Será
no próximo domingo o julgamento da Era Kirchner pelo eleitorado
argentino. Desde março de 2003, os Kirchner (primeiro Nestor e
depois sua mulher, Cristina) governam a Argentina num estilo que
poderia ser definido como o novo peronismo, mas mantendo o mesmo
sistema que levou o país a uma sucessão de crises institucionais,
incluindo-se aí dois golpes militares e duas redemocratizações.
Cristina Kirchner está no final de
seu segundo mandato e bem que tentou um terceiro, mas não conseguiu
alterar a Constituição e passou a apoiar o candidato Daniel Scioli,
atual governador da província de Buenos Aires, que lidera as
pesquisas eleitorais, mas com indecisão de vencer no primeiro turno.
Cristina, mesmo assim, sente-se recompensada pelo eleitorado e
interpreta tal preferência como uma provação de seu governo.
Seis candidatos disputam a Casa
Rosada, mas além de Daniel Scioli apenas Maurício Macri, prefeito
de Buenos Aires, e Sérgio Massa, ex-chefe de Gabinete de Cristina
Kirchner, podem sonhar com a Presidência. Todos são candidatos
carismáticos, celebridades argentinas, casados com mulheres famosas
e todas elas muito lindas. O eleitorado argentino, semelhante ao
brasileiro, dá muita importância às celebridades e as esposas de
Scioli, Massa e Macri conhecem as técnicas de comportamento diante
da imprensa, em especial para a televisão.
O sistema eleitoral argentino é
diferente do brasileiro. O candidato que alcançar 40% dos votos com
uma diferença de 10 pontos percentuais do segundo colocado se elege
no primeiro turno. A mais recente pesquisa aponta Daniel Scioli com
38,6%, Maurício Macri com 25,1% e Sérgio Massa com 17,1%.
A se confirmar os números da
sondagem eleitoral haverá segundo turno, e há um acordo entre Macri
e Massa para uma aliança contra Scioli, mas a presidente Cristina
Kirchner está fazendo campanha aberta para ele, e isso vem
desequilibrando a eleição que promete ser agitada até domingo.
Os
debates (1)
Na
Argentina não há os tradicionais debates entre os presidenciáveis
como no Brasil. O único debate ocorreu no início do mês sem a
presença do candidato governista Daniel Scioli e uma televisão
estatal não o transmitiu.
Os
debates (2)
O
canal controlado pelo governo e com boa audiência preferiu programar
um jogo ente Independiente e River Plate no mesmo horário, mas
surpreendentemente, o debate teve mais telespectadores, além de um
bom acompanhamento pelas redes sociais.
Assuntos
Todos
os candidatos – menos Daniel Scioli – estão abordando os mesmo
temas: combate à pobreza, oa tráfico de drogas, à corrupção, à
criminalidade e a crise da edução, este um assunto muito presente
entre os argentinos, que já desfrutaram de um dos melhores sistemas
educacionais do planeta.
Educação
Maurício
Macri é considerado um dos homens mais ricos da Argentina com
empresas no Brasil e no Uruguai. O Grupo Macri atua na construção
civil, na indústria automobilística, no setor de alimentação e
nos Correios (privatizado). Ele foca seu discurso na “pobreza zero
e educação para todos”.
Segurança
Sérgio
Massa promete combater o crime para dar mais segurança aos
argentinos e pretende enfrentar a bandidagem com a presença do
Exército nas áreas mais críticas da criminalidade.
Bom
momento
Daniel
Scioli garante que seu governo vai continuar na política do bom
momento da economia argentina, sem perder os investimentos junto à
população mais pobre do país, a exemplo do que fez Lula em seu
primeiro governo. Lula é um ídolo de Scioli.
Fonte: Correio do Povo, página 8 de
22 de outubro de 2015.
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