Pensador prussiano produziu uma revolução no modo de analisar o relacionamento político entre as nações
Todo o pensamento político carrega consigo as marcas de seu tempo. Existe um número infinito de temas sobre os quais o pensamento político se debruçou ao longo dos séculos.
Muitos desses temas estiveram voltados para a organização interna dos Estado como, forma de governo, regime político, partidos políticos, etc. Outros temas se voltaram para o estudo das relações entre as nações. Esse ramo do pensamento político acabou resultando nos cursos acadêmicos de Relações Internacionais.
Clausewitz foi um dos pensadores que formulou uma controvertida teoria acerca das relações entre os Estados baseada no uso da força. Esse modo de ver as relações entre as nações, ou mais exatamente as relações internacionais, foi minuciosamente detalhado na obra clássica de Clausewitz intitulada Da Guerra.
O Personagem
Carl Phillip Gottfried von Clausewitz foi um soldado e um intelectual prussiano (original da Prússia, estado que foi anexado à Alemanha no final do século XIX). Nasceu em uma família de classe média com vínculos aristocráticos.
Clausewitz iniciou sua carreira militar aos 13 anos como cadete. Cabe notar que o Estado prussiano possuía uma forte vocação militarista, o que explica o ingresso de jovens na carreira militar muito cedo. Em 1806 foi capturado por soldados franceses.
As atividades militares de Clausewitz logo são substituídas pelo estudo das estratégias utilizadas nas mais diversas guerras ocorridas até então. Em 1808, Clausewitz é convocado para reorganizar o exército prussiano, tornando-se professor da academia militar em 1810. Como General do II Exército prussiano, participa da batalha de Waterloo, que em 1815 impõe à Napoleão uma derrota definitiva. Em 1818, Clausewittz é promovido a Major-General e Diretor do Colégio de Guerra de Berlim, onde desenvolve sua teoria.
O Tratado de Westphália e as Guerras Napoleônicas
O contexto histórico no qual Clausewitz pensa e elabora sua teoria das relações internacionais baseadas na guerra marca o fim do Tratado de Westphália e o início das Guerras Napoleônicas. O Tratado de Westphália foi um grande acordo entre os países europeus que vigorou de 1648 a 1789. No período anterior a 1648, as guerras religiosas dominaram o cenário europeu. A Europa central foi devastada pelo conflito entre católicos e protestante. É importante notar que o que estava em jogo nestes conflitos anteriores ao Tratado de Watphália, não eram causas nacionais e sim causas relacionadas ao poder político exercido pelas duas religiões em conflito.
A partir de Westphália começaram a se firmar os Estados Nacionais. Nesse novo sistema político as relações se davam através de entidades autônomas. Ou seja, Estados representados por seus governos. Esse processo de formação dos Estados Nacionais representou o declínio do poder político da Igreja Católica, que era exercido através do Papa, e a construção do que se convencionou chamar de soberania nacional. Com isso, o Estado Nacional se tornou uma organização política que, dentro de suas fronteiras geográficas (território), podia estabelecer seu regime político e defender seus interesses sem necessitar da aprovação de nenhum poder externo.
Como tais Estados eram responsáveis por manterem seus exércitos, os custos da guerra era considerado elevado demais por se tratar da mobilização de um exército composto por profissionais especializados.
Com isso, produziu-se na Europa um certo equilíbrio no qual um Estado não atacava o outro para não precisar arcar com os custos da guerra. A Revolução Francesa de 1789 altera este cenário de equilíbrio pr incorporar a massa dos cidadãos em uma ação armada. Em outras palavras, as guerras deixaram de ser travadas por soldados especializados e passaram a contar com a participação de pessoas comuns.
Esse novo tipo de guerra foi muito bem percebido por Napoleão Bonaparte, que usava de uma habilidade retórica em discursos para conclamar os cidadãos a se engajarem na defesa de seu país, instigando, assim o instituto patriótico dos franceses. Com sua retórica hábil, Napoleão conseguiu mobilizar um poderoso exército que buscou estender o domínio francês em todo o continente europeu.
A Teoria da Guerra
Captando as mudanças na forma de executar os combates, bem como a importância desse instrumento nas relações entre os países, Clausewitz elabora sua teoria da guerra baseada em três princípios fundamentais.
racionalidade
instrumentalidade
interesse nacional
O primeiro princípio, o da racionalidade, parte da ideia de que o ato de guerra deve ser praticado com base na razão e não na emoção. Em outras palavras, um Estado que declara guerra a outro Estado somente deve tomar essa iniciativa depois de medir os custos envolvidos em tal decisão, e quais as possibilidades de vitória, caso contrário, a declaração de guerra será um ato de imprudência. O segundo princípio complementa o primeiro, ou seja, a guerra é um instrumento utilizado para atingir um objetivo pré-estabelecido. Do bom manejo deste instrumento depende o sucesso ou o fracasso da guerra.
A instrumentalidade da guerra é vista por Clausewitz não apenas como a boa destreza do exército no campo de batalha, mas também a utilização simbólica da guerra, ou mais exatamente, da ameaça da guerra. Isto é possível quando a força militar de um Estado é visivelmente superior ao outro, o que toma possível atingir um objetivo com a simples ameaça de guerra.
O terceiro princípio é o do interesse nacional. Clausewitz, como já foi dito, via o Estado Nacional como o principal agente da guerra. As guerras só ocorrem, para o autor, porque Estados soberanos buscam defender seus interesses.
Esses três princípios formaram o chamado paradigma clausewitzniano que dominou os estudos das relações internacionais até meados do século XX quando a primeira e a segunda guerras mundiais permitiram que os conflitos não envolvessem apenas dois Estados isolados, e sim, vários Estados que estabeleciam alianças entre si.
Política para Políticos
Todo o pensamento político carrega consigo as marcas de seu tempo. Existe um número infinito de temas sobre os quais o pensamento político se debruçou ao longo dos séculos.
Muitos desses temas estiveram voltados para a organização interna dos Estado como, forma de governo, regime político, partidos políticos, etc. Outros temas se voltaram para o estudo das relações entre as nações. Esse ramo do pensamento político acabou resultando nos cursos acadêmicos de Relações Internacionais.
Clausewitz foi um dos pensadores que formulou uma controvertida teoria acerca das relações entre os Estados baseada no uso da força. Esse modo de ver as relações entre as nações, ou mais exatamente as relações internacionais, foi minuciosamente detalhado na obra clássica de Clausewitz intitulada Da Guerra.
O Personagem
Carl Phillip Gottfried von Clausewitz foi um soldado e um intelectual prussiano (original da Prússia, estado que foi anexado à Alemanha no final do século XIX). Nasceu em uma família de classe média com vínculos aristocráticos.
Clausewitz iniciou sua carreira militar aos 13 anos como cadete. Cabe notar que o Estado prussiano possuía uma forte vocação militarista, o que explica o ingresso de jovens na carreira militar muito cedo. Em 1806 foi capturado por soldados franceses.
As atividades militares de Clausewitz logo são substituídas pelo estudo das estratégias utilizadas nas mais diversas guerras ocorridas até então. Em 1808, Clausewitz é convocado para reorganizar o exército prussiano, tornando-se professor da academia militar em 1810. Como General do II Exército prussiano, participa da batalha de Waterloo, que em 1815 impõe à Napoleão uma derrota definitiva. Em 1818, Clausewittz é promovido a Major-General e Diretor do Colégio de Guerra de Berlim, onde desenvolve sua teoria.
O Tratado de Westphália e as Guerras Napoleônicas
O contexto histórico no qual Clausewitz pensa e elabora sua teoria das relações internacionais baseadas na guerra marca o fim do Tratado de Westphália e o início das Guerras Napoleônicas. O Tratado de Westphália foi um grande acordo entre os países europeus que vigorou de 1648 a 1789. No período anterior a 1648, as guerras religiosas dominaram o cenário europeu. A Europa central foi devastada pelo conflito entre católicos e protestante. É importante notar que o que estava em jogo nestes conflitos anteriores ao Tratado de Watphália, não eram causas nacionais e sim causas relacionadas ao poder político exercido pelas duas religiões em conflito.
A partir de Westphália começaram a se firmar os Estados Nacionais. Nesse novo sistema político as relações se davam através de entidades autônomas. Ou seja, Estados representados por seus governos. Esse processo de formação dos Estados Nacionais representou o declínio do poder político da Igreja Católica, que era exercido através do Papa, e a construção do que se convencionou chamar de soberania nacional. Com isso, o Estado Nacional se tornou uma organização política que, dentro de suas fronteiras geográficas (território), podia estabelecer seu regime político e defender seus interesses sem necessitar da aprovação de nenhum poder externo.
Como tais Estados eram responsáveis por manterem seus exércitos, os custos da guerra era considerado elevado demais por se tratar da mobilização de um exército composto por profissionais especializados.
Com isso, produziu-se na Europa um certo equilíbrio no qual um Estado não atacava o outro para não precisar arcar com os custos da guerra. A Revolução Francesa de 1789 altera este cenário de equilíbrio pr incorporar a massa dos cidadãos em uma ação armada. Em outras palavras, as guerras deixaram de ser travadas por soldados especializados e passaram a contar com a participação de pessoas comuns.
Esse novo tipo de guerra foi muito bem percebido por Napoleão Bonaparte, que usava de uma habilidade retórica em discursos para conclamar os cidadãos a se engajarem na defesa de seu país, instigando, assim o instituto patriótico dos franceses. Com sua retórica hábil, Napoleão conseguiu mobilizar um poderoso exército que buscou estender o domínio francês em todo o continente europeu.
A Teoria da Guerra
Captando as mudanças na forma de executar os combates, bem como a importância desse instrumento nas relações entre os países, Clausewitz elabora sua teoria da guerra baseada em três princípios fundamentais.
racionalidade
instrumentalidade
interesse nacional
O primeiro princípio, o da racionalidade, parte da ideia de que o ato de guerra deve ser praticado com base na razão e não na emoção. Em outras palavras, um Estado que declara guerra a outro Estado somente deve tomar essa iniciativa depois de medir os custos envolvidos em tal decisão, e quais as possibilidades de vitória, caso contrário, a declaração de guerra será um ato de imprudência. O segundo princípio complementa o primeiro, ou seja, a guerra é um instrumento utilizado para atingir um objetivo pré-estabelecido. Do bom manejo deste instrumento depende o sucesso ou o fracasso da guerra.
A instrumentalidade da guerra é vista por Clausewitz não apenas como a boa destreza do exército no campo de batalha, mas também a utilização simbólica da guerra, ou mais exatamente, da ameaça da guerra. Isto é possível quando a força militar de um Estado é visivelmente superior ao outro, o que toma possível atingir um objetivo com a simples ameaça de guerra.
O terceiro princípio é o do interesse nacional. Clausewitz, como já foi dito, via o Estado Nacional como o principal agente da guerra. As guerras só ocorrem, para o autor, porque Estados soberanos buscam defender seus interesses.
Esses três princípios formaram o chamado paradigma clausewitzniano que dominou os estudos das relações internacionais até meados do século XX quando a primeira e a segunda guerras mundiais permitiram que os conflitos não envolvessem apenas dois Estados isolados, e sim, vários Estados que estabeleciam alianças entre si.
Política para Políticos
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