Infelizmente,
estamos vivendo a agonia do Sistema Único de Saúde (SUS). A crise é
generalizada, não só no Rio Grande do Sul. O maior responsável por
essa grande situação é o governo federal que, ano a ano, diminui
sua participação no bolo da saúde. Há 15 anos, a União
participava com 65% de todos os recursos para a saúde pública.
Estados e municípios, 35%. Hoje, praticamente, inverteu. Como se não
bastasse, o governo cortou R$ 12 bilhões dos recursos previstos no
Orçamento deste ano, para cumprir o “ajuste fiscal”. É um golpe
mortal, que produz um efeito cascata, sobrecarregando, mais ainda,
estados e municípios e levando à paralisia progressiva dos
serviços. A tesoura dos cortes protagonizados pelo governo é
macabra. Ela aumenta a agonia da população que cada vez mais é
barrada nas emergências superlotadas e amarga meses e, por vezes,
anos de espera para cirurgias simples. Muitos não resistem à
demora!
Hoje,
nosso governo gasta a metade do que a Argentina investe em saúde
per capita! Quatro vezes menos que o Reino Unido e cinco vezes
menos que o Canadá. O atual e nos governos que o antecederam jamais
trataram a Saúde como prioridade. O ministro da Saúde, Arthur
Chioro, fala que apenas a “longo prazo” teremos uma verdadeira
transformação no atendimento. Mas como esse tratamento, o SUS não
resistirá a curto prazo. É necessário não só manter, mas ampliar
– e muito! As estruturas de atendimento e, no mínimo, dobrar o
orçamento. Além disso, é crucial a estruturação de uma carreira
nacional para todos os profissionais do SUS que trabalham na atenção
básica.
Mais,
o envelhecimento dos brasileiros também exige uma rede cada vez
maior e mais sofisticada para assistência de doenças e suas
complicações. O aumento vertiginoso de veículos no país inflou as
estatísticas de pessoas acidentadas ou sequeladas. A epidemia das
drogas e a violência urbana dizimam parcela importante da nossa
juventude. Tudo sem uma resposta minimamente adequada do governo.
O
SUS, o maior e mais perigoso programa social que o Brasil já criou,
está relegado a um segundo plano, e cada vez mais desacreditado pela
população. Ele pode estiver vivendo seus últimos momentos. Se o
governo mantiver seus propósitos e cortes, o ano de 2015 poderá ser
o último da existência do SUS!
Deputado
federal e presidente da Frente Parlamentar da Saúde e Defesa do SUS
Fonte:
Correio do Povo, edição de 17 de julho de 2015, página 2.
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