Há quem garanta que os negócios mais rentáveis do mundo não são contabilizados nem fiscalizados por qualquer autoridade. Não há nem mesmo transferências bancárias internacionais na hora do acerto. Os pagamentos na entrega das encomendas são efetuados em dinheiro vivo, barras de ouro ou pedras preciosas (diamantes, de preferência).
O que se negocia nesse submundo ainda habitado por personagens sinistras que só o cinema sabe retratá-los com algum glamour para os mocinhos infiltrados e com estereótipos caricaturais para os bandidos? Armas, equipamentos de combate, medicamentos e drogas, mas os dados desse comércio da morte já não são tão secretos como em outros tempos, antes da Internet.
É o caso, por exemplo, das frotas de picapes Toyota que movimentam os terroristas do Estado Islâmico, adaptadas com suportes para armas pesadas (lança-mísseis e metralhadoras calibre 50). Como o EI adquire esses veículos se o fabricante japonês nega qualquer tipo de venda para aquela área conflagrada?
Perguntada oficialmente pelo governo americano, a direção da Toyota informou que todas as suas operações no Oriente Médio garantido que não exporta veículos para a Síria desde 2012, mas que os vende para o Iraque.
Ora , o EI compra o que quiser no mercado clandestino – armas, veículos peças de reposição, medicamentos, alimentos e fardamentos completos para seus “soldados” - com muito dinheiro auferido com tributos cobrados nas áreas que controla, com sequestros, com petróleo negociado para contrabandistas turcos e com heroína trazida do Afeganistão.
O embaixador dos EUA no Iraque, Luckman Faily, disse que a frota de picapes Toyota em poder do EI foi adquirida em vendas diretas de importadoras ou concessionárias estabelecidas no Oriente Médio para “laranjas” que se encarregam de entregar os veículos aos terroristas.
No rol dos fornecedores do EI encontram-se até ONGs internacionais que, evidentemente, são apenas de fachadas para que seus negócios clandestinos não sejam atrapalhados. E a Toyota, mesmo não querendo tem merchandising diário na mídia internacional que mostra a eficiência de suas picapes.
Venda em código
Quando os lotes de picapes Toyota são vendidas ao EI qualquer registro existente não se refere à marca dos veículos. A listagem registra apenas “techinicals”, como são conhecidos os modelos modificados para combate.
Modificações
As picapes são as preferidas porque fazem deslocamentos rápidos e elas vêm com modificações básicas; amortecedores reforçados e blindagem nas portas, para-brisa e pneus especiais.
Preferências
Os terroristas preferem as picapes aos veículos americanos (Humvees) porque estes ~soa de difícil manutenção pela falta de peças de reposição. Já as picapes quando adquiridas têm incluído no pacote as principais peças e qualquer mecânico pode repará-las.
Na resistência francesa
Modificar veículos para adaptá-los em combates vem desde a II Guerra Mundial, quando a Resistência Francesa se utilizava de táxis e vans para transformá-los em carros que pudessem transportar seus guerrilheiros e até enfrentar veículos leves em algum confronto.
No Líbano (1)
Foi na Guerra do Líbano (nos anos de 1980) que os veículos modificados causaram estragos em Beirute. Os carros preferidos eram automóveis Mercedes-Benz e vans que eram cortados na parte traseira e transformados em picapes, com blindagens rústicas e metralhadoras ponto 50 adaptadas.
No Líbano (2)
As milícias palestinas desenvolveram essa experiência com os veículos que dispunham em Beirute em oficinas clandestinas e realizavam suas incursões com uma estratégia simples: atacar e fugir com rapidez pelas ruas da capital libanesa. Essa técnica mecânica foi aprimorada e hoje é usada pelo Estado Islâmico com suas picapes Toyota.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de 25 de outubro de 2015.
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