Com fuga de R$ 7,5 bilhões em agosto,
2015 foi pior ano em duas décadas
Brasília
– O combo “recessão e
juros altos” fez com que a caderneta de poupança tivesse o pior
resultado em meses de agosto e no acumulado dos oito primeiros meses
do ano da história. Os saques na aplicação mais popular do país
superaram os depósitos em R$ 7,5 bilhões no mês passado, de acordo
com dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Além de ser pior
gosto, é a segunda maior fuga já registrada em qualquer mês. O
volume de saques do mês passado só não é maior do que o de março
passado, quando os brasileiros retiraram R$ 11,4 bilhões.
Já entre janeiro e agosto, os saques
da poupança superaram os depósitos em R$ 48,49 bilhões. Isso faz
de 2015 o ano com o maior volume de retiradas desde 1995, quando o BC
começou a compilar essas informações. Dos oito meses do ano, a
poupança ficou no vermelho os oito meses, fato que não ocorria
desde 2003. Com o resultado de agosto, o saldo total da poupança
ficou em R$ 645,11 bilhões. Os depósitos somaram R$ 155,95 bilhões
no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 163,45 bilhões.
A drenagem de recursos da poupança
acontece em um momento difícil da economia, de recessão técnica,
com queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois trimestres
consecutivos, alta da inflação e também dos juros básicos da
economia (Selic). Além disso, subiram vários tributos neste ano,
diminuindo a renda disponível da população. Avançaram impostos
sobre empréstimos, importados, carros, cosméticos, cerveja, vinhos,
destilados, bancos, gasolina, entre outros. Também forma promovidas
limitações de benefícios sociais como seguro-desemprego,
auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte, além de
aumento da tributação sobre a foha de pagamento.
O desemprego, por sua vez, não para
de aumentar. A taxa registrada no segundo trimestre, de 8,3%, é a
maior da série histórica que teve início em 2012. O endividamento
das famílias com os bancos, em relação à renda acumulada dos
últimos 12 meses, atingiu 45,8% em junho.
Para completar o quadro, a poupança
tem perdido atratividade. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos
de renda fixa sobem juntos com a Selic. Já o rendimento das
cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como
atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa
Referencial (TR).
Fonte: Correio do Povo, página 4 de 5
de setembro de 2015.
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