Ontem,
em frente à Assembleia Legislativa, no carro de som pago pelos
sindicatos, a frase que mais ecoou foi: “É culpa do Sartori”.
Reverberavam o discurso da oposição. O caos financeiro do Estado
era debitado ao atual governador. Como se, em nove meses, ele tivesse
feito a proeza de colocar as finanças à bancarrota e destruir os
serviços públicos. Como se, por ato de sua própria vontade, mera
maldade, ele tivesse escolhido parcelar salários, atrasar a dívida
com a União e postergar pagamento de fornecedores.
Gritavam como se não houvesse ontem.
O ontem petista. O ontem de Tarso. Do endividamento irresponsável,
do piso do magistério que criou e não cumpriu, das benesses
concedidas sem receita garantida, do severo agravamento da situação
financeira, da precária capacidade de gestão, da ineficiente
articulação política junto ao governo federal do qual foi
ministro, da incrível inaptidão de construir uma solução
estrutural para o Estado.
Bradavam como se falassem em nome de
todos os funcionários públicos, mesmo tão desacreditados até
mesmo em suas categorias. Pediam soluções milagrosas, sem aceitar
qualquer mudança na atual estrutura. Querem mudar tudo, mas sem
mudar nada. Reclamavam da falta de diálogo, dias depois de terem
trancado as portas do parlamento. Ameaçavam difamar deputados do
governo em suas bases, mesmo sempre tendo usado as poderosas máquinas
sindicais em favor do PT e seus corolários.
Nos últimos meses, o Rio Grande do
Sul entrou numa nova fase. Amarga, complexa, difícil, mas
improrrogável. A fase de arrumar a casa para recuperar a capacidade
de investimento do Estado. De buscar o equilíbrio para permitir que
os serviços públicos não entrem em colapso. De apreciar projetos a
curto prazo, como o que altera alíquotas do ICMS, e estruturais,
como o da Previdência Complementar, que dá início a um modelo
sustentável. Agir com simplicidade, mostrar a verdade, reestruturar
o Estado, enfrentar os problemas e construir um novo futuro. Fazer o
que precisa ser feito. Isso sim é culpa de Sartori.
Deputado estadual do PMDB
Fonte: Correio do Povo, página 2 da
edição de 23 de setembro de 2015.
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