Empresas
integram pacote de privatização que interessa ao mercado
Flávia
Bemfica
Na
área de infraestrutura, o interesse da iniciativa privada no
programa de venda de ativos a ser lançado pelo governo só Estado
vai além das empresas públicas mais conhecidas como a Corsan e a
CEEE. A Sulgás e a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) são
apontadas como altamente atrativas. Ambas atuam no setor de energia e
são lucrativas, o que, por si só, já explica o interesse dos
investidores.
A
Sulgás registrou receita bruta de R$ 1,04 bilhão e lucro líquido
de R$ 53,3 milhões em 2014. Hoje, atende a 20 mil clientes, a
maioria residenciais, em 38 municípios, e investe na ampliação da
rede, como ocorre em Porto Alegre. Mas o combustível que importa da
Bolívia pelo gasoduto e vende o gás natural, é estratégico para o
setor industrial, onde a projeção de expansão é concreta: nos
próximos anos o RS vai receber seu primeiro terminal de
regaseificação (que converte gás natural liquefeito em gás
natural).
A
CRM, que tem reservas nas cidades de Candiota, Minas o Leão e
Cachoeira do Sul viu suas perspectivas mudarem recentemente, quando o
carvão voltou a ser colocado nos leilões de energia. O RS tem cerca
de 80% do carvão mineral do país, e a CRM detém o potencial
equivalente a 3 bilhões de toneladas do minério. Pelo menos quatro
investidores privados são apontados como interessados em sua venda
de ativos: a gaúcha Fagundes Construção e Mineração, a
Tractebel, maior geradora privada de energia do Brasil, a Copelmi e o
grupo alemão E.ON (mesmo que tenha anunciado recentemente a
suspensão de seus investimentos no país).
As
empresas
Sulgás
É
a concessionária exclusiva para a distribuição do gás natural
proveniente da Bolívia no RS pelos próximos 25 anos. A empresa é
uma sociedade de economia mista na qual o governo gaúcho detém 51%
das ações e a Petrobras Gás (Gaspetro) os outros 49%. Os
investidores privados pretendem chegar à empresa de duas formas:
tanto pela venda de ativos a ser promovida pelo governo de José Ivo
Sartori (PMDB) como por meio da Gaspetro, já que a Petrobras está
se desfazendo de uma série de ativos e o mercado especula há meses
que ela pode incluir a Gaspetro nestas operações. No formato atual,
as ações em poder do governo gaúcho são cotadas em
aproximadamente R$ 500 milhões. O valor é apontado como muito
inferior à projeção do lucro estimada para os próximos 25 anos da
concessão.
CRM
Assim
como a Sulgás, também é uma empresa de economia mista, mas na qual
mais de 99% das ações pertencem ao governo do Estado. Trabalha com
um combustível apontado como farto e barato e, mesmo que a produção
das termoelétricas à carvão represente hoje cerca de 1,5% do
sistema elétrico nacional, as perspectivas são muito boas. Há
tecnologia para produção com menores danos ao meio ambiente e em
outros países já é realizada a gaseificação do carvão. Um
exemplo do interesse dos investidores privados está no projeto em
curso em Candiota. Após vencer o leilão no ano passado, a Tractebel
construirá até 2019 uma usina de 340 megawatts, que inicialmente
será abastecida pela Copelmi.
Fonte:
Correio do Povo, página 4 de 27 de julho de 2015.
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