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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Kirchnerismo nas urnas, por Rogério Mendelski

Será no próximo domingo o julgamento da Era Kirchner pelo eleitorado argentino. Desde março de 2003, os Kirchner (primeiro Nestor e depois sua mulher, Cristina) governam a Argentina num estilo que poderia ser definido como o novo peronismo, mas mantendo o mesmo sistema que levou o país a uma sucessão de crises institucionais, incluindo-se aí dois golpes militares e duas redemocratizações.
Cristina Kirchner está no final de seu segundo mandato e bem que tentou um terceiro, mas não conseguiu alterar a Constituição e passou a apoiar o candidato Daniel Scioli, atual governador da província de Buenos Aires, que lidera as pesquisas eleitorais, mas com indecisão de vencer no primeiro turno. Cristina, mesmo assim, sente-se recompensada pelo eleitorado e interpreta tal preferência como uma provação de seu governo.
Seis candidatos disputam a Casa Rosada, mas além de Daniel Scioli apenas Maurício Macri, prefeito de Buenos Aires, e Sérgio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina Kirchner, podem sonhar com a Presidência. Todos são candidatos carismáticos, celebridades argentinas, casados com mulheres famosas e todas elas muito lindas. O eleitorado argentino, semelhante ao brasileiro, dá muita importância às celebridades e as esposas de Scioli, Massa e Macri conhecem as técnicas de comportamento diante da imprensa, em especial para a televisão.
O sistema eleitoral argentino é diferente do brasileiro. O candidato que alcançar 40% dos votos com uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado se elege no primeiro turno. A mais recente pesquisa aponta Daniel Scioli com 38,6%, Maurício Macri com 25,1% e Sérgio Massa com 17,1%.
A se confirmar os números da sondagem eleitoral haverá segundo turno, e há um acordo entre Macri e Massa para uma aliança contra Scioli, mas a presidente Cristina Kirchner está fazendo campanha aberta para ele, e isso vem desequilibrando a eleição que promete ser agitada até domingo.


Os debates (1)


Na Argentina não há os tradicionais debates entre os presidenciáveis como no Brasil. O único debate ocorreu no início do mês sem a presença do candidato governista Daniel Scioli e uma televisão estatal não o transmitiu.


Os debates (2)


O canal controlado pelo governo e com boa audiência preferiu programar um jogo ente Independiente e River Plate no mesmo horário, mas surpreendentemente, o debate teve mais telespectadores, além de um bom acompanhamento pelas redes sociais.


Assuntos


Todos os candidatos – menos Daniel Scioli – estão abordando os mesmo temas: combate à pobreza, oa tráfico de drogas, à corrupção, à criminalidade e a crise da edução, este um assunto muito presente entre os argentinos, que já desfrutaram de um dos melhores sistemas educacionais do planeta.


Educação


Maurício Macri é considerado um dos homens mais ricos da Argentina com empresas no Brasil e no Uruguai. O Grupo Macri atua na construção civil, na indústria automobilística, no setor de alimentação e nos Correios (privatizado). Ele foca seu discurso na “pobreza zero e educação para todos”.


Segurança


Sérgio Massa promete combater o crime para dar mais segurança aos argentinos e pretende enfrentar a bandidagem com a presença do Exército nas áreas mais críticas da criminalidade.


Bom momento


Daniel Scioli garante que seu governo vai continuar na política do bom momento da economia argentina, sem perder os investimentos junto à população mais pobre do país, a exemplo do que fez Lula em seu primeiro governo. Lula é um ídolo de Scioli.


Fonte: Correio do Povo, página 8 de 22 de outubro de 2015.


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