sábado, 5 de setembro de 2015

Poupança perde quase R$ 50 bi em oito meses

Com fuga de R$ 7,5 bilhões em agosto, 2015 foi pior ano em duas décadas

Brasília – O combo “recessão e juros altos” fez com que a caderneta de poupança tivesse o pior resultado em meses de agosto e no acumulado dos oito primeiros meses do ano da história. Os saques na aplicação mais popular do país superaram os depósitos em R$ 7,5 bilhões no mês passado, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Além de ser pior gosto, é a segunda maior fuga já registrada em qualquer mês. O volume de saques do mês passado só não é maior do que o de março passado, quando os brasileiros retiraram R$ 11,4 bilhões.
Já entre janeiro e agosto, os saques da poupança superaram os depósitos em R$ 48,49 bilhões. Isso faz de 2015 o ano com o maior volume de retiradas desde 1995, quando o BC começou a compilar essas informações. Dos oito meses do ano, a poupança ficou no vermelho os oito meses, fato que não ocorria desde 2003. Com o resultado de agosto, o saldo total da poupança ficou em R$ 645,11 bilhões. Os depósitos somaram R$ 155,95 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 163,45 bilhões.
A drenagem de recursos da poupança acontece em um momento difícil da economia, de recessão técnica, com queda do Produto Interno Bruto (PIB) por dois trimestres consecutivos, alta da inflação e também dos juros básicos da economia (Selic). Além disso, subiram vários tributos neste ano, diminuindo a renda disponível da população. Avançaram impostos sobre empréstimos, importados, carros, cosméticos, cerveja, vinhos, destilados, bancos, gasolina, entre outros. Também forma promovidas limitações de benefícios sociais como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte, além de aumento da tributação sobre a foha de pagamento.
O desemprego, por sua vez, não para de aumentar. A taxa registrada no segundo trimestre, de 8,3%, é a maior da série histórica que teve início em 2012. O endividamento das famílias com os bancos, em relação à renda acumulada dos últimos 12 meses, atingiu 45,8% em junho.
Para completar o quadro, a poupança tem perdido atratividade. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobem juntos com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).




Fonte: Correio do Povo, página 4 de 5 de setembro de 2015.

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