sábado, 8 de agosto de 2015

O colapso no SUS, por Osmar Terra

Infelizmente, estamos vivendo a agonia do Sistema Único de Saúde (SUS). A crise é generalizada, não só no Rio Grande do Sul. O maior responsável por essa grande situação é o governo federal que, ano a ano, diminui sua participação no bolo da saúde. Há 15 anos, a União participava com 65% de todos os recursos para a saúde pública. Estados e municípios, 35%. Hoje, praticamente, inverteu. Como se não bastasse, o governo cortou R$ 12 bilhões dos recursos previstos no Orçamento deste ano, para cumprir o “ajuste fiscal”. É um golpe mortal, que produz um efeito cascata, sobrecarregando, mais ainda, estados e municípios e levando à paralisia progressiva dos serviços. A tesoura dos cortes protagonizados pelo governo é macabra. Ela aumenta a agonia da população que cada vez mais é barrada nas emergências superlotadas e amarga meses e, por vezes, anos de espera para cirurgias simples. Muitos não resistem à demora!
Hoje, nosso governo gasta a metade do que a Argentina investe em saúde per capita! Quatro vezes menos que o Reino Unido e cinco vezes menos que o Canadá. O atual e nos governos que o antecederam jamais trataram a Saúde como prioridade. O ministro da Saúde, Arthur Chioro, fala que apenas a “longo prazo” teremos uma verdadeira transformação no atendimento. Mas como esse tratamento, o SUS não resistirá a curto prazo. É necessário não só manter, mas ampliar – e muito! As estruturas de atendimento e, no mínimo, dobrar o orçamento. Além disso, é crucial a estruturação de uma carreira nacional para todos os profissionais do SUS que trabalham na atenção básica.
Mais, o envelhecimento dos brasileiros também exige uma rede cada vez maior e mais sofisticada para assistência de doenças e suas complicações. O aumento vertiginoso de veículos no país inflou as estatísticas de pessoas acidentadas ou sequeladas. A epidemia das drogas e a violência urbana dizimam parcela importante da nossa juventude. Tudo sem uma resposta minimamente adequada do governo.
O SUS, o maior e mais perigoso programa social que o Brasil já criou, está relegado a um segundo plano, e cada vez mais desacreditado pela população. Ele pode estiver vivendo seus últimos momentos. Se o governo mantiver seus propósitos e cortes, o ano de 2015 poderá ser o último da existência do SUS!

Deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Saúde e Defesa do SUS


Fonte: Correio do Povo, edição de 17 de julho de 2015, página 2.


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