domingo, 12 de julho de 2015

Mutirão casa gratuitamente mais de 300 casais de baixa renda no Rio


Sem pagar nada, mais de 300 casais foram hoje (11) ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro para converter a união estável em casamento, na segunda edição do Projeto Dia Sim. Para realizar esse mutirão, servidores do Judiciário e 16 magistrados começaram a oficializar as uniões às 8h, em cerimônias separadas que duravam cerca de 20 minutos.
"Cada juiz atende ao casal individualmente, ouve o casal, ouve as testemunhas. É como se fosse único, com todo o cerimonial", disse a juíza Raquel de Oliveira, que coordena o projeto de casamentos comunitários do Tribunal de Justiça.
Raquel argumenta que a certidão de casamento dá aos casais mais segurança do que a união estável, em que a comprovação da relação pode ser exigida com a apresentação de testemunhas e outros documentos. "Além disso, a gente percebe uma mudança psicológica para o casal. Eles sentem mais sólidos os seus laços familiares."
Para participar, os casais não podiam ter renda líquida maior que R$ 2,5 mil e deveriam se inscrever previamente, para ter os documentos analisados e preparados para o dia da cerimônia, em horário marcado. Mesmo sabendo a hora em que seria realizada sua cerimônia, muitos casais chegaram cedo e houve fila na entrada do tribunal.
Foi o caso do porteiro Marcelo Lopes, de 30 anos, e da dona de casa Elida Lopes, de 34. Os dois saíram de Vila Kennedy, na zona oeste, às 6h30, e terminaram de assinar os papéis pouco antes de 12h. Depois de idas e vindas, foi a segunda vez que o casal oficializou a relação: "A gente começou a namorar e a família não concordava. O começo já foi complicado. Aí, o nosso filho nasceu e foi uma correria. Ficamos quatro anos separando e voltando", contou Marcelo.
Os dois chegaram a se divorciar, mas, após o nascimento do segundo filho, decidiram se unir mais uma vez: "Como a gente é evangélico, gostaria de oficializar a união da forma mais correta possível, para protegê-la, como esposa, e a mim, como marido."
Há dez anos juntos, o vendedor Helio Britto, de 40 anos, e a assistente administrativa Adriana Costa, de 41 anos, aguardavam ser chamados para assinar os papéis de casamento. Do lado de fora do tribunal, esperavam sete convidados, entre eles, o filho do casal, de 6 anos. "Achamos que podíamos trazer convidado, mas só pode entrar a testemunha", explicou Adriana, que estava de branco e trazia um buquê de flores vermelhas para o momento em que passaria a se chamar Adriana Britto.
Sem reclamações sobre espera ou gastos, a noiva era só alegria: "Foi um processo rápido. Fizemos a inscrição em maio e, na semana passada, eles retornaram a ligação para a gente trazer os documentos. A facilidade foi que o casamento no cartório estava em torno de R$ 1.000 mil. Este é um direito que nós temos. e nem todo mundo sabe."
Além dos casamentos comunitários, o Tribunal de Justiça oficializa uniões homoafetivas em cerimônias coletivas em parceria com o programa Rio Sem Homofobia, da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos. As inscrições terminam amanhã (12), e a cerimônia, que tem expectativa de público recorde, está prevista para outubro.

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