Em
1975, o então jovem deputado de primeiro mandato Aldo Pinto (MDB) já
se preocupava com a quantidade excessiva de empresas de economia
mista e fundações públicas criadas pelo governo anterior de
Euclides Triches (março de 1971 a março de 1975). Numa extensa
reportagem no jornal Folha da Manhã, editado aqui mesmo pela Caldas
Júnior, Aldo Pinto Relacionava 40 entidades para este colunista que
era repórter e autor da matéria.
Já
naquela época havia uma projeção do que seria o futuro das
finanças de nosso Estado se essas empresas e fundações não fossem
bem administradas e servissem apenas de gazuas para um empreguismo
sem a necessidade de concursos públicos.
Passados
40 anos, a previsão de Aldo Pinto estava certa. Houve endividamento
e muito empreguismo e nenhum outro governador conseguiu controlar um
leviatã que foi mimado, alimentado com milhares de novos empregos e
reduzidos reais postos de trabalho.
O
RS chegou a ter empresas de economia mista (depois extintas) como a
Prograsa (para desidratar cebolas) e a Cintea (construção de
estradas alimentadoras), entre outras. Eram empresas que tinham
presidência, diretorias e alguns funcionários, todos nomeados sem
concurso.
Foi
ali, na década de 1970, que o RS se habilitou a tornar-se no futuro
um estado destinado a ostentar um desairoso título de devedor
irreversível e que se não tomasse medidas corajosas de saneamento
das despesas e dos empréstimos contraídos chegaria a um dead
line irreversível.
Apenas
um governador, Antonio Britto, tentou tirar das costas do Executivo
aquele fardo que a cada troca de comando no Piratini se mostrava
pesado e difícil de ser carregado. Ele queria privatizar tudo o que
fosse possível, pois o RS estava se desviando de suas funções
constitucionais de investir em educação, segurança pública, saúde
e infraestrutura.
José
Ivo Sartori é o décimo governador desde Euclides Triches, tendo
exatos 40 anos desde que o deputado Aldo Pinto levantou suas dúvidas
sobre a transformação do RS num “estado-empresa” com suas
investidas em áreas que a iniciativa privada saberia cuidar com mais
talento.
Hoje,
o governador Sartori só tem uma bala na agulha para acertar o
leviatã e deixar de ser apenas um chefe de departamento de pessoal
proecupado com a folha de servidores no fim de cada mês – vender
tudo o que for possível, a começar pelo imóveis ociosos. Não há
plano B.
A
máquina estatal (1)
O
RS tem hoje nove autarquias, de acordo com o portal do governo
gaúcho. São as seguintes: Agência Gaúcha de Desenvolvimento e
Promoção do Investimento (AGDI), BRDE, Daer, Detran, IPE, Irga,
Junta Comercial do RS, Superintendência de Portos e Hidrovias,
Superintendência do Porto de Rio Grande.
A
máquina estatal (2)
São
11 fundações: Cientec, Fadergs, Fapergs, FDRH, FEE, Fepagro, Fepam,
FGTAS, Metroplan e TVE. Todas, a exemplo das autarquias, fazendo
parte do acordo político de governabilidade, sendo distribuídas
para os partidos que compõem a bsee parlamentar na Assembleia.
A
máquina estatal (3)
As
empresas públicas ou de economia mista são as mais disputadas a
cada troca de governo. A lista: Procergs, Banrisul, Badesul
Desenvolvimento, Ceasa, CEEE, Cesa, Corag, Corsan, CRM, Sulgás.
Banrisul
Como
empresa de economia mista, o Banrisul cumpre com seus propósitos por
ser um banco tradicional, identificado com os gaúchos e rentável
como qualquer organização bancária de nosso país. Será uma
honrosa exceção num plano de privatização e venda de ativos
públicos.
Prograsa
A
Prograsa foi uma empresa criada pelo governador Euclides Triches.
Objetivo: desidratar cebola, um importante produto agrícola gaúcho
que apodrecia nas lavouras dos então quase inacessíveis municípios
de São José do Norte e Mostardas. Foi extinta sem ter desidratado
um pé de cebola.
Cintea
Empresa
de economia mista do governo gaúcho – Companhia Intermunicipal de
Estradas Alimentadoras – criada para construir estradas que fossem
ligadas à malha rodoviária estadual e federal. Estava se
intrometendo em atividades do Daer e acabou extinta com muito
equipamento abandonado.
Fonte:
Correio do Povo, página 6 de 26 de julho de 2015.
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