Em pouco mais de dois
anos, ações do 9º BPM no Centro resultaram na apreensão de 3,5
mil aparelhos roubados ou furtados
Hygino Vasconcellos
Na Rua
dos Andradas e na Voluntários da Pátria, no Centro de Porto Alegr,
se concentram os dois principais pontos de venda de celulares
furtados ou roubados. A abordagem à vítima acontece normalmente
próximo desses locais, onde mais tarde vai ocorrer a venda dos
aparelhos. Com lugar certo para a comercialização dos celulares, a
Brigada Militar garante não dar sossego para os criminosos. Por dia
são apreendidos de 20 a 30 celulares em operações de rotina dos
PMs do 9º BPM, no Centro. A série de reportagens foi produzida pela
Rede Record RS em conjunto com o Correio do Povo.
Em
operações especiais, organizadas ao menos uma vez por semana, o
número de aparelhos recolhidos passa dos cem, diz a capitã Martha
Richter, comandante da 1ª Companha do 9º BPM. “Em uma tarde
chegamos a encontrar 112 celulares”, contabiliza a oficial.
O
tenente-coronel Francisco Vieira, comandante do 9º BPM, explica que
a grande circulação de pessoas nessa área da Capital acaba
atraindo os criminosos. Por dia, circulam 350 mil pessoas no Centro.
O oficial entende que os autores do crime se valem de quatro fatores
para levarem os aparelhos dos proprietários e colocá-los à venda.
São eles: a vontade de cometer o crime, a oportunidade (criada pela
vítima desatenta), garantia de venda e impunidade do sistema, que
não mantém o ladrão por muito tempo preso.
Há
também um outro fator, na outra ponta do esquema, com aquele que
adquire o produto roubado. “Muita gente não se dá conta que
comprar um aparelho roubado acaba impulsionando este tipo de crime.
Muitos até sabem, mas querem adquirir um produto novo, com preço
baixo”, analisa Martha Richter.
Para
tentar conter a prática, o 9º BPM intensificou as abordagens e
firmou uma parceria com a 2ª DP, que passou a receber os aparelhos
apreendidos. Em mais de 2 anos, foram recuperados pelo batalhão 3,5
mil celulares roubados ou furtados. Somente no ano passado, foram
mais de 2 mil aparelhos.
Registro
de ocorrência é necessário
O
escrivão Paulo Nunes, da 2ª DP da Capital, explica que são feitas
três tentativas de contato com o dono do celular roubado.
Normalmente, passam dois meses da primeira até a última. “Quase
sempre consigo na primeira vez.” Caso o proprietário não seja
encontrado, o aparelho vai para o depósito. Mas antes disso, os
agentes lançam mão de uma série de recursos para localizarem a
vítima. Desde redes sociais, contato por WhatsApp, por telefone ou
a´te por intimação judicial.
A busca
incessante não se limita apenas ao lesado. Quem está na posse de um
aparelho de “segunda mão” também cai na “mira” dos
policiais. Nesse caso, para que os agentes possam atuar é necessário
que a vítima faça o registro da ocorrência, reforça o delegado
Cesar Carrion. Sem comunicado, localizar o aparelho se torna muito
mais complicado. Foi o caso da francesa, que não procurou a Polícia.
Assim, encontrar o aparelho da turista só ocorreria caso o celular
fosse apreendido em uma abordagem policial. Com tanto tempo passado
após o roubo, a recuperação do celular da turista europeia é
considerada uma situação inusitada.
O
delegado disse que as buscas pelos donos dos celulares começam pela
quebra dos dados cadastrais do proprietário através das empresas de
telefonia. A Polícia também pode usar as informações enviadas por
aplicativos do telefone. Isto serve para os celulares apreendidos e
para aqueles que ainda não foram localizados. Nunes reforça que
aplicativos de localização não garantem que o celular ou tablet
sejam encontrados. O próprio criminoso pode formatar o telefone. Com
isto, todos os dados e aplicativos do aparelho serão apagados. O
policial indica a instalação de programas como o Cerberus ou Gotya,
que ficam armazenados no sistema operacional, sem risco de serem
excluídos.
Fonte:
Correio do Povo, página 17 de 23 de junho de 2015.
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