Sim,
e daí? A quem interessa uma intervenção federal no RS? O assunto
chegou a ser dominante desde a última segunda-feira e aumentou
consideravelmente depois que o governador José Ivo Sartori foi a
Brasília no final desta terça-feira se encontrar com os ministros
Teori Zavascki, Celso de Mello e Luís Roberto Barroso.
Na
volta de Brasília o governador Sartori afastou tal possibilidade que
não estava em julgamento no STF, pois a nossa Corte Suprema votava
apenas um recurso (agravo regimental) do governo gaúcho, que buscava
derrubar uma decisão do TJRS que determinou o pagamento em dia dos
vencimentos do funcionalismo.
Minudências
jurídicas à parte, imaginemos a intervenção federal no RS porque
Sartori não pagou parte da folha e ainda parcelou vencimentos. A
intervenção dar-se-ia pela citada razão específica e o
interventor teria de cumprir o que o governador afastado deixou de
fazer.
A
intervenção seria uma varinha mágica no caixa do Tesouro estadual?
Estaria o interventor incorporado pelo espírito do rei Midas que, ao
tocar (por exemplo) na papelada de nossas dívidas, estas se
transformariam em barras de ouro?
Intervenção
federal é coisa séria e o STF tem assuntos mais importantes a
tratar. O governador Sartori atrasou o pagamento de parte do
funcionalismo, não por ser relapso, mas pela falta de dinheiro. O
diálogo tão lembrado nas últimas horas deveria ser constante desde
que o governador assumiu.
Tivesse
o governador aberto as contas e falado sobre a “herança”
recebida, nos primeiros dias de seu governo, com o devido apoio de
sua bancada na Asembleia, talvez o clima lhe fosse hoje o mais
favorável.
Não
é bem gaúcho o ditado “é do couro que saem as correias?” Mas
de que couro estamos falando, se o que temos não pode ser curtido
pelas marcas do ferro em brasa dos gastos acima das receitas, as
quais o deixaram inutilizado?
Marca
de ferro em brasa não desaparece do couro do rebanho com capataz
novo na estância.
A
lenda de Midas (1)
Midas,
da Frígia (hoje área de Anatólia, na Turquia), encontrou um idoso
chamado Sileno que estava perdido depois de um porre de vinho. Sileno
era importante no Olimpo, pois criara como filho Baco, o deus do
vinho. Baco, feliz com o reencontro proporcionado por Midas, disse ao
rei da Frígia que faria real qualquer desejo que sonhasse. Midas,
então, pediu que tudo que tocasse se transformasse em ouro.
A
lenda de Midas (2)
Imediatamente,
Baco deferiu o pedido e Midas não parou mais de ver ouro na sua
frente. Tudo se transformava no precioso metal, inclusive seus
alimentos e sua filha amada, depois de lhe dar um abraço. A vida de
Midas mudou e estava ameaçada, pois nem mesmo comer ele podia.
Implorou a Baco pela volta de sua vida normal, no que também foi
atendido pela generosidade divina.
A
lenda de Midas (3)
Midas
tocou sua vida e, um dia, entrou em choque com Timolo, deus das
montanhas. Timolo julgou um desafio musical entre Pã, o deus dos
bosques, e Apolo, o deus da luz e da beleza. Pã na flauta e Apolo na
lira. Apolo venceu, mas Midas discordou e criticou a decisão. Timolo
castigou Midas dando-lhe orelhas de burro.
A
lenda de Midas (4)
Midas
escondeu suas orelhas com um turbante, mas seu cabeleireiro sabia e,
não conseguindo esconder o segredo, cavou um buraco, gritou bem alto
“o rei Midas tem orelhas de burro” e logo cobriu-se com areia. No
local nasceram pés de junco e, toda vez que ventava, ouvia-se na
plantação o segredo das orelhas de Midas.
Moral
da lenda
É
melhor confiar desconfiando do poder dos deuses olímpicos. Um deles
lhe dará o poder de transformar tudo em ouro. Outro, se for
contrariado, vai ornamentar sua cabeça com orelhas de burro.
Fonte:
Correio do Povo, página 6 de 6 de agosto de 2015.
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