Populismo
pode ser definido como a política fundada na cooptação (ou
aliciamento) das classes sociais de menor poder aquisitivo. Segundo
Norberto Bobbio, são populistas as fórmulas políticas cuja fonte
principal de inspiração e termo constante de referência é o povo,
considerado como agregado social homogêneo e exclusivo de valores
positivos, específicos e permanentes.
O
populismo costuma basear-se na dicotomia “povo” e “não povo”.
Todos os atores tidos como adversários do “povo” constituem o
“não povo”. Incluem-se as elites cosmopolitas ( o populismo é
sempre nacionalista) ou imperialistas as oligarquias, consideradas
entreguistas, e até os movimentos populares com ideologias estranhas
à tradição autóctone. Esta perspectiva maniqueísta gera nos
movimentos populistas a tendência para hostilizar e expulsar tudo
aquilo que não considera “povo”, visto como elemento parasitário
e corruptor. Neste pressuposto de inclusão e exclusão o movimento
populista assume caráter messiânico e abriga fervorosamente líderes
carismáticos.
O
populismo não costuma ter como estratégia a luta de classes. Não
se podem considerar populistas os regimes inspirados no socialismo
científico. Há sistemas políticos tidos como socialistas que
adotaram feições populistas ao se afastarem de sua linha teórica e
assimilaram práticas populistas, recuperando sonhos nacionalistas,
especialmente quando se viram ameaçados com a ossificação dos
pressupostos marxistas. O igualitarismo populista se assemelha mais
ao igualitarismo fascista do que ao igualitarismo liberal
democrático, pois este é pluralista e não faz distinção entre
“povo” e “não povo”. No populismo também está sempre
presente um chefe carismático. Não são muitas as diferenças entre
populismo e fascismo. O populismo pode incluir todos os fascismos,
com a ressalva de que não exclui movimentos democráticos. Servir ao
povo não é o mesmo que servir-se dele. Corrupção nunca foi
solidariedade. É sem-vergonhice mesmo. Povo não é quadrilha!
Roubar pelo povo é roubar do povo.
Professor
de Direito
Fonte:
Correio do Povo, da edição de 4 de junho de 2015, página 2.
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