Paralelamente,
os demais países da região foram conquistando sua independência,
mas permanecendo por longos anos sob o tacão do colonizador. De uma
forma ou de outra, Inglaterra e França mantiveram presença,
especialmente militar, naqueles países. O Iraque, por exemplo,
tornou-se independente em 1932, sob Faiçal I, que, queria governar
em Damasco, mas ganhou Bagdá de presente. Mas as tropas inglesas
viriam intervir maciçamente no país em 1941, sob o pretexto de
dissolver um governo pró-nazista que se estruturava. A monarquia no
Iraque durou até 1958, quando um golpe militar, liderado pelo
general brigadeiro Abdul Karim Kassem derrubou e assassinou o rei
Faiçal II e o príncipe herdeiro Abdullah.
A Jordânia teve reconhecida sua
independência em 1928, mas a Inglaterra manteve o controle militar e
financeiro até 1948. O país chamava-se inicialmente Frasnjordânia,
nome que foi mantido até 1949, quando se tornou o Reino Hachemita da
Jordânia. O Egito, que também se tornara um protetorado inglês em
1914, conseguiu fazer com que a Inglaterra concordasse em retirar-se
do país em 1936. Mas esta retirada deve como exceção a zona do
Canal de Suez. E em 1940 – 2 as forças britânicas voltaram a
utilizar-se do país como base para combater a Itália e a Alemanha,
por ocasião da Segunda Guerra Mundial.
A Síria, da mesma forma, teve as
suas terras ocupadas pelos franceses durante a Segunda Guerra
Mundial. A retirada se deu em 1944, quando o país adquiriu sua
independência. Já o Líbano foi declarado independente pela França
livre em 1941, ocasião em que foi assinado o chamado Pacto Nacional,
estabelecendo a divisão d poderes entre cristãos e muçulmanos com
base na representação proporcional. A França manteve o controle do
país até 1945, quando suas tropas se retiraram.
Assim é que, mesmo sob a pressão do
colonizador, os países da região conseguiram tornar-se
independentes, basicamente durante o período entre as duas grandes
guerras. Colaboraram para isso a determinação dos povos árabes e o
enfraquecimento das duas grandes potências mundiais, que passaram a
ter suas atenções voltadas para o confronto com as forças do Eixo.
É inegável que a ocupação
europeia da Arábia deu-se de forma diferente da ocupação otomana.
Os europeus levaram o progresso econômico e científico a um região
que estivera mergulhada nas trevas ao longo de quatro séculos. O
grande problema, e que permanece até hoje, é que o Ocidente nunca
soube entender o Oriente. Os europeus sempre deixaram transparecer
seu desprezo pela religião, costumes e tradições dos árabes,
sempre tratados com um indisfarçável desprezo. Em grande parte isso
se dá porque os muçulmanos como um todo nunca conseguiram a
separação entre Igreja e Estado pregada por John Locke e que os
Estados Unidos adotaram há 200 anos. Para os muçulmanos a religião
sempre foi um meio de resistência às potências coloniais, assim
como também não deixou de moldar as características despóticas e
feudais de muitos de seus Estados, dos quais o Irã e a Arábia
Saudita são os maiores exemplos. Até hoje o Corão ainda é
sinônimo de Constituição em muitos países da região. E não é
sem razão que o termo “jihad” - guerra santa – surgiu como
forma de combater o inimigo em nome de Deus, o que se constituía num
fator de unidade nacional.
Em países mais ortodoxos, como o
xiita Irã ou a sunita Arábia Saudita, as leis do islamismo chegam a
ser incorporadas aos códigos Civil e Penal do Estado. Mesmo em meio
às profundas transformações provocadas pela exploração do
petróleo, o islamismo foi sempre sendo adaptado às legislações
dos países do Oriente Médio.
E o consumo de álcool, proibido
pelos ditames do Corão, é vetado até hoje na maioria dos países
muçulmanos. Os infratores são sentenciados a chibatadas em praça
pública.
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