Nesta
sexta-feira, a bandeira dos Estados Unidos voltou a tremular junto à
embaixada em Havana. Num ato simbólico, ela foi hasteada pelos
mesmos três marinheiros que arriaram em 1961, quando as relações
entre os dois países foram rompidas. O secretário de Estado
americano, John Kerry, esteve presente e destacou a vontade do
governo norte-americano de incrementar as relações com a ilha.
Seguramente, vai haver a partir de agora uma invasão norte-americana
a Cuba – não só de turistas, mas também de empreendedores.
Afinal, há a informação de que já foi feito um levantamento
aerofotográfico da ilha.
Para
muita gente há o temor de que essa invasão americana irá destruir
o “museu a céu aberto” que é Havana. Não acredito, por um
detalhe: a cidade antiga é tombada pela Unesco e, como tal, deve ser
preservada. Aliás, a Unesco tem feito um intenso trabalho na
recuperação de prédios, porém sua ação tem alcançado cerca de
20% dos edifícios que necessitam de restauração. A maior parte se
constituiu em grandes cortiços, abrigando famílias pobres que ali
se aglomeram. A filosofia norte-americana, como se sabe, não é de
recuperar prédios, mas de derrubá-los e fazer novas edificações.
Não podrão fazer isto. Quando muito, irão recuperar alguns prédios
para abrigar uma lanchonete do McDonald's, um café do Starbucks ou
outra franquia do gênero. Os grandes empreendimentos serão erguidos
nos arredores de Havana. Provavelmente, ião criar uma área de
negócios, com grandes prédios, como há um exemplo dentro do
próprio território americano: New Orleans. Ali, o centro histórico,
construído pelos franceses, está preservado, sendo local de bares,
lojas, restaurantes e de exibição dos múltiplos executores de jazz
e blues. Um lugar que tem história e tem charme. O mesmo pode ser
feito em Havana.
Ao
mesmo tempo em que as relações estão sendo restabelecidas, Fidel
Castro está apresentando uma conta aos EUA. Diz que devem milhões
de dólares por danos causados a Cuba. Quanto a uma indenização
desse tipo, Fidel pode esperar sentado. No entanto, seguramente os
norte-americanos irão colocar na ilha, em investimentos, muito mais
que os milhões de dólares que Fidel está cobrando.
Fonte:
Correio do Povo, página 7 de 16 de agosto de 2015.
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