Um dos
grandes vilões dos baixos índices de leitura no Brasil é a
escassez de bibliotecas, principalmente devido aos altos preços dos
livros, pois adquiri-los em uma livraria é muito caro, tornado-os
supérfluos. A partir deste semestre, a Câmara Brasileira do Livro
(CBL) promete desenvolver, com o apoio do governo federal, campanhas
de estímulo à leitura. Além da falta de bibliotecas e do alto
custo como uma das causas falta de acesso à escola também é
considerada como uma das causas para pouca leitura, sem contar com a
leniência do próprio governo federal. Onze milhões de livros de
poesia, literatura e não-ficção, adquiridos pelo Ministério da
Educação em fevereiro, para serem distribuídos pelas escolas
públicas, professores e prefeituras, por exemplo, permaneceram
estocados até julho à espera de distribuição.
Em 2001,
a CBL realizou a pesquisa “Retrato da leitura no Brasil”, com a
amostragem de um universo de 86 milhões de pessoas, incluindo os
brasileiros com 14 anos ou mais, que tiveram pelo menos três anos de
escolaridade. As perguntas foram formuladas em 46 cidades, e
entrevistadas 5.980 pessoas. O levantamento apurou que 61% dos
brasileiros adultos alfabetizados têm pouco ou nenhum contato com os
livros e que, entre os 17 milhões de pessoas que declararam que não
gostam de ler livros, 11,5 milhões têm até oito anos de instrução.
Especialistas
admitem que o país deve ter pelo menos uma biblioteca em cada
município. Estudos do Ministério da Educação indicam que há pelo
menos 1,3 mil municípios sem uma biblioteca pública. Não bastaria
apenas construir, mas evidentemente somar a isso um planejamento
voltado para a educação, a formação do hábito da leitura e a
oferta de livros baratos, sejam clássicos, sejam modernos. A
pesquisa apontou que mais da metade dos compradores de livros, 58%,
estão concentrados em seis estados das regiões Sul e Sudeste. E,
entre as cidades com maior número de leitores, estão os grandes
centros urbanos, como Porto Alegre, São Paulo, Rio, Brasília,
Salvador e Manaus.
O baixo
índice de leitura reflete-se diretamente na queda do nível
educacional. Um dos números alarmantes divulgados por técnicos em
educação diz respeito à capacidade de compreensão de leitura:
apenas 26% da população alfabetizada é capaz de entender um texto
simples, sem metáforas ou construções sintáticas mais complexas.
Fonte:
Correio do Povo, editorial da edição de 8 de agosto de 2004, página
4.
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