quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Brasil está em recessão desde o 2º trimestre de 2014, diz comitê da FGV

por RENATA AGOSTINI

O Brasil enfrenta uma recessão desde o segundo trimestre do ano passado, segundo cálculo do Comitê de Ciclos Econômicos, o Codace, grupo criado em 2008 pela Fundação Getulio Vargas para determinar os períodos de expansão e contração da economia do país.
De acordo com o comitê, a atividade econômica está em queda, portanto, há pelo menos quatro trimestres.
Não há previsão sobre quanto tempo a recessão atual deve durar. Mas já se trata do ciclo recessivo mais duradouro vivido pelo país desde o início de 1999, quando a economia saiu de um período de contração econômica de cinco trimestres (veja quadro acima).

"Todos os indicadores mostram que ainda estamos vivendo o processo recessivo e que devemos enfrentá-lo até pelo menos o final do ano", afirma Paulo Picchetti, professor da Escola de Economia de São Paulo da FGV e um dos sete membros do Comitê de Ciclos Econômicos.
Na estimativa de instituições financeiras e analistas de mercado, o país fechará 2015 com retração de 1,8% no PIB e seguirá em recessão no primeiro trimestre de 2016.

METODOLOGIA

O comportamento do PIB é o principal sinalizador da atividade econômica. Quando ele recua por dois trimestres seguidos, muitos economistas dizem que um país entrou em "recessão técnica".
No entanto, o Codace analisa um vasto número de indicadores para definir os períodos de recessão e expansão dos ciclos econômicos. O desempenho do PIB é somente um deles, embora tenha peso expressivo por ser o mais abrangente.
O comitê leva também em consideração dados como a atividade industrial, a taxa de desemprego, as vendas no comércio varejista.
Segundo o grupo, o método usado assemelha-se ao adotado pelo NBER, instituto privado dos EUA que é referência em cálculos sobre ciclos econômicos.
Pelo modelo do Codace, o Brasil viveu nove períodos de recessão desde o primeiro trimestre de 1981, início da série histórica.
A análise da série mostra que a duração dos períodos de recessão vinha diminuindo, enquanto a dos ciclo de bonança econômica expandia-se, uma consequência da estabilização monetária e financeira permitida pelo Plano Real e do cenário internacional mais favorável a partir do início dos anos 2000.

MAROLINHA

Antes da crise econômica mundial, que eclodiu nos últimos meses de 2008, o país havia experimentado 21 trimestres consecutivos de expansão —um recorde na série a construída pelo grupo.
Do segundo trimestre de 2009, quando o país saiu da crise, até o primeiro trimestre de 2014, foram outros 20 trimestres seguidos de economia em crescimento.
Para Picchetti, o ciclo recessivo atual é reflexo das medidas tomadas pelo Brasil com o objetivo de acelerar a recuperação da sua última crise.
Na ocasião, o governo incentivou o crédito e o consumo das famílias para estimular a demanda doméstica. Para o ex-presidente Lula, enquanto o mundo enfrentava uma tsunami, o Brasil lidava com uma "marolinha".
"Nessa de sermos os primeiros a sair da crise, aparentemente você criou uma série de desequilíbrios, que estão cobrando a conta agora. Saímos pelo lado da demanda tanto do lado de política monetária quanto de política fiscal. E os desarranjos basicamente se mostraram incontornáveis após as eleições presidenciais [do ano passado]", diz Picchetti.
Quem faz o cálculo?
O Codace (Comitê de Datação de Ciclos Econômicos) determina cronologias para os ciclos econômicos do país

Como funciona o cálculo?

Os economistas determinam os ciclos pela avaliação de uma série de indicadores como PIB, taxa de desemprego e produção industrial
Fonte: Folha Online - 04/08/2015 e Endividado

 

Com o pires na mão, por Luiz Carlos Folador

    O “Prefeito dos prefeitos”. Assim costuma ser chamado o presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), cargo para o qual tive a honra de ser eleito. E, justamente pela responsabilidade de representar tantos gestores locais, fiz questão de tomar uma atitude, durante a cerimônia de posse da nova diretoria da instituição: ajoelhar-me com um pires na mão, assim como fazem simbolicamente só governos municipais diante do Estado e da União.
    O gesto representa a dificuldade dos municípios em atender às demandas da população com os poucos recursos que temos. Pelo ato, reforcei a importância do novo Pacto Federativo, principal bandeira da nossa entidade. Precisamos urgentemente da redistribuição do bolo tributário, concentrado na União.
    Brasília virou uma Meca de prefeitos que querem resolver problemas e buscar recursos. É cada vez mais difícil conseguir o que deve ser feito com a falta de autonomia do poder local. O sistema federativo brasileiro impõe esta lógica: o dinheiro dos impostos é pago no mercadinho, no posto de gasolina, na farmácia. E a maior parte disso vai para o governo federal. E quando volta, é preciso fazer muito com muito pouco.
    O que os prefeitos defendem é justamente o oposto: descentralização de podere recursos. Vejam o que acontece em países como Alemanha e a Austrália: são dois exemplos de nações em um estágio elevado de regionalização das políticas públicas. Contam com um arranjo de gestões mais autônomas nos serviços, trazendo agilidade e continuidade nos investimentos em saúde, educação e infraestrutura. E quem ganha com isso é a população.
    Por que não podemos sonhar com um Brasil assim? Mudar essa realidade é essencial para o desenvolvimento do Estado e do país. Nossa entidade tem levantado pautas fundamentais para que isso ocorra. Além do Pacto Federativo, lutamos por bandeiras como a atualização da Lei de Licitações, a desoneração de ICMS das compras municipais e o destravamento da Lei dos Royalties do Petróleo. São iniciativas para que tenhamos um Estado mais descentralizado e menos burocrático – e que faça com que as comunidades não precisem mais se ajoelhar diante dos governos centrais, com o pires na mão.

Presidente da Famurs e prefeito de Candiota

Fonte: Correio do Povo, edição de 22 de julho de 2015, página 2.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Começa a reconstrução em Gaza

    Cidade de Gaza – O ministro palestino da Habitação e Obras Públicas, Mufid al Hasayneh, pousou nesta quarta-feira a primeira pedra para a reconstrução de uma casa que havia sido destruída durante a ofensiva militar israelense na Faixa de Gaza em 2014. Até agfora, devido à falta de materiais de construção – cuja entrada no território depende de autorização de Israel, que impõe um bloqueio à Faixa de Gaza -, só haviam sido realizadas obras da reparação nas residências danificadas, mas não nas destruídas.
    A reconstrução de 18 mil casas levará vários anos, segundo as autoridades. Entre os empecilhos estão as promessas descumpridas dos doadores internacionais e as lutas internas palestinas.

Fonte: Correio do Povo, página 8 de 23 de julho de 2015.

 

 

 

Congresso se prepara para pautas bomba

PEC da maioridade, correção do FGTS e contas da União são alguns dos temas

    O Congresso Nacional deve retomar os trabalhos a partir de agosto com a votação de pautas delicadas para o Palácio do Planalto, como o projeto que reduz as desonerações na folha de pagamento d empresas, parte do pacote de ajuste fiscal, a redução da maioridade penal, financiamento privado de campanha e a análise de contas de governos, incluindo o da presidente Dilma Rousseff. A lista de “pautas bomba”, como são chamadas as medidas com impacto nos cofres públicos, tem no projeto que muda a correção dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), passando de 3% para cerca de 6%, o principal problema para o governo. O Planalto alega que o projeto afeta programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, e obras de saneamento, financiadas com recursos do fundo.
    A análise de contas de governos, que deve ser uma das prioridades, também é outro pesadelo para Dilma. Antes de chegar na atual presidente, no entanto, deputados e senadores terão que colocar em dia a apreciação das contas de vários presidentes da República, já que de 1990 a 2013, há contas de 15 anos dependendo de análise.
    No que depender da disposição dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), essa pauta será prioridade na volta do recesso branco, que termina no dia 2. O compromisso, foi feito, na última semana, com o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União (TCU).
    Mesmo sem poder para aprovar ou reprovar definitivamente as contas do Executivo, por ser um órgão de fiscalização auxiliar do Congresso, o TCU tem o dever de enviar anualmente parecer ap Parlamento com a análise de atuação e do cumprimento de regras e leis pelo presidente e seus ministros. A partir daí, deputados e senadores ficam responsáveis pelo julgamento.
    No Congresso, o parecer do TCU vai direto para a Comissão Mista do Orçamento (CMO), onde o relator designado tem até 40 dias para entregar o parecer. A partir daí, os congressistas têm 15 dias para apresentar emendas e o relator da matéria, mais 15 para elaborar o texto final de um projeto de decreto legislativo. Em seguida, o projeto passa por dois turnos de votação nos plenários da Câmara e do Senado, que revezam o início da análise dos pareceres.


Fonte: Correio do Povo, página 3 de 27 de julho de 2015.

 

Consumidor mais otimista

    Não há como negar que a economia de um país não pode ser visualizada apenas do ponto de vista objetivo, com foco em poupança, Balança Comercial, possibilidades de investimentos, produtividade, entre outras variáveis igualmente importantes. Também é necessário se ter uma noção precisa de como está o patamar de otimismo daqueles que são os responsáveis pelo aquecimento do mercado. É o caso dos empreendedores e também, claro, dos que são os responsáveis pela aquisição de bens e de serviços, no caso, os consumidores, complemento imprescindível na cadeia que envolve a circulação de riquezas.
    Depois de uma média histórica de pessimismo, o consumidor brasileiro parece estar um pouco menos apreensivos em relação ao seu futuro e à sua própria renda. De acordo com um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), o Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) aumentou 1,8% de junho para julho. Esse indicador mostra que existe um espaço concreto para que a economia reaja, demandando dos setores públicos e privado ações efetivas, inclusive de melhoria de infraestrutura. O Inec continua muito baixo em relação ao mesmo mês do ano passado, quando chegou a 10,6%. Contudo, o fato de estancar a queda é bem significativo. Claro que a situação econômica do país reclama mudanças estruturais, mas elas devem vir acompanhadas de uma confiança na retomada do crescimento.

Correio do Povo, editorial da edição de 30 de julho de 2015, página 2.

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