domingo, 22 de novembro de 2015

A sucessão de Cristina, por Jurandir Soares

Como Cristina Fernandez Kirchner não conseguiu mudar a constituição para concorrer a um terceiro mandato, os argentinos irão às urnas no próximo domingo, dia 25, para escolher o seu sucessor. E, por incrível que pareça, com todo o desgoverno de Cristina, o candidato apoiado por ela está na frente nas pesquisas de opinião. É Daniel Scioli, governador da província de Buenos Aires que concorre pela Frente para a Vitória. Seu principal opositor é o ex-prefeito de Buenos Aires Maurício Macri, que concorre pelo Mudemos. A terceira força é Sérgio Massa, do Unidos para uma Nova Argentina. As mais recentes pesquisas indicam Scioli com entre 38 e 41% dos votos, incluindo os indecisos. Macri com 30% e Massa com 24%. Os outros três concorrentes não chegam a pontuar 4%. Para vencer no primeiro turno é preciso alcançar 45% dos votos ou 40% com uma diferença de 10% para o segundo colocado.
O detalhe é que Scioli, apesar de ser o candidato governista, afirma que fará um governo diferente do de Cristina Kirchner – a quem acusa de ter isolado a Argentina. Diz ele que quer abrir o país para o mundo, e que o primeiro passo para isso passa pelo Brasil. Acontece que o isolamento da Argentina se dá por causa do calote aplicado nos credores internacionais ao tempo do governo de Néstor Kirchner. Graças a isto, o país não consegue crédito no mercado e tem que gastar suas reservas monetárias – as quais, segundo dados do FMI, estarão zeradas quando Cristina passar o governo para o seu sucessor. A única forma que a Argentina tem hoje de auferir dólares é com as exportações. Mas estas diminuíram sensivelmente devido às taxas que o governo passou a aplicar e também à crise econômica que se estabeleceu no mundo desde o ano de 2008.
Além do cofre vazio, Cristina deixou também uma inflação, que segundo cálculos de economistas está beirando os 30%, mas que para o Indec, o IBGE argentino, está em 12%. Mudar esse quadro de um país que já se equivaleu aos padrões europeus será o desafio para o vencedor.


Fonte: Correio do Povo, página 6 de 18 de outubro de 2015.


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