sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Reflexo da retração econômica, por Paulo Kruse

As perspectivas não são boas. O cenário é de adversidade. É como uma gangorra estagnada: as dívidas aumentam e as vendas diminuem. O país em recessão técnica e o Estado com mais de 200 milhões em dívida com a União. O que resta a população? De acordo com a última pesquisa divulgada pela Fecomércio-RS, mais da metade das famílias gaúchas estão endividadas. Fatores que refletem diretamente no comércio.

A desaceleração do consumo e do crédito nos últimos meses está associada à inflação elevada, aumento dos juros, queda de confiança, e, se não bastasse, o mês de agosto trouxe uma desagradável notícia ao Estado: o governador José Ivo Sartori apresentou as medidas que fazem parte do quarto pacote de ajuste fiscal para tentar combater a crise. Entre as propostas, está o aumento da alíquota básica do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e das alíquotas sobre os setores de combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e bebidas, entre outros. Se aprovado, o mercado varejista será fortemente prejudicado, pois quando os valores de itens básicos aumentam, os gastos no comércio diminuem ou até mesmo são extintos.

Isso comprova a partir do número de fechamento de lojas da Capital, representadas pelo nosso sindicato, que vem aumentando em ritmo acelerado. Dados da Junta Comercial do Rio Grande do Sul mostram que, só no primeiro semestre deste ano, foram extintos 2.257 estabelecimentos varejistas em Porto Alegre. O número equivale a 43% do total das 5.277 empresas do setor que foram abertas no mesmo período. O segmento do vestuário e acessórios lidera o ranking, ao todo 496 lojas fecharam no primeiro semestre de 2015.

É um ciclo. O empresário se depara com custos cada vez mais elevados, como aluguel, energia elétrica, logística e demais tributos, e isso estimula a fechar as portas. Gera-se desemprego. Cada funcionário demitido entra em redução de gastos, cortando do orçamento o consumo em áreas de bens supérfluos, e a crise se transforma em uma bola de neve.

Não podemos nos desesperar. É preciso que se discutam propostas que beneficiem o empregador, o empregado e também a população. Precisamos analisar e encontrar, na dificuldade, uma oportunidade para oxigenar o setor e continuar crescendo. A tarefa não é fácil e exige perseverança. É o momento de a classe lojista se unir para evitar maiores perdas. A flexibilização da carga horária de trabalho e a criação de uma jornada móvel para o comércio, que permita a contratação por períodos inferiores às oito horas determinadas por lei, por exemplo, pode ser uma iniciativa, ainda tímida, de ir contra o atual momento da economia. Os negócios estão em extinção e é fundamental tomar medidas emergenciais para que o número de lojas em fechamento não ultrapasse o indicador de novos empreendimentos.

Presidente do Sindilojas Porto Alegre

Fonte: Correio do Povo, edição de 4 de setembro de 2015, página 2.

 

 

Questão de saúde pública

A informação de que apenas cerca da metade do público-alvo de 12 milhões de crianças foi vacinada contra a poliomielite é extremamente preocupante e expõe a lacuna existente no país na prevenção contra a doença. A campanha termina em 31 de agosto, segunda-feira, e, pelo andar da carruagem, é possível prever que nem todos estarão vacinados, pois já transcorreu mais da metade dos 17 dias da campanha prevista. Será preciso uma intensificação da campanha para gerar um convencimento efetivo nas famílias da importância de preservar seus longe dessa patologia infecciosa, que é capaz de causar paralisias nos membros das crianças, principalmente nos inferiores, além de lesões no sistema nervoso.

A atividade de vacinação visa vacinar crianças entre 6 meses e 5 anos incompletos. O caso mais recente conhecido da doença no Brasil ocorreu em 1989. No mesmo período da imunização contra a poliomielite, também estão sendo disponibilizadas vacinas contra outras doenças, como tuberculose, rotavírus, sarampo, rubéola, coqueluche, caxumba, varicela, meningites, febre amarela, hepatites , difteria e tétano.

Diante dessa realidade em que está em jogo a integridade física e psicológica das nossas crianças, não é possível aceitar que reste imensa parcela não vacinada. Tanto o poder público, do governo federal às prefeituras, como a sociedade devem envidar esforços para que a campanha atinja a meta e milhões de pequenos brasileiros possam assegurar um futuro saudável e produtivo.

Fonte: Correio do Povo, editorial da edição de 26 de agosto de 2015, página 2.

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