sábado, 11 de julho de 2015

Bastidores contradizem falas, por Taline Oppitz

As manifestações públicas de lideranças do PT e de aliados como o vice-presidente Michel Temer, sustentando que o governo está tranquilo e que não há crise política no país não convencem nem eles próprios. A reação veio menos de 24 horas depois da convenção nacional do PSDB, que reelegeu Aécio Neves para novo mandato no comando do partido e que foi palco para discursos inflamados de lideranças tucanas sobre um fim a curto prazo do mandato da presidente Dilma Rousseff e o retorno do PSDB ao poder. Apesar da tentativa de minimizar a crise feita por integrantes do governo e aliados, são generalizadas as dúvidas – entre situação e oposição – sobre a possibilidade de evolução do cenário para um processo de impeachment e ou desfecho desfavorável em instâncias, como Tribunal de Contas da União e no Tribunal superior Eleitoral. Paralelamente, há a constatação unânime, nos bastidores, de que nunca um governo enfrentou crise com tamanhas dimensões, que se estende simultaneamente, aos terrenos político, administrativo e econômico. Não bastasse este cenário, e ainda como resultado dele, Dilma amarga aprovação inferior a dois dígitos e nunca manteve relação satisfatória com o Congresso Nacional.

Expectativa

É grande a expectativa me Brasília em relação ao parecer do ministro do Tribunal de Contas da União, João Augusto Nardes, relator da prestação de contas do governo relativas a 2014, e a polêmica em função das “pedaladas fiscais”. Os rumores dão conta de que Nardes manterá sua posição inicial pela rejeição e deve se manifestar, oficialmente em cerca de 60 dias.

PT gaúcho quer apoio

O presidente do PT gaúcho, Ary Vanazzi, participa hoje em Brasília de reunião da bancada federal do partido. Vanazzi busca apoio à Carta de Porto Alegre, texto aprovado pelo diretório estadual exigindo a revisão da política econômica adotada pelo Planalto e adesão à defesa de realização de um encontro nacional extraordinário para revisar resoluções aprovadas no 5º Congresso, que frustraram alas mais críticas do partido.

ECA faz 25 anos

em meio à tramitação da PEC de redução da maioridade penal, aprovada em primeiro turno na última semana após manobra regimental do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, será realizada hoje na Casa sessão solene em comemoração aos 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A sessão solicitada pelo deputado federal gaúcho Nelson Marchezan Júnior, do PSDB terá início às 10h.

Um peso, duas medidas

Cada vez mais lideranças políticas, principalmente nas redes sociais, tem deixado de lado o bom senso e a capacidade de autocrítica. Ontem, chamou a atenção a manifestação do deputado federal Paulo Pimenta, do PT. Pimenta em seu perfil no Twitter: “O tucano Eduardo Azeredo, pais do mensalão tucano – mineiro, foi tratado como convidado de honra na convenção do PSDB. Réu bajulado pela imprensa”. Quando dirigentes e líderes petistas não apenas ovacionaram em encontros nacionais, mas também fizeram defesa incisiva de figuras como José Dirceu e João Vaccari Neto, o parlamentar não demonstrou a mesma indignação.

Chances remotas

Apesar da estratégia da bancada do PT, de tentar emplacar em plenário alterações no projeto da LDO, as chances de êxito são remotas. Salvo no caso de dissidências entre aliados, que na Comissão de Finanças, onde o quórum é reduzido, resistiram às pressões. Em tempo: pelo andar da carruagem, o Executivo terá de administrar cada vez mais a reboque de liminares judiciais.

Apartes

Os secretários da Segurança, Wantuir Jacini, e da Agricultura, Ernani Polo, se reuniram para discutir o planejamento do policiamento rural da fronteira para combater o abigeato e outros crimes. Segundo Jacini, a ação contempla todos os municípios de fronteira, de Barra do Guarita ao Chuí, divididos em 12 áreas. O trabalho será realizado por meio de força-tarefa com diversos setores.


Fonte: Correio do Povo, página 3 de 7 de julho de 2015.

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