A primeira coisa que chamou atenção de Ivan Martynuchkin foi o silêncio, o cheiro de cinzas e o imenso campo de vários quilômetros. Mas até o último momento antes de entrar, este dado soviético não podia imaginar o horror que encontraria em Auschwitz. “No começo pensei que estávamos diante de um campo alemão”, lembra o veterano Exército Vermelho, lúcido, apesar de seus 91 anos.
Martynuchkin comandou uma unidade de 60º Exército Soviético e recebeu a ordem de entrar no que mais tarde se tornaria o símbolo do Holocausto perpetrado pelos nazistas. “Ninguém sabia na época. Nem os soldados, nem os oficiais”, relata. Ivan tinha 21 anos e há dois anos lutava no front. O dia 27 de janeiro de 1945 seria como outro qualquer. Uma vez em Auschwitz, receberam a ordem de verificar os arredores e vasculhar todas as casas para detectar qualquer foco de resistência nazista. “Então nós começamos a ver pessoas atrás do arame farpado. Era algo muito difícil de se ver. Eu me lembro de seus rostos, especialmente olhos, que revelavam o que tinham experimentado, mas que também percebiam que estávamos lá para libertá-los”, diz ele.
Quando os soldados chegaram ao campo, restavam apenas 7 mil prisioneiros, os mais fracos. Os outros haviam sido levados para Loslau (hoje Wodzislaw Slaski, na Polônia), na “marcha da morte”, que permanecerá na memória dos que conseguiram sobreviver como um horror pior que o vivido no campo.
Fonte: Correio do Povo, página 8 de 21 de junho de 2015.
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