Analistas
já passam a considerar hipótese de o BC segurar cortes na Selic
São
Paulo – A alta do dólar está levando parte do mercado a
revisar as projeções de inflação e da taxa básica de juros. Com
a mudança no patamar do câmbio, os analistas passaram a esperar uma
alta maior dos preços e possivelmente e um adiamento do início de
queda da taxa Selic.
Nos
últimos 30 dias, o real já perdeu 11,06% em relação ao dólar. No
ano, a desvalorização é de 31,26%. Esse movimento de depreciação
cambial pode ser explicado por duas grandes frentes. Internamente,
houve uma piora na percepção de risco brasileiro por causa da crise
política e pelo anúncio da revisão da meta fiscal. No exterior, há
um movimento de fortalecimento da moeda norte-americana por causa da
expectativa da elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, além
de a desvalorização do preço das matérias-primas (commodities)
afetar moedas de países exportadores de produtos básicos como o
Brasil.
Todo
esse novo cenário fez com que o banco Itaú aumentasse as suas
projeções para câmbio e inflação. A previsão para o dólar ao
fim desta ano subiu de R$ 3,20 para R$ 3,55, e para o IPCA aumentou
de 9,1% para 9,3%. A estimativa para a inflação de 2016 – ano em
que o Banco Central promete alcançar a meta de 4,5% - também
piorou. O cálculo do Itaú subiu de 5,3% para 5,8%. Para a
consultoria MB Associados, a inflação deverá ficar em 5,6%. A
projeção anterior era calculada em 5,4%. “A pressão cambial
deverá ainda se manter ao longo do primeiro semestre do ano que
vem”, reiterou Sérgio Vale, economista-chefe da consultoria.
Parte
dos analistas também passou a considerar a hipótese de o BC adiar a
queda da Selic, hoje em 14,25% ao ano. “A inflação vai demorar um
pouco mais para cair. Isso significa que o BC vai demorar mais para
derrubar o juro”, disse Felipe Salles, economista do Itaú. Para o
banco, a primeira queda da Selic passou do primeiro trimestre para o
segundo semestre de 2016. Um outro fator que pode manter a Selic
inalterada é a piora da política fiscal. “Como o ajuste fiscal
não tem ajudado no controle da inflação, o BC terá de manter a
Selic em 14,25% no começo de 2016”, concluiu Vale, da MB.
Fonte:
Correio do Povo, página 6 de 17 de agosto de 2015.
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