domingo, 22 de novembro de 2015

A prática da transparência, por Cezar Miola

Neste ano o Prêmio Boas Práticas de Transparência na Internet chega à sua segunda edição. Trata-se de uma iniciativa do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS) que tem por objetivo reconhecer os esforços dos Executivos e dos Legislativos municipais no que diz respeito à transparência, de acordo com os resultados de uma avaliação de sus portais. Para tanto, são atualmente utilizados 22 critérios, num total de 88 itens de controle, por meio dos quais é verificado o atendimento, pelos públicos, dos preconceitos da Lei de Acesso à Informação e da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Assim, praticando ele próprio a transparência, e sem descuidar de suas atribuições fiscalizatórias mais tradicionais, o tribunal lançou mão de ações alternativas e, com elas, tem contribuído de forma mais concreta para a melhoria da gestão pública, da governança e, consequentemente, dos serviços prestados à população gaúcha.
Nesse contexto se insere a honraria que hoje estamos outorgando a 76 Executivos e a 60 Câmaras Municipais riograndenses. Trata-se da concessão de um selo digital e de um diploma, que tem se revelado como uma importante credencial conferida aos poderes e órgãos da administração pública, que promovem e prestigiam a disponibilização de informações acerca do ambiente governamental.
Por isso, os critérios de avaliação não se limitam a exigir o cumprimento dos requisitos ministros estabelecidos pelas já citadas normas. O Tribunal de Contas procura identificar quais informações a sociedade mais busca quando acessa os portais públicos. A resposta é “serviços públicos”: acessar atos normativos no portal da Câmara de Vereadores e, no sítio do Executivo, obter informações sobre como pagar tributos e participar de campanhas de vacinação; saber a respeito da mobilidade urbana, da iluminação pública, do transporte coletivo, das obras do município, entre outros assuntos. Assim, o TCE-RS estimulou a disponibilização desses dados, embora nem sempre haja exigência legal explícita nesse sentido. E os resultados das auditorias realizadas demonstram o êxito da iniciativa.
De qualquer forma, trata-se apenas dos primeiros passos. Ainda é necessário avançar em relação à desburocratização para acesso a dados e serviços públicos e, principalmente, quanto à exposição dos informes, de modo que sejam de fácil localização e compreensíveis para toda a população. Mas esse começo é importante para o processo de consolidação da cultura da transparência e da integridade no Estado do Rio Grande do Sul e – quiçá por meio do exemplo – também em âmbito nacional.


Presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul



Fonte: Correio do Povo, página 2 de 20 de outubro de 2015. 

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