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domingo, 5 de julho de 2015

A Revolução Francesa de 1789 – Parte III

A Ditadura Jacobina e o Termidor

Radicalização e terror

No dia 21 de setembro de 1792 a Convenção Nacional aboliu a realeza e instaurou a república a república revolucionária. Luís XVI perdia o título de majestade e passava a se chamar Luís Capeto, ou cidadão Capeto. Submetido ao julgamento, foi condenado à guilhotina e supliciado no dia 21 de janeiro de 1793.
O tratamento cerimonioso, como o de monsieur ou madame ficava dispensado. Proclamou-se a república. Doravante, os franceses teriam direitos iguais, tratando-se todos como citoyen, cidadãos. Até aos bens nascidos era recomendado que não ostentassem vestígios de posição social, sendo de bom tom andar pelas ruas com algum emblema qualquer com as cores da revolução, o azul, o branco e o vermelho.

O significado da morte dos reis

Desaparecida a monarquia, a Convenção Nacional, um corpo imenso com mais de 700 parlamentares, passou a governar por comitês. Os mais importantes eram os da Salvação Pública e da Segurança Geral, com poderes políticos e policiais. Dez meses depois da execução do rei, com grande presença da multidão, em outubro de 1793, guilhotinaram a odiada rainha Maria Antonieta. As mortes das duas cabeças coroadas selaram em definitivo qualquer possibilidade do novo regime vir a conciliar com o passado ou com os demais monarcas europeus, horrorizados com o que aconteceram com os Bourbons. Sem poder voltar atrás, os revolucionários só poderiam seguir a diante. Para onde? Ninguém de boa fé poderia saber.
Ao mesmo tempo, a Convenção encaminhava um novo projeto para substituir a Constituição monárquica de 1791, que desaparecera junto com a cabeça de Luís XVI no cesto colocado logo abaixo da lâmina ensanguentada da guilhotina. Uma comissão se encarregou de redigir a nova Carta republicana, aprontada em 24 de junho de 1793.

As festas cívicas

A revolução de 1789, em larga parte inspirada pelas concepção de Jean-Jacques Rousseau, adepto da instituição da religião cívica para formar o espírito solidário do cidadão com a coletividade republicana, esmerou-se em proporcionar desfiles patrióticos em homenagem à federação e à celebração dos mártires da causa popular. Além disso, criaram-se faixas tricolores com as cores da revolução, o azul, branco e vermelho, que tornaram-se as componentes da bandeira francesa, e incontáveis hinos exaltando a coragem do povo em enfrentar os constantes desafios.
Os regimentos que se deslocavam para as frentes de batalha eram despedidos por fanfarras e por chuvas de flores e beijos das jovens republicanas que assim estimulavam a valentia dos bravos revolucionários que partiam em defesa da França. Impressionantes eram ainda os cortejos fúnebres, onde os corpos dos caídos eram sepultados com enorme acompanhamento, tendo ao fundo o toque surdo dos tambores em luto. Merecem igual registro o translado dos restos mortais de Voltaire e depois de Rousseau para o Panteão, prédio adaptado pela revolução para acolher os que inspiraram os ideais de 1789, e demais mártires da causa. Tudo isso excitava a fantasia revolucionária e produzia a sinergia necessária, na qual a vontade geral se fundia num só corpo, o país, a nação francesa.

A Festa do Ser Supremo

razão, filha da Natureza
E mãe da Verdade,
Com os raios de claridade pura
Circunda a Liberdade
E que sua companheira fiel,
A igualdade, conserve junto dela
A felicidade e as virtudes.”

Cidadão Holier – Ode à Razão

O mais sensacional dos desfiles cívicos, porém, foi o da consagração ao L'Être Suprême, a Festa do Ser Supremo, mandada organizar por Robespierre para combater as procissões religiosas durante a campanha da descristianização. No centro da espetacular parada, toda ela concebida por Jacques-Louis David, o cenógrafo da revolução, um carro conduzia uma bela atriz simbolizando a deusa da razão. Cerimônia nitidamente pagã, viram-na como o gesto de ruptura definitiva da Revolução de 1789, com o catolicismo e a religião em geral, e o ato inaugural, no terreno simbólico, do surgimento do moderno Estado secular. Napoleão, bem mais tarde, reviu a política da França para com a Igreja Católica, selando uma paz com o papado por meio de um concordata, assinada em 1807.


Fonte: História, Voltaire Schilling

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