Dirigir
falando ao celular torna-se fatal, segundo dados do Observatório de
Segurança Viária
Mauren
Xavier
O
celular tão indispensável nos dias de hoje pode trazer graves
prejuízos quando estiver relacionado ao trânsito. Segundo o
Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), o uso do
aparelho diminui em 35% a atenção do motorista, o que contribui
para o aumento de risco de acidentes.
Mas
como isso ocorre? A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
(Abramet) informa que o motorista reage de maneira mais lenta ao
precisar frear ou desviar, dificilmente olha pelo retrovisor, uma vez
que está focado na tela e no fluxo à frente; assume uma trajetória
errática; e tem dificuldade em trocar as marchas. Outra situação é
a de não conseguir controlar a velocidade do carro, que poderá
ficar maior ou menor do que a ideal para o trecho.
Para
se ter uma noção, para pegar um celular, o motorista demora de 3 a
4 segundos. Se ele estiver a 100 km/h, significa que o carro atingirá
100 a 120 metros num caminho cego, ou seja, sem que o motorista
esteja realmente atento.
O
maior problema atualmente nem são as ligações, mas o hábito de
mandar mensagens. Segundo o diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues
Alves Júnior, a atenção do motorista é interrompida várias vezes
no processo de responder uma simples mensagem. Primeiro perto alerta
sonoro de recebimento, depois ao ler e, em seguida, ao responder.
Além disso, o motorista ainda permanece distraído, porque fica no
aguardo da resposta.
Os
mais afetados pelo uso inadequado do celular no trânsito são os
jovens, que dominam com mais rapidez a tecnologia. De uma maneira bem
radical, Alves Júnior disse que o ideal seria o motorista desligasse
o celular ao entrar no veículo. “digitar uma mensagem é uma ação
absurda na direção de um carro, uma vez que o condutor fica
recebendo múltiplas informações e não consegue se focar na
direção”, enfatizou.
Entre
as justificativas para o uso do celular estão a curiosidade em saber
o conteúdo da mensagem, o motivo da ligação e a falta de
consciência dos riscos que esse comportamento pode provocar. A
maioria acha que não será multado por isso.
Segundo
o coordenador da Educação para o Trânsito da EPTC, Juranês
Castro, há muitos acidentes causados por distrações provocadas
pelo celular. Apesar de não existir dados oficiais, ele explicou que
por meio da análise de câmeras de vigilância e pelas
características do acidente é possível avaliar a influência que o
aparelho teve.
6 mil
multas são aplicadas nas rodovias do Estado
Quase
6 mil multas são aplicadas por mês nas rodovias estaduais a
motoristas flagrados utilizando o celular enquanto dirigem. Segundo
os dados fornecidos pelo Detran/RS, entre janeiro e maio deste ano
foram quase 30 mil infrações registradas por esse motivo. E se o
número assusta, é importante lembrar que houve uma redução de
três mil multas na comparação com o mesmo período de 2014, quando
foram 33 mil.
Em
Porto Alegre os números não são modestos. Em média são 80 multas
por dia pelo uso do celular ao volante. Nos primeiros cinco meses do
ano foram registradas quase 12 mil multas. Na comparação com o ano
passado houve uma redução de 20%. O motorista flagrado nessa
situação acaba tendo que pagar uma multa de R$ 85,13. O uso do
aparelho representa uma multa média, com aplicação ainda de 4
pontos na Carteira Nacional de Habilitação.
A
questão preocupante é que a redução das infrações
necessariamente não representa que os motoristas estejam mais
conscientizados sobre os prejuízos trazidos por essa imprudência,
analisa o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
(Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Júnior. Para ele, o registro da
infração sofre muitas flutuações por estar diretamente ligado ao
aumento ou redução da fiscalização. “Quando há uma ampliação
no controle, os dados se elevam, o mesmo ocorre no sentido oposto”,
explica.
O
que muitos esquecem é que o celular não traz distrações apenas
aos motoristas. Quando se refere a trânsito, os pedestres também
são prejudicados pelo uso inadequado do telefone móvel, uma vez que
acabam tendo a atenção distraída pelo aparelho e se colocam em
risco, como ao atravessar uma rua e não reparar no sinal do
semáforo.
Aplicativos
estão disponíveis
No
sentido de coibir a utilização de celular ao volante, Juranês
Castro, da EPTC, disse que há aplicativos para a hora de dirigir. Um
deles é o “Mãos ao Volante”, desenvolvido pelo Ministério das
Cidades. Ao utilizá-lo, o condutor informa o tempo que ficará
indisponível. Assim, a ligação é cancelada e quem ligou receberá
uma mensagem informando que a pessoa não atendeu porque está
dirigindo. Ao chegar ao destino, basta desativá-lo. O aplicativo
está disponível gratuitamente para smartphones.
“Uma
fração de segundo pode colocar em risco uma vida”.
Juranês
Castro
Coordenador
da EPTC
Fonte:
Correio do Povo, página 17 de 6 de agosto de 2015.
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