Foram quase 20 mil processos de
cassação em três anos. Só em 2015 foram abertos 4,7 mil processos
O número de processos de suspensão
do direito de dirigir instaurados pelo Departamento Estadual de
Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran/RS) atingiu um recorde
histórico: de 2008 a setembro de 2015, houve acréscimo de 462% no
Estado. Só nos primeiros nove meses do ano, já ultrapassa em 40% o
número de processos abertos em todo o ano passado.
O combate à impunidade é apontado
como um dos elementos que contribuíram para reduzir em 12% o número
de mortes e em 15% o de acidentes fatais no RS em 2015, ante igual
período do ano passado.
De janeiro a setembro de 2015 foram
43,5 mil processos de suspensão instaurados contra condutores
gaúchos. A maioria deles é de motoristas que ultrapassaram os 20
pontos na Carteira de Habilitação (CNH) por infrações diversas
(38%) ou foram flagrados dirigindo sob efeito do álcool (34%).
Outros 26% foram processos de infratores que excederam a velocidade
acima de 50% da máxima permitida e 1% que foram flagrados
participando de rachas.
Desde 2013, o Detran/RS vem aplicando
o processo de cassação do direito de dirigir, que deixa o condutor
inabilitado por dois anos. Foram quase 20 mil processos de cassação
nesses três anos. Só em 2015 foram abertos 4,7 mil processos: 4,2
mil por dirigir suspenso e 495 por reincidência, em 12 meses, nas
infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro.
O aumento do número de processos
instaurados pelo Detran/RS se deve a uma melhor estruturação da
Autarquia, mas também responde à intensificação da fiscalização,
que resultou em mais autuações nos últimos anos. Em 2015, foram
22,5% a mais que no ano passado (analisando o período de janeiro a
setembro). Somente nesses primeiros nove meses do ano, 2,5 milhões
de infrações foram registradas, sendo 1,3 milhão por excesso de
velocidade. O total de infrações registradas pelos órgãos de
fiscalização do Rio Grande do Sul mais que dobrou nos últimos oito
anos.
Conferência vai debater trânsito
O
Rio Grande do Sul irá receber, no ano que vem, a “T2016”: 21ª
Conferência do Conselho Internacional sobre Álcool, Drogas e
Segurança no Trânsito. Esta é a primeira vez que o International
Council on Alcohol, Drugs and Traffic Safety (Icadts) realiza o
evento em um país em desenvolvimento. O debate será entre os dias
16 e 19 de outubro de 2016, em Gramado. O T2016 trará os maiores
especialistas em trânsito, drogas e álcool do Brasil e do mundo
para discutir soluções, metodologias, leis e tratamentos que se
relacionem aos três assuntos.
O diretor do Centro de Pesquisa em
Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Flávio
Pechansky, diz que o congresso vai discutir tecnologias para evitar
que motoristas alcoolizados ou sob efeitos de drogas dirijam. Já o
diretor-geral do Detran/RS, Ildo Mário Szinvelski, destaca as ações
desenvolvidas pela autarquia. “O Detran faz ações de controle de
álcool e drogadição ao volante. Temos a Balada Segura e a Viagem
Segura, dois programas de fiscalização e orientação no trânsito”,
explicou.
Em busca de segurança
Com
uma redução de 15% no número de acidentes fatais e 12% no número
de mortes no trânsito em 2015, o Rio Grande do Sul está
encaminhando em direção à meta da Década de Ação pela Segurança
no Trânsito proposta pela ONU, que objetiva reduzir em 50% as
vítimas no trânsito até 2020. Os dados são do relatório parcial
do Detran/RS sobre a acidentalidade no Estado, com dados de acidentes
com morte de janeiro a setembro.
A redução das mortes e acidentes
fatais ante igual período do ano passado impacta a curva da
acidentalidade fatal no Estado em direção à meta da Década. Para
chegar à metade das 3.224 mortes projetadas para 2020, o Estado deve
trabalhar para reduzir o número de vítimas 3,1% ao ano, em média.
A redução atual, se mantida até o final do ano, colocará o Rio
Grande do Sul em melhor posição com relação à meta.
Embora o número de mortes seja o
menor desde 2008, neste ano o trânsito gaúcho teve 1.334 vítimas
fatais. No mesmo período de 2014, foram 1.530 mortes. Os acidentes
com mortes, que pode ser mais importante do que o número de vítimas
fatais para embasar as ações de combate à violência no trânsito,
é o menor período analisado (2007 a 2015). Foram 1.176 acidentes
com vítimas fatais este ano, contra 1.387 no mesmo período do ano
passado.
Relatório da Organização Mundial
de Saúde mostra que países com maior redução de mortes no
trânsito obtiveram o resultado melhorando a legislação, a
fiscalização e fazendo estradas e veículos mais seguros.
Fonte: Correio do Povo, página 16 de
30 de outubro de 2015.
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