sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Previdência, a polêmica da vez, por Taline Oppitz


Com a proximidade da data de chegada ao plenário do projeto de aumento de alíquotas do ICMS, que passa a trancar a pauta dia 22, a polêmica entre governo, aliados e oposição foi transferida para outra proposta que integra os pacotes de ajuste fiscal: a de mudanças na previdência estadual. O projeto está ente os que passaram a trancar a pauta de votações no dia 9. Ontem, líderes de bancadas de oposição entregaram ao chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, pedido para que seja retirado o regime de urgência do projeto, permitindo mais tempo para discussões. Como seu prazo de tramitação está vencido, a alternativa do Executivo seria apresentar requerimento em plenário. A iniciativa, no entanto, pelo menos por ora, não está nos planos do Piratini. A proposta estabelece a criação de previdência complementar e limita as aposentadorias do funcionalismo público no Estado ao teto do regime-geral da previdência, atualmente em R$ 4,6 mil. As regras, no caso de aprovação, irão atingir apenas novos servidores, não mexendo em direitos adquiridos. Caso não haja recuo do governo em relação aos projetos que trancam a pauta, a matéria da previdência, assim como outras polêmicas, como a de extinção de fundações, obrigatoriamente terá de ser votada antes das relativas aos depósitos judiciais, mesmo que aconteça acordo de líderes para antecipar a análise dessas propostas, que garantiriam fôlego de mais de R$ 1 bilhão para o Tesouro.


Impacto para os maiores


Apesar das similaridades entre os projetos de previdência dos governos de José Ivo Sartori e Dilma Rousseff, a bancada do PT sustenta que a proposta do Executivo gaúcho é complexa e precisa ser discutida com maior responsabilidade. Um dos argumentos de deputados da oposição, que pedem a retirada da urgência na análise do projeto, é o de que sindicatos de servidores do Estado não foram ouvidos e que a proposta não terá impacto em 2016, já que a LDO aprovada pela Assembleia impede novas contratações. Em tempo: a maioria do funcionalismo recebe menos do que o teto do regime-geral, e portanto não seria atingida pela iniciativa, que terá forte impacto, se aprovada, para os maiores salários, como servidores da Fazenda, Judiciário e Ministério Público.


Apenas um mês


Segundo cálculos da Secretaria da Fazenda apresentados a aliados, a ampliação do índice de saques dos depósitos judiciais, de 85% para 95%, minimizará os problemas de caixa por apenas um mês para o Executivo. Isso porque, além da folha que precisa ser paga no próximo dia 30, devem ser considerados no cálculo os R$ 745 milhões que faltaram para quitar os salários que deveriam ter sido depositados em 31 de agosto.


Sartori reúne-se hoje com o PT


Começam hoje, com representantes do PT, os encontros do governador José Ivo Sartori com a oposição. A conversa, que contará com as presenças do líder da bancada petista na Assembleia, Luiz Fernando Mainardi, e com o vice-líder do partido na Casa, Tarcísio Zimmermann, acontece a partir das 10h, no Palácio Piratini. O contato foi feito ontem no fim da tarde, em telefonema do chefe de Gabinete do governador, João Carlos Mocellin, para Mainardi.


MPC quer limitar pagamento da PAE


O Ministério Público de Contas requereu ao Tribunal de Contas medida cautelar para limitar os pagamentos da Parcela Autônoma de Equivalência (PAE). O pedido foi encaminhado ao relator da inspeção especial, conselheiro Marco Peixoto, que analisa o tema desde dezembro de 2014. Detalhe: como o processo corre em caráter reservado no tribunal, por decisão de Peixoto, o procurado-geral do MPC, Geraldo da Camino, solicitou ainda que o sigilo seja restrito apenas a dados pessoais, como permite a Lei de Acesso à Informação.


Apartes


O Tribunal de Justiça entregou ontem aos partidos de oposição as informações relativas a movimentações na conta dos depósitos judiciais. Os dados foram solicitados na tentativa de comprovar a tese de que o governo transferiu para a conta R$ 270 milhões, que poderiam ter sido utilizados para ampliar o valor da primeira parcela dos salários do funcionalismo. Os números serão analisados e encaminhados, segunda-feira, após a manifestação dos parlamentares, ao TCE e ao MPC.




Fonte: Correio do Povo, página 4 de 11 de setembro de 2015.


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