quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Pressão de servidores impede votações

Funcionalismo se mobilizou para barrar projeto que muda Previdência


Em uma ação inédita, integrantes do funcionalismo estadual trancaram ontem os acessos à Assembléia Legislativa desde as primeiras horas do dia, impedindo a realização da sessão plenária na qual seria votada parte dos projetos polêmicos já enviados pelo Executivo. Os servidores solicitavam a retirada da pauta ou, no mínimo, o fim da votação em regime de urgência para o projeto que cria regime de previdência complementar para os novos servidores do Estado: o que extingue a Fundação de Esporte e Lazer do RS (Fundergs) e o que extingue a Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde.
A ação dos servidores teve início antes das 7h da manha, quando eles começaram a ocupar todo o encontro da Assembleia, no Centro de Porto Alegre, impedindo a entrada no Legislativo. Com o passar do tempo, milhares de integrantes do funcionalismo se concentraram entre o prédio do Legislativo e o Palácio Piratini, na rua Duque de Caxias, entoando “retira, retira” como bordão, em referência à solicitação para que os projetos fossem retirados da pauta de votação. O clima de tensão cresceu na medida em que se aproximava na hora da reunião de líderes, tradicionalmente realizada às 11h, quando os deputados decidem a pauta de votações. Sem poder entrar no prédio, a reunião foi cancelada.

Cresce número de aposentadorias


O número de pedidos de aposentadorias entre os servidores públicos estaduais cresceu de forma progressiva desde que o governador José Ivo Sartori assumiu o cargo. Desde janeiro, mais de mil policiais militares pediram aposentadoria. Somente ontem mais de 129 PMs entraram para a reserva, com pedidos publicados no Diário Oficial. Os dados são das entidades da BM e Polícia Civil.


Ninguém faz governo sério e produtivo sem os servidores”.
Luiz Fernando Mainardi
Líder da bancada do PT


Piratini paga hoje mais R$ 400,00


O governo do Estado anunciou ontem que depositará hoje uma nova parcela da folha de pagamento dos servidores públicos referente ao mês de agosto. Serão depositados hoje mais R$ 400,00. Ontem, o Palácio Piratini já havia depositado outros R$ 400,00. Com mais esses dois créditos, o total de servidores do poder Executivo com os salários integralizados atinge 72,4% (252 mil vínculos)


Funcionalismo exigiu reunião com deputados


Pouco antes das 9h, o presidente da Assembleia, deputado Edson Brum (PMDB), foi para a frente do Palácio Farroupilha e tentou encaminhar negociação para que os acessos fossem liberados. Os servidores, contudo, decidiram que a negociação deveria ser feita com a presença dos líderes de todos os partidos.
Foi quando a situação ficou muito tensa e começou o tumulto. Brum informou que aguardaria os representantes do comando de greve na sala da presidência e se dirigiu a um acesso lateral, na rua Duque de Caxias. Foi cercado por manifestantes, ouve empurra-empurra e agressões entre manifestantes e seguranças da Assembleia. O policiamento era praticamente inexistente (servidores da segurança também integravam o protesto). Com o aumento da tensão, o Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar foi acionado, e auxiliou na retirada de Brum da via.


Acordo não foi cumprido


O presidente da Assembleia, Edson Brum, e outros deputados da base tiveram que se dirigir ao Palácio Piratini, enquanto parlamentares de oposição negociavam com os manifestantes na rua. Pouco depois das 11h30min, a reunião teve início, mas não no Palácio Farroupilha, que seguiu fechado, e sim no Memorial do Legislativo, do outro lado da Duque de Caxias.
A reunião se estendeu por duas horas. Ao final, deputados e o comando do movimento dos servidores negociaram que os acessos à Assembleia seriam liberados. Apos a liberação, a pauta de reivindicações dos servidores seria levada ao governador José Ivo Sartori. Quando os deputados retornaram para a Assembleia, contudo, parte dos manifestantes manteve os acessos fechados. Às 14h40min, Brum voltou para o Memorial e anunciou que a sessão do dia estava suspensa por “falta de segurança”.



Fonte: Correio do Povo, página 3 de 16 de setembro de 2015.

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