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domingo, 18 de outubro de 2015

Respeito pelos professores, por Rogério Mendelski

A jornalista Cláudia Vallin é autora de um livro que deveria fazer parte obrigatória do currículo de todas as escolas deste país. Ela escreveu sobre a vida dos homens públicos da Suécia - “Um País sem Excelências e Mordomias” - à venda em qualquer boa livraria. Nesta semana, Cláudia Vallin escreveu sobre o ensino na Finlândia, onde a educação é a prioridade das prioridades governamentais.

O chamado milagre finlandês teve início na década de 70 e alcançou sua maior exuberância a partir dos anos 90. Em um espaço de 30 anos, a Finlândia transformou um sistema educacional medíocre, elitista e ineficaz, que amargava resultados escolares comparáveis a países como o Peru e a Malásia, em uma incubadora de talentos que alcançou o país para o topo dos rankings mundiais de desempenho estudantil e alavancou o nascimento de uma economia sofisticada e altamente industrializada na qual antes jazia uma sociedade substancialmente agrária.

Tudo começa no ensino fundamental quando os alunos recebem do governo, em qualquer escola finlandesa, os seguintes itens: refeições fartas e saudáveis, atendimento médico e odontológico, e que todo o material escolar é gratuito. Equipes de pedagogos e psicológicos acompanham cuidadosamente o desenvolvimento de cada criança, identificando na primeira hora problemas como a dislexia de um aluno e fornecendo apoio imediato. Saudáveis e bem alimentadas, as crianças estão mais preparadas para aprender nesse país singular, onde mensalidades escolares não existem.

E Cláudia Vallin mostra o definitivo sucesso da educação na Finlândia: “O vital passo seguinte foi uma valorização sem precedentes do professor. A Finlândia lançou programas de formação de excelência para o magistério nas universidades do país, criou notáveis condições de trabalho e ampla autonomia decisória nas escolas, e paga bem seus professores”. Leonel Brizola não conhecia o sistema educacional da Finlândia, mas tinha o mesmo sonho para estudantes e professores brasileiros. Ele sabia que um projeto educacional que mude o destino de uma nação só tem êxito com alunos e professores sendo tratados com respeito e dignidade.

Analistas erraram (1)

Cláudia Vallin lembra que os críticos do novo sistema educacional da Finlândia previram o caos: disseram que não seria possível ter as mesmas expectativas em relação a criança d diferentes circunstâncias sociais.

Analistas erraram (2)

“Argumentaram – diz Cláudia – que o futuro da Finlândia como nação industrial estaria sob risco, uma vez que o nível educacional teria que ser ajustado para baixo a fim de acomodar os alunos menos favorecidos. Erraram, evidentemente.”

A opinião do educador (1)

O educador Pasi Sahlberg, um dos idealizadores da reforma das políticas educativas da Finlândia nos anos 90, disse a Cláudia Vallin que o impacto fundamental do modelo de igualdade e justiça social foi criado gradualmente pelos finlandeses a partir do pós-guerra, a exemplo dos vizinhos escandinavos: saúde, educação e moradia para todos e uma vasta e solidária rede de proteção aos cidadãos.

A opinião do educador (2)

“A desigualdade social, a pobreza infantil e ausência de serviços básicos têm um forte impacto negativo no desempenho do sistema educacional de um país, sendo vital o passo seguinte que foi uma valorização sem precedentes do do professor”, disse Sahlberg.

Respeito aos professores

“Os professores adquiriram um alto grau de respeito e confiança em nossa sociedade. E os finlandeses continuam a considerar o magistério como uma carreira nobre, orientada principalmente por propósitos morais.”

O resultado final

Conclusão da jornalista Cláudia Vallin: “Nas escolas finlandesas, o filho do empresário e o filho do lixeiro estudam lado a lado, em um eficiente e igualitário sistema educacional que se tornou um dos mais celebrados modelos de excelência em educação pública do mundo atual”.

Fonte: Correio do Povo, página 5 de 18 de outubro de 2015.

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