 21 de novembro de 2015

Depoimentos não esclarecem caso de Cuba

Enquanto o advogado Rogério Buratti confirmava ontem, na CPI dos Bingos, a declaração dada à revista Veja de que ficou sabendo do suposto envio de dinheiro cubano ao Brasil por informações do ex-secretário municipal da Fazenda de Ribeirão Preto Ralf Barquete, morto no ano passado, o economista Vladimir Poleto entrava em contradição. Poleto foi assessor da prefeitura comandada, na época, pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sustentou até o fim do depoimento que não se lembrava da entrevista gravada e apresentada na própria CPI.
Diante das declarações, os senadores aprovaram dois requerimentos pedindo ao Ministério Público e à Polícia Federal o indiciamento e a prisão preventiva do economista. Poleto usou i direito, garantido por habeas corpus, de não responder às perguntas dos senadores.


Mais revelações
Após falar sobre supostos recursos enviados por Cuba à campanha de Lula em 2002, o advogado Rogério Buratti pós ainda mais pólvora na crise ao afirmar que o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sabia da suposta doação não declarada feita também por donos de bingos de São Paulo à campanha do presidente
Palocci fica em situação ainda mais delicada se for considerado o relato de uma testemunha, mantida em sigilo, ao Ministério Público. Segundo esse depoimento, um empresário seria o responsável por suposta arrecadação de dinheiro em nome de Palocci. A doação de R$ 1 milhão teria sido feita por dois empresários angolanos, donos de bingos. O mesmo empresário também seria um personagem da denúncia sobre o governo de Cuba. Teria cedido o carro blindado que transportou em São Paulo três caixas de uísque ode, segundo a Veja, estariam 1,4 milhão de dólares ou 3 milhões de dólares, conforme a versão. Buratti afirmou ter ouvido os relatos sobre Cuba, mas disse que não participou da operação.



'Excesso de álcool'
O economista Vladimir Poleto afirmou, em depoimento na CPI dos Bingos, que o jornalista da revista Veja mentiu em todas as denúncias publicadas sobre a remessa de dinheiro por Cuba à campanha presidencial em 2002. Ao mesmo tempo, declarou que estava bêbado e que a entrevista para a Veja foi gravada durante dez minutos, em um churrasco, “entre uma cachaça e outra”. Poleto foi desmentido pela gravação da entrevista, em que dá detalhes da operação. Depois de negar por quase duas horas as declarações sobre o voo de Brasília a Campinas em que teria transportado o dinheiro supostamente enviado pelo governo cubano, Poleto foi desmentido por sua própria voz, que estava gravada, e se deparou com senadores furiosos, que o acusavam de mentir de forma deslavada. “Não me recordo se fiz declarações e, se fiz, foram falsas, inverídicas, fruto de coação e de excesso de álcool”, admitiu, por fim. Só escapou da prisão em flagrante porque estava protegido por habeas corpus, mas sua prisão preventiva foi solicitada.


Fonte: Correio do Povo, capa da edição de 11 de novembro de 2005.


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