terça-feira, 30 de junho de 2015

UM CLUBE REVOLUCIONÁRIO

Ernesto Caruso 

Dia 26 de junho. Nasceu sob a égide do inconformismo, preocupados os seus fundadores com os destinos dos homens, da Pátria e das relações soldado-cidadão, cidadão-soldado a tal ponto que contribuiu para a mudança radical na estrutura do Estado com o nascimento da Repúbica.
República mal consolidada, passados tantos anos, e, hoje usada como expressão corriqueira de políticos em argumentos falaciosos em nome da própria sobrevivência ainda que na enlameada e fétida visceral corrupção.
O espírito humanitário do Tenente-coronel Sena Madureira o levou a apoiar as teses abolicionistas colocando-as acima de quaisquer outras considerações. Interesse maior indiscutível, mas que não brota das mentes dos acomodados. Claro, gerou uma crise. Afinal, muitos e muitos concebiam e aceitavam: nasceu escravo, tem que ser escravo, açoitado, pelourinho, grilhões, vendidos e apartados; o chefe mandou; absurdo ou não, cumpra-se. Prenda-se o coronel, que seja transferido.
Lá na Escola Militar do Rio Pardo não foi punido pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Governador da Província do Rio Grande do Sul e Comandante das Armas. Distante na Corte, oficiais do Exército, sob a liderança do Tenente-coronel Benjamin Constant e da Armada, com o Almirante Silveira da Motta, se reuniram hipotecando solidariedade aos seus camaradas, em clima tenso de pré-rebelião. Não mais nas funções ao retornaram à Corte, sendo aclamados pelos cadetes da Escola Militar.
Assim, se consolidava uma identidade, forte, decidida, combativa, reativa a tantos anos de descura com as Forças Armadas no pós-guerra do Paraguai 1864/70, culminando com a fundação do Clube Militar, 1887; fusão dos ideais republicanos, a partir dos fundamentos alimentados pelo senhor das ciências e mestre militar Benjamim Constant. Gente da caserna ativa, preocupada com tudo em seu entorno que arrostara e desafiara quem os desdenhava; fizeram a guerra, lutaram pela paz, mas não admitiram a subserviência e recusaram a perseguir, como exposto em carta do Marechal Deodoro, presidente do Clube à Princesa Isabel, solicitando dispensa do Exército da missão de capitão-do-mato.
Sena Madureira, em carta afiançava: "Estou encarregado de, com o Gen. Deodoro e o Dr. Benjamin Constant, organizar os Estatutos dos Centros ou Clubes Militares que desejamos fundar aqui e em todas as guarnições importantes, no intuito de unir a classe para a defesa de nossos interesses e sustentar futuras lutas".
Embora já existisse o Clube Naval, se criava um Clube Militar, apropriadamente abrangente para oficiais da Marinha e do Exército, forças da época, composto de nomes dignos e de valor extremado das duas Instituições.
A seguir, caiu a monarquia, 1889.
Ora, se o destemor de um Sena Madureira, quiçá considerado um insano e inoportuno, por uns e outros, fez com que o seu clamor tenha sido considerado justo ao patentear a lição de reagir sempre às ações para desacreditar as Forças Armadas, como parte do planejamento de desmonte do Estado.
O discurso deve ser diplomático quando apela para a solução política, pacificação, conciliação, mas não de lamento; ser altivo e de valor acima do acinte, quando prevalecer a arrogância, o revanchismo, a alertar a nação brasileira quanto à guinada para a esquerda de vários países da América latina, capitaneados pelo bolivarianismo chavista da Venezuela, aliado à tirania cubana dos irmãos Castro.
Não deu certo no passado pelo uso da força, pois foram sufocados todos os movimentos com exceção da Colômbia, onde estão as FARC, mostrando ao mundo o que queriam os nossos terroristas indenizados. Burrice que desagrega e alimenta uma dicotomia de esquerda e direita prejudicial ao desenvolvimento desta Nação. Esperteza de quem a mantém para ficar na cúpula a fim de roubar e usufruir. Estratégia de estranhos que não a querem ver crescer.
O Poder Militar não pode ser omisso, como historicamente nunca foi, diante da insatisfação, do medo, da insegurança, da ameaça externa, da gravidade interna, da mobilização, instrução e adestramento de forças ditas populares, como hoje se nos deparam.
O poder e o dever de defender a Pátria estão acima de quaisquer outros poderes escusos, infiltrados, escuros, corrompidos, dominados ou obtusos.


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