quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O efeito perverso da pirataria

A cada vez que um brasileiro adquire um produto pirata, ele dá suporte para o cometimento de um ato de sonegação que tem reflexos diretos na qualidade do serviço público. Com isso, recursos públicos deixam de ser aplicados em saúde, educação, saneamento, segurança pública, transporte coletivo e em outras áreas estratégicas para o bem comum. Além disso, instaura-se uma concorrência criminosa e desleal com os comerciantes que cumprem todas as suas obrigações fiscais e recolhem regularmente seus tributos. Eles acabam tendo um custo muito mais alto exatamente por agirem dentro da legalidade vigente. Paralelamente, os agentes desse varejo ilegal costumam apresentar preços melhores exatamente por não precisarem atender aos ditames das leis postos para garantir o bem-estar das comunidades. Não raras vezes, frise-se também isso, sua movimentação econômica serve para capitalizar o crime organizado, seja lavando dinheiro, seja financiado novos delitos.
Em 2014, a chamada economia subterrânea, alimentada pela pirataria, movimentou a vultosa quantia de R$ 830 bilhões, o que corresponde a 16,2% do PIB. Esses dados mostram a amplitude do problema, que deve ser enfrentado por toda a sociedade. Todavia, esse combate só pode ser feito de maneira efetiva e producente se for travado com conjugação de esforços do poder público e da iniciativa privada. No atual panorama, a população perde os ganhos e ficam na posse de grupos inescrupulosos, desviados de sua finalidade social.


Fonte: Correio do Povo, página 2, editorial da edição de 24 de setembro de 2015.


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