domingo, 5 de julho de 2015

Reestruturar formação médica é primordial para o SUS, por Arthur Chioro

A expansão e a melhoria do atendimento médico no país é um projeto que abrange inúmeros desafios. Para ser profunda e educadora, a mudança deve acontecer nas bases da formação médica, garantindo o aumento e a melhor distribuição da força de trabalho. O Ministério da Saúde, junto com a Pasta da Educação, vem reunindo esforços para aprimorar as políticas destinadas ao atendimento médico no Sistema Único de Saúde.
Uma dessas medidas é a mudança de paradigma no ensino médico. O SUS tem como porta de entrada a Atenção Básica, onde cerca de 80% dos problemas de saúde podem ser resolvidos sem o encaminhamento para hospitais e clínicas especializadas. Por isso, é primordial direcionar a formação médica para a Atenção Básica.
O governo federal iniciou esse processo por meio do Mais Médicos, em que uma das frentes é a implementação de mudanças no curso de Medicina, seguindo diretrizes do Conselho Nacional de Educação para avançar na formação com qualidade e perfil mais adequado às necessidades da população. Uma delas é a exigência de que 30% do internato da graduação – quando o estudante intensifica a prática – ocorra as unidades básicas e serviços de emergência do SUS.
Também precismos estimular as especialidades mais importantes para a saúde pública. O médico de família não é visto como um especialista “prestigioso” e isso precisa mudar para se construir uma Atenção Básica resolutiva e humanizada e um SUS mais efetivo. O foco agora é operacionalizar a determinação legal de que, até 2019, para cursar residência médica na maioria das especialidades, será necessário fazer de um a dois anos de residência em Medicina Geral de Família e Comunidade, com a atuação na Atenção Básica.
Essas mudanças vêm sendo acompanhadas por uma expansão contínua, mas criteriosa, do ensino e exigem também a formação de docentes e preceptores. Precisamos formar mais profissionais, sempre com qualidade e foco em vazios assistenciais. Já foram autorizados 39 cursos de Medicina em cidades sem faculdades – outros 22 ainda serão.
O caminho é longo e os resultados virão com o tempo. No curto prazo, estamos garantindo assistência para 63 milhões de brasileiros por meio da atuação de 18,2 mil profissionais do Mais Médicos. Mas apenas no longo prazo teremos uma verdadeira transformação no atendimento. São projetos como este, no entanto, que trazem os mais importantes fritos: políticas de Estado que buscam soluções definitivas para os problemas da sociedade.

Ministro da Saúde


Fonte: Correio do Povo, edição de 27 de junho de 2015, página 2.

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