Nunca
na história deste país, se viu tanta corrupção, tanto empenho em
manter a população menos favorecida presa a falsos benefícios,
tanta escamoteação por parte do governo para encobrir os chamados
“malfeitos” - expressão tão cara à presidente da República.
O petrolão é a ponta de inúmeros
desvios de dinheiro público, significativo a ponto de, antes mesmo
de seu deslinde, colocar o mensalão como um episódio de menor
importância. Os Josés, os Pedros, o Jeferson eu desconhecido Lamas
tornar-se-ão personagens menores em vista do que se afigura por vir.
A pergunta é por que Marcos Valério
serviria de intermediário para negócios escusos se não fosse a
mando de alguém bem mais importante que José Dirceu? E por que José
Dirceu, o qual, aparentemente, não enriqueceu à custa das
falcatruas, valer-se-ia de Marcos Valério? A dedicação única a um
partido político? O bem da pátria?
A questão que se apresenta agora é
a mesma. O que moveu Paulo Sérgio e Alberto Youssef? Apenas a
vontade e de fazer benevolência com o dinheiro alheio?
Na Terra do Nunca, talvez se possa
acreditar nessa fábula. Talvez ela prospere e continuaremos a viver
num mundo imaginário, onde seus habitantes se recusam a crescer.
Porque crescer envolve abrir os olhos, abandonar contos da carochinha
e plantar os pés firmemente no real.
E o mundo real branda para que
fiquemos alertas, cobrando, tanto da situação quando da oposição,
o cumprimento das promessas de campanha, sem acomodação ou
derrotismo.
Num Congresso Nacional em via de
sofrer maciça renovação, seus atuais membros empenham-se com
especial denodo em deixar de fora das CPIs a inquirição de
diretores da Petrobras, do tesoureiro-geral do Partido dos
Trabalhadores e de parlamentares citados pelos delatores Paulo Sérgio
e Youssef. Dos novos congressistas, espera-se que levem ao fim e ao
cabo a apuração dos fatos que envolvem seus membros.
Pela primeira vez em 12 anos,
levanta-se uma oposição ao governo federal, respaldada em mais de
50 milhões de votos. SE não vivemos na Terra do Nunca, importa
acreditar que é séria, respeitável e movida pela justa busca do
bem comum.
Desembargadora do TJRS
Fonte: Zero Hora, página 27 de 11 de
novembro de 2014.
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