Funcionalismo se mobilizou para barrar
projeto que muda Previdência
Em uma ação inédita, integrantes
do funcionalismo estadual trancaram ontem os acessos à Assembléia
Legislativa desde as primeiras horas do dia, impedindo a realização
da sessão plenária na qual seria votada parte dos projetos
polêmicos já enviados pelo Executivo. Os servidores solicitavam a
retirada da pauta ou, no mínimo, o fim da votação em regime de
urgência para o projeto que cria regime de previdência
complementar para os novos servidores do Estado: o que extingue a
Fundação de Esporte e Lazer do RS (Fundergs) e o que extingue a
Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde.
A ação dos servidores teve início
antes das 7h da manha, quando eles começaram a ocupar todo o
encontro da Assembleia, no Centro de Porto Alegre, impedindo a
entrada no Legislativo. Com o passar do tempo, milhares de
integrantes do funcionalismo se concentraram entre o prédio do
Legislativo e o Palácio Piratini, na rua Duque de Caxias, entoando
“retira, retira” como bordão, em referência à solicitação
para que os projetos fossem retirados da pauta de votação. O clima
de tensão cresceu na medida em que se aproximava na hora da reunião
de líderes, tradicionalmente realizada às 11h, quando os deputados
decidem a pauta de votações. Sem poder entrar no prédio, a reunião
foi cancelada.
Cresce número de aposentadorias
O
número de pedidos de aposentadorias entre os servidores públicos
estaduais cresceu de forma progressiva desde que o governador José
Ivo Sartori assumiu o cargo. Desde janeiro, mais de mil policiais
militares pediram aposentadoria. Somente ontem mais de 129 PMs
entraram para a reserva, com pedidos publicados no Diário Oficial.
Os dados são das entidades da BM e Polícia Civil.
“Ninguém faz governo sério e
produtivo sem os servidores”.
Luiz Fernando Mainardi
Líder da bancada do PT
Piratini paga hoje mais R$ 400,00
O
governo do Estado anunciou ontem que depositará hoje uma nova
parcela da folha de pagamento dos servidores públicos referente ao
mês de agosto. Serão depositados hoje mais R$ 400,00. Ontem, o
Palácio Piratini já havia depositado outros R$ 400,00. Com mais
esses dois créditos, o total de servidores do poder Executivo com os
salários integralizados atinge 72,4% (252 mil vínculos)
Funcionalismo exigiu reunião com
deputados
Pouco
antes das 9h, o presidente da Assembleia, deputado Edson Brum (PMDB),
foi para a frente do Palácio Farroupilha e tentou encaminhar
negociação para que os acessos fossem liberados. Os servidores,
contudo, decidiram que a negociação deveria ser feita com a
presença dos líderes de todos os partidos.
Foi quando a situação ficou muito
tensa e começou o tumulto. Brum informou que aguardaria os
representantes do comando de greve na sala da presidência e se
dirigiu a um acesso lateral, na rua Duque de Caxias. Foi cercado por
manifestantes, ouve empurra-empurra e agressões entre manifestantes
e seguranças da Assembleia. O policiamento era praticamente
inexistente (servidores da segurança também integravam o protesto).
Com o aumento da tensão, o Batalhão de Operações Especiais da
Brigada Militar foi acionado, e auxiliou na retirada de Brum da via.
Acordo não foi cumprido
O
presidente da Assembleia, Edson Brum, e outros deputados da base
tiveram que se dirigir ao Palácio Piratini, enquanto parlamentares
de oposição negociavam com os manifestantes na rua. Pouco depois
das 11h30min, a reunião teve início, mas não no Palácio
Farroupilha, que seguiu fechado, e sim no Memorial do Legislativo, do
outro lado da Duque de Caxias.
A reunião se estendeu por duas
horas. Ao final, deputados e o comando do movimento dos servidores
negociaram que os acessos à Assembleia seriam liberados. Apos a
liberação, a pauta de reivindicações dos servidores seria levada
ao governador José Ivo Sartori. Quando os deputados retornaram para
a Assembleia, contudo, parte dos manifestantes manteve os acessos
fechados. Às 14h40min, Brum voltou para o Memorial e anunciou que a
sessão do dia estava suspensa por “falta de segurança”.
Fonte: Correio do Povo, página 3 de
16 de setembro de 2015.
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